Nota 3,0 Premissa razoável é desperdiçada em longa cheio de citações preconceituosas implícitas

Rock
aproveita os momentos de escapadinha de seu personagem para colocar em cena
seus dotes humorísticos tão conhecidos, mas aqui ele experimenta uma criação
diferente, um tipo que embora esteja em meio a situações constrangedoras ou
divertidas vez ou outra, na realidade está passando por um dilema. Além de
exercitar seu lado dramático, o ator também assumiu as funções de produtor,
diretor e roteirista, este último crédito dividido com Louis C. K. que também
escreveu uma versão modernizada de O Céu
Pode Esperar para Rock estrelar. Nesta nova parceria, o material inspirador
foi o roteiro de Eric Rohmer utilizado em Amor à Tarde, longa datado de
1972, mas essa atualização para o universo negro e contemporâneo, embora traga algumas
novidades, ainda carrega resquícios de características que só reforçam estereótipos
do cinema americano. Cooper conversa de forma agradável, tem bom vocabulário,
está sempre bem vestido e cercado de brancos no ambiente em que trabalha, uma
realidade diferente da qual os negros são retratados, geralmente segregados,
com um repertório baseado em gírias e vestidos de maneira extravagante ou de
forma peculiar. Por outro lado, é casado com uma negra, seu alvo de desejo
também é de cor, na sua roda de amigos no restaurante os desbotados parecem não
ter lugar e até nas conversas os representantes de sua etnia estão no olho do
furacão, sobrando até para o finado e “ex-negro” Michael Jackson (na época
ainda vivo) uns comentários preconceituosos, além de deixarem latente que eles
próprios não querem contato com os caucasianos. Coisas do tipo só servem para
reforçar preconceitos arcaicos e que não mostram fielmente a realidade
americana, visto que lá assim como em praticamente todo o mundo a união entre
as raças é comum e hoje já não representam praticamente tabu algum. Se seguisse
essa linha de avaliar a real situação do negro hoje em dia, dando atenção ao
fato de que eles próprios podem se excluir da sociedade levando adiante
pensamentos obsoletos, Acho Que Amo Minha Mulher poderia
render um bom trabalho, mas o compromisso com o rótulo comédia fez com que a
trama abandonasse bons ganchos para investir em um dilema amoroso enfadonho que
culmina em uma conclusão musical desproposita que acaba sendo o calcanhar de
Aquiles de todo o filme.
Comédia romântica - 94 min - 2007
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