domingo, 10 de janeiro de 2021

MINHA MÃE É UMA VIAGEM


Nota 5 Mãe quase enlouquece o filho em uma viagem, mas que pouco divertida aos espectadores


Barbra Streisand canta, interpreta e até produz e dirige filmes, mas tornou-se uma figura bissexta, tanto na música quanto no cinema. Vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Funny Girl - A Garota Genial e de Melhor Canção pelo filme Nasce uma Estrela, a refilmagem de 1976, a artista é uma figura icônica da cultura pop tanto quanto Madonna ou Cher, por exemplo, mas parece que chegou em um momento de sua carreira que lhe caiu a ficha de que não tinha mais nada a provar quanto a seu talento. Quando todos já davam como certa sua aposentadoria das telonas ela voltou cheia de energia na comédia Entrando Numa Fria Maior Ainda e em sua continuação interpretando a mãe superprotetora e sem papas na língua de Ben Stiller, mostrando que estava mais interessada em se divertir trabalhando do que encarar desafios cinematográficos. Ela talvez tenha gostado tanto da brincadeira que aceitou encarnar papel semelhante em Minha Mãe é Uma Viagem, mas desta vez exagerando na dose de estereótipo. 

Streisand interpreta Joyce, uma viúva que com bastante tempo ocioso decide acompanhar seu filho Andy Brewster (Seth Rogen) em uma viagem de negócios cruzando todo o território dos EUA. Ele acaba de criar um revolucionário produto de limpeza e precisa divulgá-lo e encontrar algum parceiro empresarial para investir em sua produção em grande escala, contudo, a mamãe o acompanha em todos os compromissos de trabalho e acaba de certa forma colocando-se à frente nas situações como uma espécie de porta-voz, mas com seu jeito naturalmente extrovertido e sincero Joyce obviamente atrapalha as negociações sem querer querendo. Além desses contratempos, Brewster ainda tem que lidar pacientemente com as intromissões desta mulher em sua vida pessoal, porém, apesar das rusgas, aproveitando que estão com o pé na estrada em determinado momento eles se unem para tentar descobrir o paradeiro do pai do rapaz que abandonou Joyce grávida. 


A diretora Anne Fletcher, dos superiores A Proposta e Vestida Para Casar, tenta fazer graça e comover reciclando a velha fórmula dos tipos antagônicos obrigados a conviver e que por fim chegam a um entendimento. A figura da matriarca que peca pelo excesso de zelo e que inocente e não raramente faz seus filhos pagarem micos homéricos é um tema bastante recorrente no cinema e não seria exagero dizer que Joyce é a versão ianque da nossa Hermínia, a protagonista da franquia de sucesso Minha Mãe é Uma Peça. Ambas mimam demais suas crias ao mesmo tempo que querem passar para elas ensinamentos básicos de educação e sobrevivência, mas quase sempre erram tentando fazer o bem. Assim como o comediante Paulo Gustavo inspirou-se no jeito de ser e em situações que vivenciou com sua mãe para criar a sua icônica personagem, o roteirista Dan Fogelman também baseou-se em experiências pessoais para escrever este road movie que, ao contrário da maioria da seara, não tem a menor pinta de produção independente. 

É fácil para o espectador se identificar com certas situações, como uma reunião de negócios que perde o enfoque por conta de uma traquitana para apoiar bolsas em locais públicos ou quando Joyce se propõe a comer um batalhão de comida num concurso para ganhar uma simples camiseta. Que atire a primeira pedra quem nunca viu sua mãe fazer alguma bobagem para ganhar algum brinde ou desconto ou exaltar algum acessório que julga necessário para facilitar o seu dia-a-dia. Ver situações como essas expostas em um filme nos faz compreender que elas são corriqueiras e por mais constrangedoras que possam parecer no momentos são elas que fazem a vida valer a pena. Streisand encarna a personagem com total desenvoltura e não deixa vestígios do glamour que seu nome por si só carrega. Ela está em cena como uma mulher comum, de bem com a vida e que só quer ajudar o filho a vencer profissionalmente e porque não dizer até amorosamente, contudo, seu entusiasmo a cega a ponto de não perceber que está assumindo as rédeas da vida do pimpolho. 


Rogen, por sua vez, deixa de lado seu característico humor escrachado, por vezes escatológico, e assume um tom mais contido para compor o perfil levemente introvertido de um homem que cresceu sob a barra das saias da mãe e sem uma figura masculina em casa como referência, mas que agora luta por sua independência. É apoiando-se no carisma de seus protagonistas que Minha Mãe é Uma Viagem se sustenta e embora fique devendo em termos de humor, felizmente somos poupados de piadas de cunho sexual e constrangedoras ao extremo, mas não fugimos das lições de moral de respeito à mãe e da persistência para realizar seus objetivos.

Comédia - 95 min - 2012

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