Nota 6,0 Nada é o que parece neste thriller de ação, mas que promete mais do que realmente cumpre

Preocupados em armar uma cama de gato capaz de prender a atenção do início ao fim, mas tendo que lidar com duas figuras hipnóticas e capazes de suplantar a narrativa, os roteiristas acabaram esquecendo de desenvolver personagens secundários e interessantes como Aaron Thibideaux (Ving Rhames), que acabou ficando com pouco tempo de tela e cujas ações obviamente também podem ou não ser o que aparentam. Mesmo não acrescentando nada à seara dos filmes sobre roubos praticados por ladrões de estirpe, como o clássico Crown - O Magnífico refilmado praticamente na mesma época sob o título Thomas Crown - A Arte do Crime , como distração genuína e de qualidade Armadilha funciona oferecendo ao menos três grandes momentos: o citado roubo do quadro na introdução; a tal sequência no museu protegido por laser; e, ainda, a cena passada em um banco cujo cenário certamente pôde fazer Connery relembrar seus tempos como agente 007. Embora divertido e envolvente, falta ousadia ao longa assinado pelo cineasta Jon Amiel, de Copycat e várias outras produções nas quais oferecia boas cenas de ação. Aqui ele parece trabalhar com o freio de mão puxado ou talvez estivesse encabulado de ter que dar ordens à Connery, uma lendária figura do cinema e cujo prestígio foi capaz de descredenciar o primeiro diretor, Antoine Fuqua, por divergências de ideias quanto a condução do filme. Se falta adrenalina, o público masculino, costumeiro alvo das fitas do gênero, não tem do que reclamar já que não bastasse a beleza facial de Zeta-Jones, seu corpo curvilíneo e elástico também é fotografado com esmero pela câmera de Amiel, mas sem vulgaridades. Por outro lado, para a plateia feminina, tem todo o charme e elegância de Connery na pele do anti-herói que seria seu último papel relevante antes da aposentadoria anunciada alguns anos depois. Teoricamente, repulsa deveria ser o sentimento despertado pelo personagem, mas é quase impossível detestar um gentleman desses. Contudo, como diz o ditado, beleza não se põe na mesa e no caso não compensa totalmente a irregularidade da narrativa que arma um roubo espetacular em sua primeira metade, mas desanda para um manjado e dispersivo jogo de gato-e-rato no último ato.
Suspense - 112 min - 1999
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