Nota 4,0 Bonitinho e esquecível, longa poderia render se investisse na crítica aos reality shows
Lançado em uma época em que
qualquer bobagem tinha fôlego para gerar algum tipo de reality show, Jogo
do Amor estava em sintonia com seu tempo, mas seu destino acabou sendo
as prateleiras de locadoras e lojas de varejo e ainda de forma discretíssima.
Nada mais justo para uma produção esquecível, preguiçosa e cujo objetivo
principal aparentemente era fazer com que o ator Jason Priestley caísse no
gosto popular. Famoso em meados da década de 1990 pela série de TV “Barrados no
Baile”, o rapaz tentou cativar seu lugar no mundo do cinema, mas poucos
projetos surgiram e o estereótipo de príncipe encantado das adolescentes
continuou o perseguindo e consequentemente limitando sua carreira. Buscando se
manter em evidência, o roteiro escrito por Chad Hodge parece fazer
implicitamente uma sutil brincadeira com a situação do próprio ator. Priestley
interpreta Ryan Banks, um jovem astro cujo comportamento rebelde está causando
prejuízos à sua carreira que, diga-se de passagem, começou por acaso. Sempre
atrás de baladas e garotas na companhia de seu inseparável amigo Todd Doherly
(Bradley Cooper), certa noite o rapaz conhece uma produtora de elenco e afirmar
ser ator era uma das maneiras que Banks tinha para conquistar mulheres. A
brincadeira tornou-se séria e ele realmente se tornou um astro de sucesso e
firmou parceria com Doherly para assessorar sua carreira, todavia, a fama repentina
não durou muito e em menos de um ano seu prestígio caiu assustadoramente, mas
seu fiel amigo está disposto a reverter a situação e ganha três meses do
escritório que representa para concretizar uma guinada na carreira de seu
cliente.
Produtores estão discutindo
projetos absurdos para um novo reality show e Doherly tem a ideia de lançar um
programa no qual Banks seria disputado por quinze garotas e a vencedora seria a
escolhida para ser sua noiva. Além de acompanhar a rotina e as provas às quais
as jovens seriam submetidas durante o confinamento, haveria a chance de mostrar
ao público uma nova imagem do astro e tentar abafar as lembranças de qualquer
episódio negativo que tenha manchado sua reputação. Charlie Morton (Emma
Caulfield), uma moça simples, bonita e pacata, teve um vídeo gravado e enviado
às escondidas pela irmã para a produção do programa e ao ver o material de
seleção realmente Banks se apaixona à primeira vista por ela, mas para manter a
atração no ar teria que usar todo seu talento para interpretar situações de
alegrias, surpresas, dúvidas e tristezas, assim eliminando as candidatas uma a
uma até que sobrasse apenas a sua carta marcada no jogo. O problema é que no
meio do caminho a jovem e o empresário do ator se apaixonam e o show de realidade
se transforma em pura manipulação tanto por parte do casal, querendo expor a
garota como uma chata, quanto pela equipe de produção que cumprindo ordens de
Banks leva ao ar apenas os bons momentos do astro com a pretendente
transformando-a na queridinha do público. Com direção de Sheldon Larry, que
assina uma pá de filmes açucarados que devem ter passado em brancas nuvens e
inúmeras vezes na televisão, Jogo do Amor é mais um de seus
trabalhos despretensiosos, porém, minimamente acima da média que outras
comédias românticas. Apesar do pouco expressivo trio central (quem diria que
Cooper se tornaria um bom ator?), a historinha diverte, mas poderia ir além se
carregasse mais nas críticas aos pretenciosos shows de realidade, abordando
desde a manipulação dos bastidores até o surgimento ou recuperação da imagem de
subcelebridades. Quanto a Priestley... Bem, não foi dessa vez que sua carreira
decolou. Será que um dia ele chega lá?
Comédia romântica - 95 min - 2004
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