Nota 5 Apesar da boa premissa, longa é superficial no trato das emoções das personagens
É justo condenar um filme simplesmente por ele ser previsível e/ou simplório mesmo quando ele alcança seus objetivos? Pois é, Rapto de Sangue é uma produção feita para a TV que nos faz pensar um pouco sobre essa questão. É fato que muitos nunca ouviram falar dele, foi lançado no Brasil por uma distribuidora pequena e não tem a seu favor nomes conhecidos no elenco, todavia, é um trabalho correto do diretor Brian Trenchard-Smith que seguiu a risca a estética e estilo narrativo típicos de telefilmes para contar uma história policial com toques dramáticos. A história criada pelo roteirista Richard Blade tem início 14 anos antes da época da ação principal. A jovem Kristen (Gabrielle Anwar) está recém-separada de Quinn (Craig Sheffer), mas eles ainda precisam manter uma convivência pacífica por conta do filho pequeno, mas sempre que se encontram discutem. Certo dia ele decide ir dar um passeio de barco com o filho e a ex-mulher permite, mas com ressalvas por conta de uma tempestade que está para passar pela região litorânea.
Coração de mãe não se engana e no dia seguinte ela recebe a informação que a embarcação de Quinn emitiu um pedido de socorro para a administração do porto no início da noite e depois não fez mais contato. Os dias passam e junto se esvai as esperanças de Kristen rever seu filho. Muitos anos depois, assistindo a um vídeo caseiro das férias no litoral de um casal de amigos, ela reconhece Quinn e junto dele um adolescente que jura ser seu filho. Agora ela está disposta a viajar e tentar reatar os laços com Mark (Chace Crawford) que ganha alguns trocados levando turistas para passearem de barco ou mergulharem. Já que se trata de um telefilme já sabemos de antemão que o final feliz está garantido. A atração da fita seria ver os percalços da protagonista para atingir seus objetivos e é aí que as coisas desandam. Embora percebemos boas intenções, tudo é apresentado de forma muito superficial, sem as emoções necessárias e que a premissa permitiria. Orçamento curto e falta de empenho de seus realizadores implicam direto nesse resultado fraco, o que também justifica sua curta duração. Contudo, ao que tudo indica, o projeto já nasceu com pretensões de ser apenas um passatempo rápido.
Quando chega ao aeroporto Kristen descobre que está sem seu passaporte, mas num passe de mágica é liberada para viajar sob algumas condições, como ter um tempo máximo de permanência nas praias de Santa Alicia, local onde o ex-marido e o filho, agora conhecidos respectivamente como Capitão John e Matthew, parecem ser muito respeitados por ajudarem a atrair turistas. Quando finalmente consegue entrar em contato com o adolescente seu prazo para ficar por lá está estourando o que a faz confessar para a policia os reais motivos de sua viagem, mas sem provas a respeito do sequestro eles não podem caçar Quinn como criminoso. De qualquer forma, é a própria Kristen quem deve esclarecer os fatos para o filho de quem se aproxima não revelando sua real identidade de imediato. Mesmo conseguindo a amizade do adolescente rapidamente ela sente dificuldades para abrir o jogo e conforme retarda a revelação dá tempo da informação de que ela está atrás do garoto chegar aos ouvidos do pai que não pensa duas vezes antes de sumir com Matthew, prática que eles já tem há anos, sempre morando de temporadas por diversos lugares.
A história não é de todo ruim, tem bons ganchos, mas o problema é que não emociona o espectador e tem alguns problemas que irritam. A parte principal que seria compartilhar o drama de uma mãe desesperada é inexistente, é tudo muito rápido e Anwar não consegue expressar o peso da dor. Quando se encontra com o filho, ele se lembra fielmente de um ensinamento da mãe, porém, não consegue reconhecê-la na figura da turista que contrata seus serviços, ainda que ela não tenha mudado nada fisicamente, pelo contrário, está tão em forma que parece uma paquera do garoto. Por fim, quando Quinn retorna para evitar que venha a tona a história do sequestro não sentimos tensão nos diálogos, apenas compactuamos com os personagens que as vezes é melhor esquecer o senso de justiça e ceder um pouquinho cada um, mesmo que sempre alguém saia razoavelmente prejudicado. Assim justifica-se o título Rapto de Sangue. O casal pode não se entender, mas o filho é fruto do sangue dos dois e vale tudo para preservar sua felicidade.
Se em termos narrativos e de força nas interpretações o filme deixa muito a desejar, ao menos vale um elogio ao diretor pelo esmero em capturar imagens paradisíacas do litoral onde a maior parte da ação acontece. Todavia, a beleza plástica se esvai quando nos deparamos com cortes bruscos de edição, ritmo desequilibrado e atuações canastronas ou robotizadas. Também incomoda o erro na escalação de Anwar pela já citada boa forma e beleza da moça que não revelam o menor sinal de uma mulher que sofreu por mais de uma década. Em suma, eis uma opção de entretenimento ligeiro e esquecível. Não exija mais que isso. Se na época de seu lançamento em homevideo era visto como uma opção alternativa quando não se achava nada de melhor para assistir, hoje o longa até se encaixaria nos catálogos dos streamings, afinal foi feito para se ver no aconchego do lar e sem pesar a frustração de pagar o aluguel. Descartável como boa parte das obras disponíveis nesses serviços.
Suspense - 88 min - 2006
2 comentários:
Que demora da mulher para dizer que é mãe do garoto!?
Filme com atuações horríveis,a mulher não demonstrou sentimento nenhum foi muito fria na hora que encontrou o filho e para piorar o final foi muito ruim.
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