
Já faz algum tempo que a Índia está na
moda no meio cultural e o cinema obviamente também quer tirar proveito disso
como prova a avalanche de prêmios concedidos para
Quem Quer ser um Milionário?, mas muitas produções menores e
despretensiosas buscam inspiração nesse casamento de costumes.
Do Outro Lado
da Linha é uma simpática comédia
romântica que procura fazer uma ligação entre o oriente e o ocidente através
das conversas telefônicas entre dois jovens de origens diferentes, mas
objetivos idênticos: vencerem na vida e viverem um grande amor.
Após ter problemas com seu cartão de
crédito, o publicitário Granger Woodruff (Jesse Metcalfe) acaba fazendo amizade
com a atendente de telemarketing de seu banco, a simpática Jennifer Davis
(Shriya Saran). As conversas por telefone vão ficando cada vez mais frequentes
até que um dia eles combinam de se conhecer pessoalmente, mesmo estando a
milhares de quilômetros de distância. Todavia, a jovem não aparece e Woodruff
conhece uma outra indiana, Priya Sethi, que diz ter vindo aos EUA para o
casamento de um parente. Os dois passam a se dar muito bem e o interesse é
recíproco, porém, o rapaz tem uma grande surpresa quando descobre que essa moça
é a mesma que o atendia pelo telefone e que fingiu ser uma outra pessoa para
que ele não descobrisse suas origens e sua situação familiar afinal ela já é
prometida a um noivo indiano, Vikram (Asheesh Kapur). Para a garota as coisas
se complicam quando sua família viaja atrás dela cobrando explicações. A
premissa poderia render uma boa comédia açucarada, mas o roteiro de Tracey
Jackson, responsável pelo ótimo
Os Delírios de Consumo de Becky
Bloom, neste caso é preguiçoso e aposta em uma trama um tanto clichê
de romance baseada nos encontros ao acaso. Dessa forma, perde-se a oportunidade
de aprofundar questões a respeito das diferenças de cultura entre os
protagonistas. Ok, o público-alvo deste trabalho quer mesmo é ver uma variação
dos contos de fadas e acompanhar a história da plebeia indiana e do príncipe
americano com direito a todos os clichês possíveis do gênero.
O diretor James Dodson não foi lá muito
criativo na condução da narrativa, mas ainda assim conseguiu realizar um
projeto leve, descompromissado, embora tenha pecado no excesso de tempo para
contar uma história requentada, que não traz novidades e que ficaria melhor
servida com alguns minutos a menos. O que acaba segurando a atenção são a
simpatia do casal protagonista e a primeira hora de duração que logo fisga aos
aficionados por comédias românticas. Para não dizer que
Do Outro Lado da Linha é insípido,
é possível apontar como ponto positivo o fato do enredo mostrar como a Índia
está se adaptando aos novos tempos, ainda que faça isso de forma rasteira.
Pryia faz parte de uma família tradicionalista, mas para conseguir trabalhar e
ter certa independência precisa se passar por americana, inclusive adotando um
outro nome. É muito comum o serviço de telemarketing indiano suprir as
necessidades de empresas de outros países e para tanto os atendentes precisam
passar por aulas de “americanização” que envolvem não só as aulas de inglês e
treino de sotaque, mas também um curso intensivo de cultura ianque. Porém, será
que saber diferenciar os lanches dos restaurantes fast food ou identificar
corretamente as estrelas de Hollywood são tão importantes assim? Bem, o fato é
que tais informações mexem com a cabeça dos funcionários, tanto que a
protagonista acaba por montar nas conversas um personagem para seu cliente, uma
típica garota americana, mas na hora do encontro real não tem coragem de
revelar quem ela é realmente. No impulso, a garota segue o conselho que o rapaz
lhe passou pelo telefone, algo como faça uma última loucura antes do casamento
para não se arrepender depois de não ter arriscado. Ela segue ao pé da letra
tal pensamento, mas não contava que sua família iria atrás dela nos EUA levando
a tiracolo o tal noivo prometido. E assim está armado o palco para os
previsíveis encontros e desencontros do casal principal que obviamente aos 45
minutos do segundo tempo irá perceber que não podem viver separados
independente da distância geográfica ou cultural. Quem gosta de comédia
romântica bom proveito.
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