domingo, 16 de outubro de 2016

DO OUTRO LADO DA LINHA

Nota 5,0 Comédia romântica segue caminho comum e desperdiça tema sobre choque cultural

Já faz algum tempo que a Índia está na moda no meio cultural e o cinema obviamente também quer tirar proveito disso como prova a avalanche de prêmios concedidos para Quem Quer ser um Milionário?, mas muitas produções menores e despretensiosas buscam inspiração nesse casamento de costumes.  Do Outro Lado da Linha é uma simpática comédia romântica que procura fazer uma ligação entre o oriente e o ocidente através das conversas telefônicas entre dois jovens de origens diferentes, mas objetivos idênticos: vencerem na vida e viverem um grande amor. Após ter problemas com seu cartão de crédito, o publicitário Granger Woodruff (Jesse Metcalfe) acaba fazendo amizade com a atendente de telemarketing de seu banco, a simpática Jennifer Davis (Shriya Saran). As conversas por telefone vão ficando cada vez mais frequentes até que um dia eles combinam de se conhecer pessoalmente, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Todavia, a jovem não aparece e Woodruff conhece uma outra indiana, Priya Sethi, que diz ter vindo aos EUA para o casamento de um parente. Os dois passam a se dar muito bem e o interesse é recíproco, porém, o rapaz tem uma grande surpresa quando descobre que essa moça é a mesma que o atendia pelo telefone e que fingiu ser uma outra pessoa para que ele não descobrisse suas origens e sua situação familiar afinal ela já é prometida a um noivo indiano, Vikram (Asheesh Kapur). Para a garota as coisas se complicam quando sua família viaja atrás dela cobrando explicações. A premissa poderia render uma boa comédia açucarada, mas o roteiro de Tracey Jackson, responsável pelo ótimo Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, neste caso é preguiçoso e aposta em uma trama um tanto clichê de romance baseada nos encontros ao acaso. Dessa forma, perde-se a oportunidade de aprofundar questões a respeito das diferenças de cultura entre os protagonistas. Ok, o público-alvo deste trabalho quer mesmo é ver uma variação dos contos de fadas e acompanhar a história da plebeia indiana e do príncipe americano com direito a todos os clichês possíveis do gênero.

O diretor James Dodson não foi lá muito criativo na condução da narrativa, mas ainda assim conseguiu realizar um projeto leve, descompromissado, embora tenha pecado no excesso de tempo para contar uma história requentada, que não traz novidades e que ficaria melhor servida com alguns minutos a menos. O que acaba segurando a atenção são a simpatia do casal protagonista e a primeira hora de duração que logo fisga aos aficionados por comédias românticas. Para não dizer que Do Outro Lado da Linha é insípido, é possível apontar como ponto positivo o fato do enredo mostrar como a Índia está se adaptando aos novos tempos, ainda que faça isso de forma rasteira. Pryia faz parte de uma família tradicionalista, mas para conseguir trabalhar e ter certa independência precisa se passar por americana, inclusive adotando um outro nome. É muito comum o serviço de telemarketing indiano suprir as necessidades de empresas de outros países e para tanto os atendentes precisam passar por aulas de “americanização” que envolvem não só as aulas de inglês e treino de sotaque, mas também um curso intensivo de cultura ianque. Porém, será que saber diferenciar os lanches dos restaurantes fast food ou identificar corretamente as estrelas de Hollywood são tão importantes assim? Bem, o fato é que tais informações mexem com a cabeça dos funcionários, tanto que a protagonista acaba por montar nas conversas um personagem para seu cliente, uma típica garota americana, mas na hora do encontro real não tem coragem de revelar quem ela é realmente. No impulso, a garota segue o conselho que o rapaz lhe passou pelo telefone, algo como faça uma última loucura antes do casamento para não se arrepender depois de não ter arriscado. Ela segue ao pé da letra tal pensamento, mas não contava que sua família iria atrás dela nos EUA levando a tiracolo o tal noivo prometido. E assim está armado o palco para os previsíveis encontros e desencontros do casal principal que obviamente aos 45 minutos do segundo tempo irá perceber que não podem viver separados independente da distância geográfica ou cultural. Quem gosta de comédia romântica bom proveito.

Comédia romântica - 106 min - 2008

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