sábado, 3 de janeiro de 2015

A MALDIÇÃO DA SÉTIMA LUA

Nota 4,0 Com inspiração em mito chinês, longa não foge dos clichês e falhas hollywoodianas

Vale a pena iniciar uma carreira almejando reconhecimento máximo logo de cara? Ou é melhor começar modestamente e pouco a pouco conquistar seu espaço e elogios quanto a sua evolução? O cineasta cubano Eduardo Sánchez certamente escolheu a primeira opção para entrar com tapete vermelho em Hollywood e se deu mal. Não ligou o nome à pessoa? Não se preocupe, realmente seu nome não é prestigiado no meio cinematográfico, mas basta dizer que ele é o responsável pela criação e direção do fenômeno A Bruxa de Blair para entender sua situação. Numa época em que para muitos a internet era algo fora do comum, o cara simplesmente revolucionou a maneira de divulgar um filme. Além da publicidade de realizar uma produção simplesmente alinhavando imagens de fitas caseiras supostamente reais e feitas por um grupo de jovens desaparecidos em meio a uma floresta tida como amaldiçoada, o diretor ainda se deu ao trabalho de criar todo um histórico para a tal bruxa do título e o publicou na rede mundial de computadores aguçando a curiosidade de milhões de pessoas no mundo todo. O resultado foi uma polpuda bilheteria, porém, acompanhada por críticas mistas, pois é claro que quando a verdade veio à tona muitos se sentiram enganados. O problema maior de Sánchez na realidade não era se explicar, mas sim o que oferecer após sua estreia fenomenal. Ele levou sete anos para realizar seu segundo filme, o fraco Aterrorizados, mas parecia disposto a mostrar serviço quando lançou A Maldição da Sétima Lua. A história nos apresenta a Yul (Tim Chiou), um chinês radicado nos EUA que se casou com a americana Melissa (Amy Smart). Para agradar o marido ela aceita viajar na lua-de-mel para conhecer seu país de origem e sua família, mas antes tivessem escolhido uma praia ensolarada em solo ianque mesmo. O jovem casal chega bem na época das festividades do Senwun, o mês dos fantasmas. Existe um mito local que prega que na lua cheia do sétimo mês lunar os portões do inferno se abrem e os espíritos dos mortos são libertados para circular entre os vivos.

No início os jovens ficam admirados com a beleza, cores e ritmo da festa e com a devoção dos chineses quanto aos rituais para homenagear os espíritos. No entanto, tarde da noite eles vão descobrir que nem tudo é tão belo assim. Após muita bebedeira eles resolvem voltar para a cidade onde se hospedaram e pegam carona com o guia turístico Ping (Dennis Chan), porém, ele acaba se perdendo numa região afastada e campestre e vai em busca de ajuda prometendo voltar logo. As horas se passam e o pânico toma conta dos protagonistas quando pessoas estranhas cruzam seus caminhos e eles encontram oferendas vivas para as almas. Não demora muito e eles perceberem que podem ser as próximas vítimas de estranhas criaturas que passam a persegui-los. O ponto de partida da trama escrita pelo próprio diretor em parceria com Jamie Nash não é ruim, mas o desenvolvimento deixa a desejar. Enquanto estão presos dentro do carro a tensão está a mil principalmente pelo bom jogo de edição e de câmera que procura apenas esboçar como seriam os tais seres que os ameaçam, mas quando a ação vai para o lado de fora o filme se torna enfadonho. Além de revelar cedo demais o visual assustador dos espíritos famintos, embora a caracterização deles seja o grande destaque da obra, irrita o excesso de escuridão. Longas sequências não acrescentam nada simplesmente porque não se enxerga coisa alguma e quando Sánchez resolve usar um pouco de luz sua filmagem em estilo câmera na mão também cansa. Ainda que esteja na moda tal recurso e que o diretor tenha se aprimorado nele em relação ao seu filme de estreia, o efeito torna-se cansativo quando percebemos que ele só ajuda a embromar uma produção sem fôlego para ir muito longe. Mesmo sendo um filme relativamente curto, se juntarmos o que há realmente de conteúdo sólido, A Maldição da Sétima Lua renderia um ótimo curta ou média-metragem. Entre tentar manter seu estilo e trabalhar com referências de fitas de horror hollywoodianas, o diretor mostra que ainda não encontrou o equilíbrio, mas que tem força de vontade e está atento a tendências.

Suspense - 87 min - 2008 

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