quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

PLANETA VERMELHO

NOTA 0,5

Mais uma desnecessária
viagem cinematográfica à
Marte resulta em um tremendo
e merecido fracasso
Filmes sobre viagens intergalácticas já tiveram seu período de auge em um passado distante, mas as tentativas de ressuscitar este subgênero da ficção científica entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000 já mostrava que esse tipo de produção não tinha futuro. Mesmo assim vira e mexe Hollywood volta a investir no tema, até porque existe sim um nicho de público fã dessas aventuras, mas não em número suficiente para gerar dinheiro e ressuscitar o gênero. Em tempos em que a população mundial respirava aliviada que o mundo não acabou na virada do milênio, alguns produtores desatinados ainda acreditavam que o público sonhava que a salvação da humanidade era reconstruir a vida em outro planeta e investiram grana em Planeta Vermelho, produção que já tinha desde sua concepção todos os ingredientes necessários para dar errado e o resultado não foi diferente. Em primeiro lugar estreou pouco tempo depois dos mal sucedidos Supernova e Missão: Marte, o que já afugenta uma parcela de público que não curte repetecos de temas, ainda mais quando as palavras fracasso ou bomba parecem estar de formas invisíveis atreladas à obra. Como já dito, o gênero desta fita andava para lá de capenga. Por fim, quem quer brincar de astronauta precisa de disposição e interesse para tanto e o que vemos na tela são efeitos especiais e cenários precários o que automaticamente tacham a produção como um legítimo produto trash, embora a produtora Warner tenha lançado mão de um polpudo orçamento. A trama se passa no ano de 2050, para variar em um futuro apocalíptico quando os recursos naturais da Terra estão se esgotando e a humanidade precisa buscar um novo lugar onde possa sobreviver. O local em vista é o planeta Marte. O engenheiro Robby Gallagher (Val Kilmer), a comandante Kate Bowman (Carrie-Anne Moss), o Dr. Quinn Burchenal (Tom Sizemore), o Dr. Bud Chantillas (Terence Stamp) e os cientistas Ted Santen (Benjamin Bratt) e Chip Pettengill (Simon Baker) formam a tripulação da sonda de astronautas que é convocada para uma expedição para explorar as condições do desconhecido satélite e torná-lo um lugar habitável. Quantas dezenas de anos de pesquisas seriam necessárias para tanto? No caso temos que engolir que tal tarefa seria a jato.

Toda a tripulação está animada com as descobertas que podem fazer, porém, diversos problemas começam a ocorrer quando a nave chega a Marte, desde uma aterrissagem ruim que danifica os equipamentos de comunicação até a crescente tensão entre os próprios integrantes da tripulação que se veem perdidos em um ambiente misterioso e sem saber o que podem encontrar pelo caminho, visto que uma outra equipe havia sido enviada algum tempo antes para implantar o projeto “Terraformação” e jamais deu notícias . A situação piora quando o robô que os acompanhava na viagem enlouquece e passa a ver toda a tripulação como ameaça. Dizem que o progresso na realidade está destruindo o homem e a metáfora de um artefato tecnológico colocar em risco a vida dos astronautas poderia render uma trama razoável, mas não é o caso. O diretor Antony Hoffman, estreando na direção após experiências com publicidades e videoclipes, tinha em mãos um roteiro fraco, cheio de furos, clichês e absurdos concebido pela dupla Chuck Pfarrer e Jonathan Lemkin. Até os personagens da tripulação enviada à Marte são um amontoado de estereótipos que não rendem uma única trama paralela sequer para dizer que algo se salva na produção. Não passam de um grupinho no qual cada um tem características e personalidades bem definidas, porém, tão desinteressantes quanto uma trupe de jovens fugindo de um serial killer mascarado em qualquer filmeco de terror. Temos o sujeito covarde, o boa-praça, o esquentadinho, o valentão, a garota destemida e o mau-caráter que pode ser o traidor do grupo ou ter seu momento de redenção no final. Além dos perfis manjados e sem levar muito a sério as condições desfavoráveis de Marte (temperatura congelante e ar com componentes químicos inaláveis), não dá para engolir que o maior desafio que a tripulação tem de enfrentar na verdade é o robô levado junto na missão que enlouqueceu e agora quer matar a todos. Se fosse para uma comédia escrachada, tal argumento até que seria tolerável, mas infelizmente a produção é levada a sério demais pelos seus produtores.

A premissa é até interessante e, como já mencionado, a temática estava em evidência na época, afinal quando as filmagens rolavam o temor da aproximação do novo século abriu caminho para inúmeras hipóteses e devaneios, entre eles a possibilidade de algumas pessoas privilegiadas serem salvas de uma catástrofe sem precedentes e darem continuidade à raça humana em outro planeta. Até a NASA já tinha enviado sondas para investigar e mapear o solo e as condições do planeta. A produção consegue se sair bem até os astronautas pousarem em Marte, mas depois tudo vai ladeira abaixo com uma narrativa desfocada com conflitos mal resolvidos e discussões filosóficas e científicas um tanto furadas, além da participação de monstrinhos risíveis. Não há drama, suspense, terror ou aventura aqui, apenas a angústia de reconhecer que você desperdiçou seu tempo. O elenco, apesar dos nomes famosos, parece perdido e trabalha sem empolgação, muito por culpa do péssimo trabalho de direção. Ninguém brilha na produção, mas é preciso reconhecer que o visual platinado de Val Kilmer trajando uniforme florescente garante uma lembrança bizarra inesquecível. Diga-se de passagem, o enredo também tenta um gancho romântico entre Gallagher e a comandante Bowman, mas também não dá em nada. Talvez o que sobre de bom neste filme sejam os efeitos sonoros, já que até os efeitos especiais e a cenografia são um tanto problemáticos, parecendo reciclados de antigos filmes e seriados de TV de ficção científica. Na época o público ainda não era tão exigente com qualidade visual, mas o mínimo que se espera de uma produção séria é que sejam respeitados os aspectos técnicos, mas Hoffman parece querer brincar de teatrinho escolar tamanho seu descompromisso com o realismo. De qualquer forma, se salva também uma mensagem subliminar: a Terra está em perigo e talvez fugir para outro planeta seja a solução em um futuro distante e por isso mesmo os cientistas e pesquisadores continuam investigando o universo. Para quem gosta de ficção, Planeta Vermelho até pode ser uma pedida bacana na falta de coisa melhor, mas para a maioria ele será motivo de tédio ou de risos. Melhor esquecer as viagens para Marte.

Suspense - 106 min - 2000 

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2 comentários:

renatocinema disse...

Esse tipo de filme nunca me atrai. Ainda bem que não assisti.

Anônimo disse...

Esse filme realmente é muito ruim...nada de proveitoso se tira dele!