sábado, 16 de maio de 2015

OLHOS MORTAIS

Nota 2,5 A ideia de ver um suspense italiano pode empolgar, mas a decepção não tarda

Fugir da mesmice dos suspenses sobre assassinos seriais, clichês made in Hollywood perpetuados a exaustão, é um dos desafios que o próprio cinema norte-americano está tentando vencer a anos. Correndo por fora, outros países têm tentado dar um novo fôlego a esse combalido subgênero do terror, mas dificilmente conseguem fazer sucesso até mesmo em suas terras de origem, o que explica a raridade de encontrarmos produtos do tipo aqui no Brasil e quando lançados chegam ao mercado praticamente em silêncio como se as próprias distribuidoras estivessem sendo obrigadas a oferecer certos títulos, mas no fundo implorando para que eles não fizessem o mínimo de sucesso. Muitas produções europeias parecem tolas ou chatas, mas o número de acertos quando decidimos experimentar novos ares cinematográficos é bem maior do que o de erros. A curiosidade nos casos de obras de horror e suspense estrangeiros pode ser ligeiramente maior devido ao ineditismo que cerca tais produções, mas é uma pena que as expectativas positivas que podemos depositar em Olhos Mortais morram rapidamente. De origem italiana e rodado em apenas 18 dias de trabalho, este thriller vencedor e indicado a alguns prêmios em pequenos festivais de horror e fantasia narra a história de Amaldi (Luigi Lo Cascio), um detetive que tem relativo sucesso na sua carreira policial, mas sua felicidade não é completa por ainda sofrer com as lembranças de seu passado que envolvem misteriosas imagens de sua mãe, obviamente situações traumáticas que interferem no seu presente. Em certo momento ele é chamado para investigar uma série de misteriosos assassinatos cometidos por um psicopata que mutila suas vítimas e de cada uma arranca determinada parte, substituindo a que levou pelo pedaço correspondente de uma boneca de madeira. Paralelamente a este caso, ele também está ajudando Guiditta (Lucia Jimenez), uma jovem estudante, a se livrar de um maníaco sexual que a persegue. Estariam os dois casos intimamente ligados? E qual a ligação destes chocantes crimes com o passado do detetive?

É curioso encontrar na internet alguns comentários elogiosos, ainda que pouquíssimos, para este trabalho do diretor Eros Pugliesi que também escreveu o roteiro em pareceria com Franco Ferrini e Gabriella Blasi baseando-se no livro “L’Impligtore” (O Taxidermista), de Luca Di Fulvio. Não é um filme pavoroso, mas passa raspando por essa avaliação. É preciso ter paciência para acompanhar uma narrativa tão sonolenta e com estética envelhecida ao extremo. Embora a produção seja datada de 2002, o longa só foi lançado diretamente em DVD no Brasil quase três anos depois, o que justifica seu título adaptado para pegar carona no sucesso de Jogos Mortais. No original o nome do longa é “Olhos de Cristal”, que tem tudo a ver com uma das manias do assassino, mas para os brasileiros tal denominação poderia vender a ideia de um romance ou drama. O vilão da história tem uma coleção de animais empalhados com os tais olhos de vidros, mas seu objetivo atual é montar uma boneca quase humana e para tanto mutila corpos em busca das partes que deseja. Paralelamente à trama do psicopata, o detetive começa a relembrar momentos de sua infância envolvendo uma boneca e os constantes surtos de loucura que sua mãe tinha quando o via perto do brinquedo. O roteiro tenta criar elos entre estas duas histórias, mas dificilmente empolga, muito porque sua parte visual trabalha contra abusando de tons escuros e cenários com elementos muito envelhecidos o que deixa a produção com uma estética depressiva além do necessário. Muitos elogiam a opção por mostrar os assassinatos de forma velada, o que é muito interessante, mas se a narrativa quase totalmente é fundamentada pelo estilo europeu de contar histórias, mais pausado, a conclusão foi embebida pelo veneno do cinema americano. Tudo é resolvido rapidamente e nessas alturas o espectador já está saturado. Curiosamente comparado a Seven – Os Sete Crimes Capitais, Olhos Mortais só guarda em sua premissa semelhanças, pois seu desenvolvimento e partes técnicas e artísticas estão muito aquém. No conjunto, serve apenas para aficionados pela temática ou para passar um tempo de bobeira e ser esquecido pouco tempo depois.

Suspense - 107 min - 2002

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3 – 4 Regular, serve para passar o tempo
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