sábado, 14 de novembro de 2015

SOMBRAS DO MAL

Nota 5,5 Apesar da boa premissa, enredo não faz jus ao talentos dos protagonistas

Poder reunir em um mesmo filme dois nomes de intérpretes de peso deve ser o sonho de qualquer cineasta, mas isso de forma alguma significa que o sucesso está garantido. Hoje vivendo períodos pouco expressivos de suas carreiras, seja por falta de convites ou escolhas erradas, é fato que Robert De Niro sempre foi um nome em evidência e Jessica Lange, bem, ela já teve seus dias de glória também. No início da década de 1990, ambos em pleno auge profissional, eles tiveram a chance de estrelar Sombras do Mal, drama que flerta com o gênero policial e que poderia resultar em um memorável encontro de estrelas, porém, o resultado final é inferior ao esperado. Com roteiro de Richard Price, vencedor do Oscar pelo enredo de A Cor do Dinheiro, a trama nos apresenta a Harry Fabian (Robert De Niro), um advogado que sempre precisa recorrer a alguma picaretagem para conseguir alguns trocados. Quando enfrenta no tribunal Boom Boom Grossman (Alan King), um mafioso e empresário de lutas de boxe, ele tem uma grande ideia.  Organizar combates poderia render muito dinheiro, mas certamente não agradaria nada a seu adversário, mas Fabian tem uma carta na manga. Ele contrata como seu assessor o ex-boxeador Al Grossman (Jack Warden), ninguém menos que o irmão do gângster. Ambos estão brigados há anos e essa seria a chance do lutador dar o troco e o advogado ainda se dar bem financeiramente, porém, antes de qualquer coisa, é preciso arranjar patrocínio para esse negócio. O mais novo empresário da praça recorre então a sua amante Helen (Jessica Lange), mulher de Phil (Cliff Gorman), dono do bar que frequenta há tempos. A moça resolve ajudá-lo, mas também pede algo em troca. Querendo se separar do marido, ela pede a ajuda de seu caso para abrir um bar próprio. A sorte estaria mudando para ambos, mas tudo que começa errado pode ter um preço alto no futuro.


A produção no geral é bem feita e percebe-se que o roteiro não foi feito as pressas, mas está longe de ser um projeto a altura da dupla de protagonistas. De Niro como sempre está ótimo e vive com intensidade seu papel de advogado de segunda que se afunda em um mundo em que o crime parece persegui-lo a cada esquina. Do início ao fim ele rouba a cena com seu entusiasmo, uma interpretação que se contrapõem a de sua parceira. Jessica faz apenas seu trabalho de forma correta, até porque sua personagem não é muito bem explorada no texto. Ficou parecendo uma coadjuvante de luxo, um papel que poderia ser entregue a qualquer iniciante que iria tirar de letra. Contudo, como sua presença em filmes cada vez é mais rara, pelo menos ver a atriz em cena, mesmo que de uma forma que não faça jus ao seu talento, vale a pena. O diretor Irwin Winkler já havia trabalhado com De Niro um ano antes em Culpado por Suspeita, quando assumiu a função de direção por acaso. Antes ele tinha vasta experiência como produtor, inclusive de grandes trabalhos que chegaram à festa do Oscar. Em seu segundo projeto atrás das câmeras, ele optou por refilmar a produção homônima dos anos 50 dirigida pelo cineasta Jules Dassin, a quem esta obra é dedicada. O roteiro ganha pontos ao poupar o espectador do clichê das grandes sequências de lutas de boxe, armadilha em que a maioria que usa o tema cai. O enfoque são os bastidores do ringue, a preparação do espetáculo e os conchavos e artimanhas que articulam o mundo desse esporte. Ao invés de encerrar sua fita com uma apoteótica luta entre profissionais, Winkler optou por mostrar a fragilidade de seu protagonista diante do cerco que se fecha quando as arestas de seu grande plano se encontram. Sombras do Mal, apesar de parecer envelhecido esteticamente, ainda é um bom filme quando encarado sem grandes pretensões e para quem não está interessado em socos e pontapés. Com um roteiro que continua atual, o que pesa mesmo contra a produção é o título brasileiro que não combina muito com a temática, apesar de nos minutos finais cair como uma luva. Uma hora ou outra as tais sombras do mal vão cobrar aqueles que fazem por merecer.

Drama - 104 min - 1992 

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Um comentário:

renatocinema disse...

Disse tudo:> "A produção é bem feita e percebe-se que o roteiro não foi feito as pressas, mas está longe de ser um projeto a altura da dupla de protagonistas."

Mas, gosto do final e do filme como um todo.

Porém, poderia ser muuuuuito melhor.