domingo, 10 de maio de 2015

IMAGINE EU E VOCÊ

Nota 7,5 Comédia romântica com temática homossexual segue estrutura comum do gênero

A maior parte das comédias românticas acaba com o casamento dos protagonistas, mas tem se tornado cada vez mais frequentes produções do tipo que começam justamente com tal cerimônia, afinal de contas muita história pode rolar após a troca de alianças e o felizes para sempre pode se revelar apenas uma ilusão. Imagine Eu e Você poderia ser apenas mais uma daquelas comédias românticas do tipo água-com-açúcar que são facilmente esquecíveis, isso se não fosse por um detalhe: o enredo trata do amor entre duas mulheres. A trama começa com a festa de casamento do jovem executivo Heck (Matthew Goode) e a bela Rachel (Piper Perabo). O casal parecia muito apaixonado, mas é a partir do período de recém-casados que eles passam por uma prova de fogo. Isso é normal, pois eles estão se adaptando a rotina um do outro, porém, algo inesperado acontece e coloca em xeque a força desta união. Não é a toalha molhada em cima da cama ou o tubo de pasta de dente retorcido e destampado em cima da pia. Uma terceira pessoa surge para abalar o jovem casal. A florista Luce (Lena Headey), amiga do noivo, desperta algo diferente em Rachel, um sentimento com o qual a recém-casada nunca havia convivido. O casal tenta arranjar um companheiro para a amiga solteira, mas é surpreendido com a revelação que ela é lésbica. Isso faz com que Rachel fique ainda mais confusa a respeito do que está sentindo. O marido estranha que a esposa não deseja ter praticamente contato físico com ele e nem pensa em filhos, mas não percebe, pelo menos inicialmente, o interesse dela em Luce e até incentiva que as duas passem mais tempo juntas e comecem a sair mais para se divertirem. Na realidade ele vê a florista como uma possível informante para entender o que se passa com Rachel. Mesmo relutante, aos poucos, sua esposa passa a ser muito mais íntima da vendedora de flores e Heck nota algo de estranho na relação de amizade delas, mas aí já pode ser tarde demais para salvar seu casamento.
O roteiro segue todo o trajeto que duas pessoas fazem até ficarem juntas, desde o primeiro contato, passando pelas tentativas de aproximação até culminar no amor explicitamente assumido, com o detalhe ser uma relação entre pessoas do mesmo sexo tratada de forma crível e longe de estereótipos. O longa, na verdade, foca mais a personagem de Piper Perabo, uma jovem que descobre tardiamente que sua alma gêmea na verdade não é a pessoa que sua família e ela própria julgava ser a ideal. Tentando negar esse sentimento novo e incompreensível, ela procura se harmonizar com o marido e se afastar do seu objeto de desejo, algo bastante comum nesse tipo de conflito, mas quando o coração fala mais alto não tem jeito. Obviamente, por tratar de um tema ligado ao homossexualismo, muita gente já excluiria esta produção da lista dos títulos que deseja assistir, mas é impressionante a quantidade de comentários totalmente equivocados que surgem nos sites e blogs que o destacam. Muitos acusam a obra de ter conteúdo pornográfico, incentivar as relações "não convencionais" e até atentar contra a moral e os bons costumes, já que consideram que a protagonista traiu o marido. Preconceito tolo e de gente que ouviu o galo cantar, mas não sabe onde. Quem tece comentários desse tipo é porque não assistiu ao filme, talvez nem o comecinho, que dirá o fim. A história trata com muita delicadeza e sem traços de vulgaridade a relação das duas mulheres, ou melhor, um relacionamento praticamente platônico quase que durante toda a duração da fita. O amor que existe entre elas é tratado sem malícia alguma e em tempos que há tanta falta de carinho e compaixão entre os humanos é para se parabenizar produções que tem a coragem de expor demonstrações de afetividade entre pessoas do mesmo sexo, mérito que se deve ao diretor e roteirista OI Parker que também merece parabéns por retratar suas lésbicas de forma bastante feminina, fugindo do lugar comum de tratá-las de modo masculinizado como vários filmes que exploram o tema fazem. Em suma, é preciso se despir de preconceitos e ter o mínimo de sensibilidade para curtir Imagine Eu e Você, um bonito romance que não pretende chocar tampouco influenciar os espectadores. Simplesmente quer mostrar que a felicidade pode estar onde menos se espera e que é preciso respeitar as decisões. Cada um deve ser feliz como desejar.

Romance - 94 min - 2005
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2 comentários:

Rafael W. disse...

Também gostei do filme. Bonito, sensível e pé no chão.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Gilberto Carlos disse...

Gosto muito de comédias românticas. Vejo todas que posso, mesmo sabendo que no cinema é tudo mais belo...