Nota 3,5 A partir de situação caótica, longa coloca em xeque os sentimentos de um casal

Quando volta para casa, Brad
ganha a companhia de Alvaro (Tony Perez), um idoso que trabalhava na reforma de
uma residência vizinha, e de Timmy (Scotty Noyd Jr.), garoto que ele encontra
sozinho vagando na rua, mas ambos não têm importância nos rumos da trama. O
grande lance do enredo é que quanto mais o tempo passa, menores são as chances de
Brad poder receber a esposa novamente em casa. Depois de muitas horas, Lexi
finalmente consegue voltar, mas seguindo ordens das autoridades o marido a
proíbe de entrar até que alguém responsável apareça para verificar se ela está
contaminada pela fumaça tóxica. O problema é que ela mesma não sabe se já está
sofrendo algum mal, porém, se permanecer do lado de fora fatalmente irá aspirar
o ar ruim podendo vir a falecer devido a demora das equipes de ajuda. A
premissa do longa não é algo impossível, aliás já tivemos notícias sobre fatos
semelhantes e isolados espalhados pelo mundo todo, assim o filme consegue
captar a atenção logo no início, pois podemos nos colocar no lugar de Brad
diante de tal situação. Se já é desesperador se sentir de mãos atadas quando
alguém que amamos está distante e correndo riscos, imagine quando ela está tão
próxima, mas ajudá-la poderia acarretar consequências ainda mais graves? Dessa
forma, o grande conflito fica na tensão gerada entre marido e mulher. Ela quer
ajuda, mas tem consciência de que pode ser uma ameaça. Ele quer lhe auxiliar,
mas sabe que precisa colocar a razão acima do emocional neste momento.
Infelizmente, a tensão e a identificação inicial com a situação pouco a pouco
vão cedendo espaço ao tédio, visto que Gorak concentra a ação apenas na casa e
em torno do casal que não tem muito a dizer ou fazer. Ficamos sabendo que
autoridades estão tomando providencias pelos diálogos dos protagonistas, mas
não há aprofundamento nos aspectos sociais do episódio, o que implica também na
ausência de uma abrangência maior de seus danos. A estrutura adotada para Toque
de Recolher pode ser vista como um exercício cinematográfico, uma prova
de que produções de baixo orçamento podem apostar em temáticas comuns aos
filmes-catástrofes, inclusive pelo seu final inesperado, mas é preciso muito
talento e criatividade para preencher cerca de uma hora e meia com poucos
personagens lutando pela sobrevivência, mas no fundo já se preparando para o
pior.
Suspense - 95 min - 2006
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