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NOTA 3,0 Romance feito para adolescentes é repleto de clichês, mas o que incomoda é a apatia dos atores e as relações pouco críveis |
Quem disse que falar de amor para adolescentes só
funciona atrelado ao gênero da comédia? Bem, se levarmos em consideração o
exemplo de Seu Amor, Meu Destino realmente é melhor acreditarmos
que a paixão só nasce mesmo após alguns micos ou umas intrigas, quando
finalmente caem as fichas dos interessados que eles foram feitos um para o
outro. Com uma passagem relâmpago pelos cinemas, o trabalho do diretor
estreante Mark Piznarski realmente é esquecível porque no fundo parece uma
colcha de retalhos mal feita. Excluindo cenas escatológicas, de humor pastelão
e de apelo sexual tão comuns em produções destinadas aos jovens (ainda bem), o
cineasta teve a boa vontade de fazer algo diferente para este público, mas
infelizmente se perdeu pelo caminho deixando o amor em segundo plano e
exaltando a redenção adicionando exemplos edificantes ao enredo. O roteiro de
Michael Seitzman conta a história de três jovens que tiveram suas vidas mudadas
por completo quando seus caminhos se cruzaram. Prestes a se formar no colégio,
o arrogante Kelley Morse (Chris Klein) ganhou um carro caríssimo do pai e certa
noite resolve sair às escondidas com os amigos para comemorar e, obviamente, se
exibir passeando por uma cidade vizinha a sua escola. Ele acaba arranjando confusão
com alguns moradores em uma lanchonete de beira de estrada e provoca a ira do
humilde Jasper (Josh Hartnett) quando começa a paquerar sua namorada, a
recatada Samantha (Leelee Sobieski). Os rapazes então começam a disputar uma
corrida de carros em alta velocidade que termina com a explosão de uma bomba de
gasolina e a destruição da tal lanchonete que pertence a família da moça que
sem querer motivou tudo isso. A velha regrinha do quebrou pagou é então
aplicada. Como castigo, os dois marrentos precisarão reconstruir o
estabelecimento, o que significa que por um bom tempo eles terão que conviver
juntos e deixar o orgulho de lado, mesmo se odiando e pertencentes a mundos
completamente diferentes. Contudo, a convivência com os mais simples,
principalmente com Samantha, faz com que Kelley aprenda que dinheiro não é tudo
na vida e passe a ver as coisas com um olhar mais otimista, inclusive deixando
aflorar seus sentimentos pela moça. Já para Jasper a situação só deve ter lhe
trazido dores no corpo, pois seu relacionamento com a adolescente é um tanto
frio.

Piznarski realizou um trabalho com um quê de onírico
podemos dizer assim. Embora a trama seja contemporânea (lembrando que o longa é
de 2000), sua estética lembra a clássicos românticos de antigamente, bem ao
estilo “Sessão da Tarde”. Esqueça a paisagem cinzenta e movimentada de agitadas
metrópoles, como Los Angeles e Nova York, cenários-fetiches dos romances
juvenis, as musiquinhas pop que grudam no ouvido como trilha sonora (com
exceção da canção que marca a introdução) e os encontros e desencontros em
shoppings ou academias. O diretor optou por elementos mais tradicionais e
bucólicos para dar uma nova roupagem a receita conhecida de trás para frente
por seu público-alvo. A cidade interiorana da trama parece que parou no tempo,
apesar de alguns elementos vez ou outra surgirem para nos resgatar para a
realidade, como o carrão do protagonista. No conjunto, Seu Amor, Meu Destino parece
uma atualização daquela velha história da jovem de boa família criada para se
casar com seu amigo de infância e de confiança de seus pais, mas que acaba
seduzida pelo forasteiro que inicialmente surge como uma ameaça, mas aos poucos
abre seu coração para o amor e a redenção. O problema é que Piznarski e
Seitzman se esqueceram de alguns elementos básicos de contos românticos. Todo
bom partido rejeitado que se preze luta pelo amor da amada, mesmo que ganhe a
fama de vilão, enquanto qualquer mocinha para ser interessante deve ter aquele
desejo de mandar as favas qualquer tipo de convenção para tentar ser feliz. E o
intruso da relação, por sua vez, é um homem ousado que pode ser galanteador,
irônico, enfim usar de diversas armas para conquistar a mulher que deseja.
Neste caso, infelizmente, nenhum desses estereótipos é usado, tampouco
recriados para algo melhor. Pelo menos a dupla se lembrou que a males que vem
para o bem e da tragédia é que nasce o amor entre os protagonistas. No geral,
acompanhamos este trabalho muito mais envolvidos pela paisagem interiorana e
ensolarada belamente captada pela equipe de fotografia do que propriamente com
a história que pode dar a sensação a muitos de terem comprado gato por lebre,
mas com boa vontade e espírito crítico deixado de lado até que essa opção mais
aguada que açucarada pode entreter ligeiramente.
Romance - 96 min - 2000
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