Nota 6,0 Título inadequado não vende corretamente a ideia principal desta produção familiar
Nada melhor que uma festa de família para reatar os laços
dos parentes que se estranham. Esse é o grande foco de Competindo Com os Steins,
filme dirigido pelo então estreante Scott Marshall, mas é uma pena que o título
venda uma ideia errada, forçando a barra para uma comédia no melhor estilo
"Sessão da Tarde", cheia de corre-corre, tropicões e gags visuais .
Não é bem esta a proposta do roteiro de Mark Zakarin. A trama tem como ponto
central o momento de dúvida vivido por Benjamin Fiedler (Daryl Sabara), um
garoto judeu que está na época de realizar o tradicional ritual do bar mitzvah,
uma espécie de marco de passagem para a vida adulta, mas o problema é que ele
não compreende o idioma hebraico e tampouco conhece o suficiente da cultura de
seu povo, assim não está muito animado com tal festejo. Já Adam (Jeremy Piven),
seu pai, está planejando uma super festa com toda pompa com o objetivo de
deixar com inveja Arnie Stein (Larry Miller), um antigo desafeto que fez do bar
mitzvah de seu filho Zachary (Carter Jenkins) um evento hollywoodiano.
Benjamin, por sua vez, prefere simplicidade nos festejos. Seu objetivo na
realidade é reaproximar o pai de seu avô, Irwin (Garry Marshall), já que ambos
não se falam há muitos anos. Todavia, juntar as três gerações da família
Fiedler não será nada fácil, mas esta é uma oportunidade única e a prova de que
o garoto está pronto para assumir as responsabilidades da vida adulta, mesmo
ainda tendo apenas 13 anos. Apesar do que o argumento indica, a guerra da
família Fiedler com os Steins para ver quem faz a festa mais grandiosa está
longe dos clichês de produções semelhantes exibidas à exaustão na TV. Aliás,
essa batalha de egos acaba ficando em segundo plano.
O grande destaque é no empenho que o garoto Benjamin tem
para reunir seu pai e avô que há anos estão brigados. Irwin abandonou sua
esposa Rose (Doris Roberts) há mais de duas décadas e hoje vive uma vida mais
feliz com Sandy (Daryl Hannah), muito mais jovem que ele. O bar mitzvah de
Benjamin na teoria seria a oportunidade perfeita para que os dois se
reencontrassem e fizessem as pazes, mas na prática isso não poderia ser feito
em único dia. Assim, o garoto manda um convite para o avô com data errada para
que ele chegasse duas semanas antes da festa. Dessa forma, além de dar mais
tempo para que os homens mais velhos da família conversassem e refletissem
sobre tudo que aconteceu no passado, Benjamin deixaria o pai ocupado e poderia
montar o evento da maneira que quisesse. O grande pecado deste trabalho, como
já dito, está atrelado ao inconveniente título que vende uma comédia popular e
tradicional, mas a tal competição entre famílias revela-se nada mais que uma
troca de alfinetadas presenciais aqui ou ali e alguns comentários invejosos
reservados. Tortadas na cara, armações, piadas escatológicas, pais se
estapeando e filhos arranjando encrencas entre si não têm vez aqui. Na
realidade, a comédia pouco dá as caras, sendo o lado levemente dramático da
história que se destaca e que acaba transformando a fita em uma boa opção por
não se entregar totalmente aos clichês, embora as poucas piadas que existam
sejam previsíveis e o final feliz garantido. De qualquer forma, Competindo Com
os Steins garante uma diversão para toda a família, uma bela mensagem de união
e ainda faz um alerta sobre a perda das tradições. O bar mitzvah, conforme
apresentado aqui, parece estar perdendo seus valores e sentidos para se
transformar em eventos megalomaníacos para satisfazer os egos dos pais dos
garotos que parecem necessitar exibir que tem dinheiro e podem gastar a
vontade, lembrando que o povo judeu é conhecido por ser muito rico. Essa
crítica implícita no enredo é pertinente e justifica a entrada do ator Richard
Benjamin como um rabino para esclarecer mais sobre esta tradição para o próprio
protagonista que só então se anima com o festejo. Vale uma conferida sem
grandes pretensões.
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