Nota 2 Apostando em um jogo perverso e masoquista, longa sobrevive por fiapo de roteiro
Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris entre outros astros brucutus fizeram fama e fortuna com seus filmes de ação que bombaram entre as décadas de 1980 e 1990, mas o terreno teve que ser repassado a novos donos. Will Smith e Denzel Washington, por exemplo, fazem sucesso no gênero, mas já provavam que podem atuar em produções dramáticas e surpreender. Vin Diesel e Dwayne Johnson indiscutivelmente são lembrados como grandes ícones do cinema de ação dos anos 2000, mas são obrigados a dividir as honras com Jason Stathan, o protagonista da trilogia Carga Explosiva entre outros tantos filmes repletos de adrenalina ou que exalam misoginia como é o caso de 13 – O Jogador. Todavia, apesar de sua presença ser destacada no material publicitário, o astro com cara de poucos amigos surge aqui em um papel praticamente coadjuvante. Teoricamente a trama gira em torno do jovem Vince Ferro (Sam Riley) que de uma hora para a outra tem a sorte (ou seria azar?) de conseguir acessar um material confidencial com algumas instruções para participar de um tipo de jogo do qual poderia sair milionário, porém, isso estava destinado para outra pessoa que acabou falecendo.
Com problemas financeiros a sanar, Vince assume o lugar do desconhecido e nem imagina que estaria colocando sua vida em perigo em prol da ganância. Ao chegar no lugar indicado, o rapaz descobre do que o tal jogo se trata. Um grupo de homens poderosos, como Jasper Bagger (Statham), gasta seu tempo ocioso com um estranho hobby: eles fazem apostas valendo um bom dinheiro em uma espécie de roleta russa. Cada apostador escolhe um humano que poderia sair vivo ou morto de um tiroteio proposital. São várias as rodadas do jogo e entre um dos mais sortudos a continuarem vivos está Patrick Jefferson (Mickey Rourke), um grande adversário para Vince. O que esperar de uma produção dessas? Muito tiro, papos estratégicos e praticamente zero de emoção, a não ser que você seja um masoquista como os tais apostadores que poderiam estar gastando a grana com caridade. Ops! Se gostam desse joguinho estúpido é óbvio que ninguém ali é flor que se cheire.
Será que Stathan poderia se sair bem experimentando outros gêneros e perfis de personagens? Bem, ele arriscou neste caso trocando suas habituais roupas largadonas e esportivas por um alinhado terno, um chapeuzinho estilo gângster das antigas e uma postura mais contida e séria. Pena que toda essa mudança de visual e conduta foi para participar de mais um lixo cinematográfico que o gênero ação nos presenteia. Eis um filme difícil de engolir. Refilmagem de um longa homônimo francês datado de 2005, que sabe-se lá como conseguiu ser o vencedor do prêmio do júri no Festival de Sundance, a produção é razoavelmente bem feita e dirigida pelo próprio diretor da obra original, Géla Babluani, também responsável pelo roteiro cuidadosamente trabalhado para agradar aos fãs de adrenalina. Por outro lado, o enfoque inicial do filme é para deixar qualquer um indignado. Bem, pelo menos aqueles que tenham um mínimo de massa encefálica vão se perguntar por que gastaram seu tempo vendo essa verdadeira banalização da morte e da agressividade.
Após mais ou menos uma hora, o roteiro dá uma virada e muda levemente de tom, mas nada que salve o conjunto, até porque quando clamamos por uma mensagem que vire o jogo literalmente para um lado positivista somos surpreendidos por uma conclusão abrupta que parece ter sido inventada quando o último rolo de filme estava no fim. Sorte que a duração desta bobagem é bem curta, já que não há mesmo muito que se esperar. Qualquer um que venha a falecer se está no meio da balburdia é porque merece, ou seja, não há torcida para que ninguém sobreviva. Se existe realmente algo de relevante neste enredo deve ter ficado no script original francês, pois a versão americana resulta em uma grande decepção. Dizem que o número 13 também pode significar sorte algumas vezes, mas neste caso representa azar com letras maiúsculas.
Sabemos que há louco para tudo, mas só o que faltava era um joguinho para apostadores com dinheiro sujo se divertirem com a morte de inocentes (ou talvez nem tanto) convocados para serem as peças de um tabuleiro de xadrez sanguinolento. Já convivemos com tanta violência que é repulsivo ver uma coisa dessas e não vale a desculpa que não passa de ficção. Sabemos que na vida real não falta muito e diversões perversas do tipo poderão estar sendo disponíveis na televisão, depende dos espectadores que pelo que sabemos não andam com um gosto muito apurado. Mesmo com o teor forte do enredo, que por trás da crueldade espera-se que desperte o espectador para refletir sobre a banalização da violência, 13 – O Jogador é facilmente esquecido, tanto que é um dos títulos menos conhecidos da filmografia de Stathan. O ostracismo desta produção deve ser comemorado e visto como um sopro de esperança de que o público ainda tem discernimento do que é certo e o que é errado.
Um comentário:
Obrigada por avisar, Guilherme. Procuro ao máximo não assistir filmes agressivos e/ou violentos. Tbm não gosto.
Bjs ;)
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