NOTA 5,0 Thriller francês busca inspiração em Hollywood para falar sobre fazer justiça com as própria mãos |
Esta
produção francesa, apesar do enredo mais apurado e do toque noir que imprime
certa sofisticação, não deixa de em quase duas horas de duração misturar os
ingredientes básicos dos filmes policiais e sobre mafiosos que tanto rendem às
produtoras e distribuidoras americanas. As primeiras cenas tratam de aproximar
o espectador do protagonista mostrando seu relacionamento com a família e a
paisagem bucólica e a música clássica ao fundo na sua viagem de volta à
Marselha, cidade francesa conhecida pelas ações reais de grupos criminosos, não
parecem dignas de um filme de suspense, mas logo as coisas mudam de tom
principalmente com a impactante sequência do tal fuzilamento na qual nem um pobre
cachorrinho escapa da saraivada de tiros. Depois disso o ritmo começa a se
tornar arrastado e sempre se baseando na máxima enunciada em off pelo
protagonista logo na introdução: uma pessoa arrependida até pode deixar o mundo
do crime, mas o mundo do crime não a deixará em paz. Baseado no livro
“L’Immortel”, de Franz-Olivier Giesbert, o enredo desenvolvido pelo próprio
diretor em parceria com Eric Assous faz uma vaga alusão à história real de um
mafioso francês e o verniz de produção cult trata de escamotear que o roteiro
praticamente é uma colcha de retalhos que alinhava clichês manjados do cinemão
americano, como as típicas frases de efeito ditas pelos heróis antes de darem o
xeque-mate em suas algozes, estes que no caso além de serem caricatos são
facilmente encontrados e dizimados por Mattei. Claro que uma personagem
feminina também é indispensável para dar uma temperada no enredo, pena que aqui
ela é tão insossa quanto o restante do elenco. Para ocupar tal vaga entra em
cena uma policial viúva de um homem que também foi morto pelo vilão. Como de
costume ela representa a honestidade, mas acaba cedendo e embarcando no plano
de vingança arquitetado pelo protagonista, ambos regidos pelos mesmos
objetivos: fazer justiça com as próprias mãos.
Berry,
mais conhecido pelos seus trabalhos como ator, tentou realizar um thriller de
fácil assimilação e que agradasse a um grande público apostando em uma
narrativa convencional e bem próxima ao estilo comercial hollywoodiano, mas
acabou se perdendo em suas boas intenções e por não abdicar de dar um toque
característico europeu ao seu longa. Desde a construção irregular dos
personagens, passando pela equivocada trilha sonora baseada em estridentes
trechos de óperas, uma escolha um tanto deslocada no contexto geral, até a
edição extremamente rápida e em certos momentos confusa, tudo parece trabalhar
contra o sucesso de 22 Balas criando uma espécie de distanciamento do espectador
que tende a ter a atenção dispersa facilmente. Tentando ao máximo equilibrar o
entretenimento e dar certa seriedade ao conteúdo, o longa pode ser prejudicado
até mesmo pela pretensão de ir além de um amontoado de cenas de perseguições e
tiroteios, concentrando muitos esforços nas construções de diálogos mais
substanciosos, o que não agrada muito ao público que aparentemente a produção
desejava atingir. Todavia, o resultado final também não deve agradar totalmente
ao público que curte filmes alternativos. Ficando em cima do muro, esta obra
não é ruim, mas também está longe de ser considerada ótima. É simplesmente
regular e cumpre o papel de ser uma opção para um passatempo rapidamente
esquecível e que só vem a reforçar que a justiça pelas próprias mãos ainda é um
lema que faz a cabeça de muita gente, principalmente daqueles que fazem ou já
fizeram um dia parte do mundo do crime. E assim a violência continua sendo
combatida com violência e não saímos nunca deste triste círculo vicioso.
Ação - 115 min - 2010
Ação - 115 min - 2010
Um comentário:
Gosto do ator. Mas, realmente não me pareceu um grande filme.
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