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NOTA 8,0
Longa mostra o quão assustadora era a perseguição a judeus na década de 1940 e um simples detalhe visual poderia condenar alguém à morte |
É impressionante, mas quando
parece que não há mais o que ser explorado acerca do período da Segunda Guerra
Mundial, incluindo fatos da fase pré e pós-conflitos, sempre surge alguma nova
história para elucidar um pouco mais sobre este triste episódio. É claro que as
mais lembradas são aquelas que concentram ações nos campos de batalha ou que
vão fundo nas questões acerca do nazismo, mas imagine quantas milhares de
histórias interessantes e impactantes aconteceram e ninguém ficou sabendo. É
uma pena que as memórias vivas da época já não estão mais entre nós, contudo, o
cinema assume um papel tão importante quanto os livros para manter ativos tais
registros e quem sabe até produzir novos documentos. Não eram apenas as pessoas
que estavam em meio ao furor do fogo cruzado que corriam riscos, mas até quem
estava quietinho dentro de casa e a muitos quilômetros de distância também
podia sofrer com respingos desta onda de violência e intolerância. O drama
Focus
fala justamente sobre esse período de medos, ódio e insegurança de não
saber se estaria vivo no dia seguinte. Baseado no livro homônimo de Arthur
Miller, a trama roteirizada por Kendrew Lascelles se passa em Nova York em
meados da década de 1940. Lawrence Newman (William H. Macy) é um homem maduro,
introspectivo, inseguro e defensor de convenções. Sem esposa, filhos ou amigos,
sua rotina se resume a ida ao trabalho e a volta para casa onde vive com sua
idosa mãe (Kay Hawtrey). Comprovando que sua vida sem graça pode ter algo a ver
com problemas na infância, as primeiras cenas do filme mostram um carrossel que
gira rapidamente até que o protagonista acorda assustado e suando. O sonho na
verdade é um pesadelo corriqueiro e que o faz se levantar. De poucas palavras,
mas muito observador, do alto da janela de seu quarto ele passa a admirar um
casal aparentemente se divertindo na rua, provavelmente matando sua curiosidade
já que o amor carnal não parece fazer parte do seu universo. De repente, o homem
e a mulher passam a agir estranhamente, como se ele quisesse forçá-la ao sexo,
mas a visão fica comprometida por conta de um carro estacionado. Ao invés de
prestar socorro ou chamar a polícia, Newman restringe-se a voltar para a cama,
mesmo estando inquieto emocionalmente. No dia seguinte fica sabendo pelo
vizinho Fred (Meat Loaf Aday) que a mulher estava acompanhada de outro morador
da rua, ambos embriagados, mas que nada demais aconteceu.