Nota 4,0 Apesar do título, longa é suspense policial com boa premissa, mas resultado é irregular
Quem se sente
atraído pelo genérico título Mensagens do Além certamente espera
que a temática da comunicação do mundo dos mortos com o dos vivos seja
destacada, porém, o longa do diretor David Fairman deve decepcionar os
fanáticos pelo assunto, revelando-se um suspense muito mais de cunho policial
que espiritual. O roteiro de Wayne Kinsey e Ivan Levene começa apresentando um
rápido acidente de carro no qual a vítima é arremessada para fora pelo vidro
dianteiro. Oito meses depois, um corpo de mulher é encontrado em um matagal,
mais uma vítima de um assassino serial que parece estar atacando na região. O
que tem a ver estes dois episódios? Ambos são de interesse do Dr. Richard
Murray (Jeff Fahey) que perdeu a esposa Carol (Geraldine Alexander) no citado
desastre e trabalha no setor de autópsias do hospital local que está recebendo
os corpos mutilados das vítimas do desconhecido maníaco. Este médico legista é
um bom profissional, porém, constantemente está em atrito com o Dr. Robert
Golding (Bruce Payne) que implica com suas constantes faltas e seu vício em
bebidas, problemas que Murray justifica pelas dificuldades em superar a morte
da mulher que aparece em flashbacks mostrando que a vida do casal estava um
pouco conturbada. Ela amava demais o marido e jamais sentiu que seu amor foi
correspondido à altura, assim passou a criar em sua cabeça delírios a respeito
de infidelidade que culminaram em sua trágica morte. Além de lidar com o Dr.
Golding, que não inspira ser de confiança, o legista ainda terá que enfrentar
um encontro com seu passado com a chegada da Dra. Frances Beales (Kim
Thompson), sua namorada nos tempos da faculdade. O fogo da paixão nas
reascende, mas ela serve como uma espécie de confidente, afinal sua área de
atuação é a psicologia. Murray conta a ela que certa noite viu no seu
computador uma mensagem de pedido de ajuda, mas não se lembra de tê-la escrito.
Em outra ocasião sonhou com a morte de uma jovem e quando acordou viu no
espelho do banheiro o nome Julie French, justamente a quinta garota a falecer
de forma brutal e que ele mesmo terá que fazer a autópsia.
Golding
analisa os resultados dos exames desses corpos femininos e chega a conclusão de
que todas foram estranguladas, os ferimentos foram feitos em partes do corpo
estratégicas, tudo com muita calma, a não ser o fato de que os olhos de cada
uma foram arrancados violentamente. Já Frances faz a análise psicológica do
assassino, uma pessoa metódica e que mata com requintes de crueldade como se repugnasse
as mulheres, colocando os corpos em locais diferentes de onde foram
assassinadas, regiões mais visíveis propositalmente porque tem a necessidade de
que vejam os resultados de seus atos. Provavelmente analisa o comportamento das
vítimas por vários dias antes de atacá-las. Já o delegado Collins (Martin Kove)
afirma que não há ligações aparente entre as garotas mortas, mas em dois corpos
foram encontradas evidências de que o assassino usa luvas cirúrgicas na hora de
matar. A análise deste material o faz desconfiar de Murray, ainda mais quando
ele tem acesso ao seu histórico de assinaturas de pontos de trabalho,
coincidindo suas faltas com o período dos assassinatos de cada uma das vítimas.
A essa altura a sexta vítima do maníaco chega ao setor de necropsia do hospital
e, para piorar, o corpo é de uma enfermeira com quem o legista chegou a se
relacionar. Pronto! Murray é o assassino e ponto final. Bem, embora Mensagens
do Além não seja memorável, sua trama consegue deixar várias pistas
espalhadas para duvidarmos de outros personagens, ainda que todas as suspeitas
recaiam sobre o protagonista que talvez por chegar a um ponto de se convencer
que sofre de algum distúrbio mental que o leva a matar e depois esquecer seus
atos recuse a ajuda religiosa de seu amigo Padre Randall (Jon-Paul Gates).
Embora consiga prender a atenção boa parte do tempo, o diretor escorrega na
reta final propondo uma solução com justificativa que não cola, inclusive
esclarecendo a morte de Carol, e deixou passar alguns furos ao longo da
narrativa, como o fato de Murray ser afastado do trabalho por causa de alguns
diagnósticos errados de pacientes com câncer. Mas ele não é médico legista? De
qualquer forma, uma opção que entretém sem causar grandes ferimentos à
inteligência do espectador, embora seja difícil engolir até mesmo os créditos
iniciais, caprichados com closes de máscaras e bonecas iluminados por luz
velada, porém, elementos que não têm ligação alguma com a trama.
Suspense - 90 min - 2007
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