Nota 6,0 Espertalhão fica nas mãos de um jovem pentelho em comédia simples, mas eficiente

Hoje em dia é tão difícil
encontrar uma comédia literalmente com classificação livre, ou seja, sem
absolutamente nada que constranja ou ofenda o espectador, que qualquer filmeco
que se encaixe nessa categoria acaba automaticamente se tornando um coringa para
os pais que prezam pela integridade moral de seus filhos. Pode parecer bobagem,
mas quem não tem ao menos uma lembrança de ter visto algum filme bobinho em uma
tarde de ócio ou chuvosa na companhia da mãe, avó ou amigo? Será que é daí que
surgiram os clássicos estilo sessão da tarde? Possivelmente e
O
Grande Mentiroso atende aos requisitos para entrar nessa lista.
Razoavelmente divertido e livre de piadas grotescas ou ofensivas, ele garante
uma hora e meia de sossego para quem tem que cuidar de uma criança por trazer
uma temática muito comum ao universo infanto-juvenil: a mentira e suas
consequências. A trama escrita por Dan Schneider e dirigida por Shawn Levy nos
apresenta à Jason Shepherd (Frankie Muniz), um adolescente de 14 anos que não
liga muito para os estudos e vive contando mentiras, principalmente quando se
vê em enrascadas como certo dia que chega atrasado para a aula da Sra. Caldwell
(Sandra Oh) e sem a redação que deveria entregar. Curiosamente, ele não
consegue criar uma história para colocar no papel, porém, bola uma mirabolante
para justificar suas falhas para a professora. No entanto, a verdade logo vem à
tona e com o agravante que agora seus próprios pais não confiam mais nele. Como
castigo na escola, Jason terá que fazer uma redação em tempo recorde, caso
contrário terá que perder as férias de verão para frequentar um curso de
recuperação. Inesperadamente ele se vê inspirado e cria uma história com título
homônimo ao filme. Todo orgulhoso, ele sai de casa com a cabeça nas nuvens e
acaba sendo atropelado por uma limusine na qual está Marty Wolf (Paul
Giamatti), um antipático produtor de cinema que não está em uma boa fase na
carreira já há alguns anos.

Com medo de um processo judicial
ou coisa do tipo, Wolf oferece meio a contragosto carona para o jovem ir até a
escola, mas graças e ele sua vida profissional vai dar uma guinada. Na pressa,
Jason acaba deixando cair sua redação dentro do carro e o título chama a
atenção do produtor que enfim encontra uma boa história para apresentar aos
seus patrocinadores. Desesperado ao perceber a perda, o estudante conta a
verdade sobre o que aconteceu à professora, mas com seu histórico de mentiras
ela não acredita e o manda direto para o curso onde estão os piores alunos da
escola. Algumas semanas depois, Jason vai com sua amiga Kaylee (Amanda Bynes)
ao cinema e se surpreende ao ver o trailer da história que escreveu. Esta era a
prova que ele precisava para convencer a todos que pela primeira vez em muito
tempo ele estava falando a verdade. A dupla então decide partir para Los
Angeles para encontrar Wolf e exigir que ele assuma a verdadeira autoria do
roteiro. Jason só queria que ele desse um telefonema para seus pais contando a
verdade, mas o produtor destrói a cópia manuscrita do argumento de seu filme temendo
que tal revelação atrapalhasse seus planos agora que seu nome estava bombando
em Hollywood. Assim começa uma caça de gato e rato e vice-versa. Enquanto Wolf
quer ver Jason bem longe, o garoto cada vez quer estar mais perto dele para infernizá-lo
até que ele atenda seu pedido e para tanto ganha como aliada Monty Kirkham
(Amanda Detmer), secretária e roteirista constantemente humilhada pelo produtor
assim como tantos outros profissionais que resolvem se unir para dar uma lição
nele.
O Grande Mentiroso é um passatempo leve e que cumpre sua função
de entreter além de reforçar a mensagem de que falar a verdade é sempre a
melhor solução. Em contrapartida, mostra para as crianças que tal conselho pode
não ter serventia quando adultos. Em ambiente de trabalho vale tudo pela
sobrevivência e infelizmente parece que os trapaceiros se saem ligeiramente melhores.
Como seria bom se tudo se resolvesse como um filme da “Sessão da Tarde”, não é?
Comédia - 88 min - 2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário