Nota 6,0 Épico francês é divertido, mas peca por pouco se aprofundar em contexto histórico

Existem filmes
menores lançados por distribuidoras pequenas que infelizmente acabam não
atingindo o grande público. Está certo que a grande maioria destas produções é
dispensável, mas outras se não são memoráveis ao menos garantem um passatempo
divertido e de qualidade como é o caso de
O Jovem Guerreiro, épico francês que
acompanha a infância e a adolescência de Jacquou (Gaspard Ulliel), um corajoso
rapaz que cresceu alimentando o desejo de vingar-se do homem que destruiu sua
família. Em 1815, a França vivia tempos de revolução, mas ao mesmo tempo
existia o desejo de retomar a hegemonia da monarquia, assim haviam constantes
perseguições àqueles que eram contrários as medidas do rei e seus
colaboradores. O pai de Jacquou (Albert Dupontel) estava sendo ferrenhamente
caçado pelos subordinados do Conde de Nansac (Jocelyn Quivrin), um arrogante e
cruel homem da nobreza. O valente camponês se recusava a fugir e preferiu
enfrentar os inimigos, mas acabou sendo capturado e levado a julgamento, principalmente
porque foram encontrados junto a seus pertences uma medalha de honra e uma
patente de coronel dadas por Napoleão Bonaparte, nome odiado pelos nobres.
Imediatamente sua esposa (Marie-Josée Croze) e seu filho são despejados de casa
e obrigados a viver em um abrigo improvisado, mas o martírio só estava
começando. Condenado à prisão, o pai de Jacquou tenta fugir longo no primeiro
dia e acaba sendo morto e pouco tempo depois a mãe do garoto falece de tanta
tristeza. Sozinho e sem ter como se sustentar, Jacquou em uma noite de muito
frio e nevasca tenta se suicidar para juntar-se a seus pais, mas acaba sendo
salvo pelo padre Bonal (Oliver Gourmet) que decide criá-lo. Esta primeira parte
que retrata a infância do protagonista não abre muito espaço para o contexto
histórico preferindo o roteirista Eugene Le Roy concentrar suas atenções para o
sofrimento do garoto muito bem interpretado nesta primeira fase por Léo Legrand.

O segundo ato
mostra Jacquou na adolescência em uma época em que os monarquistas querem
silenciar a imprensa para se manterem no poder, assim regredindo no tempo,
barrando os avanços, estreitando ainda mais o cerco contra os revolucionários e
Nansac ainda está a frente da caça aos opositores. O Conde e outros nobres
iludem os populares com ações beneficentes, uma forma de escamotear seus atos
cruéis e de censura, mas em uma festa para o povão o poder de Nansac é
desafiado e justamente por Jacquou. Durante um concurso de dança a rivalidade
entre os dois fica latente e o Conde acaba sendo desclassificado por um erro
próprio, mas acaba jogando a culpa sobre o rival e deflagrando uma briga que
termina com Bonal sendo afastado de suas funções e Jacquou aprisionado durante
muitos dias nos subterrâneos do castelo do rei. Obviamente este cavaleiro
solitário consegue após muitos esforços fugir e decide que é hora de colocar um
ponto final nesta situação. Ele convoca os populares para invadir o castelo e
atacar os nobres e ganha duas importantes aliadas nesta briga, Lina (Judith
Davis), sua amiga de infância, e Galiote (Boiana Panic), a filha mais nova de
Nansac que é contrária as atitudes do pai e revela ser desprezada pelas irmãs
que a culpam pela morte da mãe em seu parto. É claro que o Conde ao saber da
amizade da caçula com seu grande inimigo vai bolar um plano para incriminá-lo
de persuadir e seduzir a garota, uma maneira desesperada de reverter a situação
a seu favor. O diretor Laurent Boutonnat conduz
O Jovem Guerreiro com
toda pinta de superprodução dotando sua obra de belíssimos cenários, figurinos
e fotografia e iluminação em tons dourados que dão todo um charme especial à
obra. Claro que sempre terá alguém para dizer que o filme seria outra coisa se
realizado em Hollywood, mas o produto final mande in França realmente é
agradável e de muita qualidade, embora pudesse ser beneficiado com uns vinte
minutos a menos. Teve distribuição restrita no Brasil pela pouco conhecida
Prime Pictures, mas quem encontrar vale a pena uma conferida.
Aventura - 144 min - 2007
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