Nota 3,5 Um pato-cupido trata de aproximar casal em comédia romântica previsível, para variar
Todos conhecem alguma história
sobre o cupido, um anjo cuja origem se encontra na mitologia greco-romana e que
pode se apresentar nas mais diversas formas com o intuito de unir casais, sendo
a mais comum a imagem de uma criança de cabelos loiros cacheados, muito
travessa e que pode voar livremente em busca de corações solitários que poderia
atingir com suas flechas mágicas e assim aproximá-los. Contudo, tal entidade
também pode vir a se materializar na figura de um adolescente ou idoso,
desconhecido ou amigo, ser um vizinho, parente ou colega de trabalho, enfim,
são inúmeras as possibilidades, até mesmo se apresentarem na forma de animais.
No cinema já tivemos vários exemplos de relacionamentos que começaram com
ajudinha de cães, como em Procura-se Um
Amor Que Goste de Cachorros e Marley
e Eu. Agora em Um Cupido Caiu do Céu quem
assume o papel de casamenteiro é um pato! Algo incomum, mas as inovações do
roteirista Nick Ward param por aí. Doug (Rhys Darby) acredita que leva uma vida
perfeita até o dia em que seu mundo desaba ao levar um pé na bunda da namorada
Susan (Faye Smythe), com quem ele mantinha um relacionamento estável já há
alguns anos. Pouco tempo depois ele encontra um apoio para continuar vivendo da
maneira mais inesperada possível. Ele se depara com um pato ferido no meio da
rua e decide cuidar dele. Inicialmente sua ideia era apenas entregá-lo para um
abrigo de animais, mas como nenhum lugar aceitou a ave ele acabou a adotando
como bichinho de estimação. Pouco a pouco ele vai criando um vínculo de amizade
com o pato, o qual batiza de Pierre, e isso lhe dá motivação para seguir sua
vida e superar o fim de seu relacionamento. Nesta jornada de autodescobrimento,
Doug conhece a veterinária Holly (Sally Hawkins) e vê a chance de dar novos
rumos para sua vida.
Ward, que antes havia escrito o
pavoroso (no mal sentido) A Vingança do
Demônio, cria uma história que não
passa de uma reunião de clichês do gênero, incluindo o que há de pior, no caso
a insistência em criar um enredo calcado em situações de encontros e
desencontros alinhavados por piadas mal inseridas ou estruturadas. Todavia, não
podemos crucificar ao máximo a produção. O diretor Paul Murphy nada mais fez
que seguir a cartilha das comédias românticas e entregar aquilo que seu
público-alvo espera: romance temperado com altas doses de sacarose e final
feliz garantido. Mesmo assim, Um Cupido Caiu do
Céu, embora bonitinho e bem realizado, talvez seja uma das mais
fracas produções da safra de 2011 de seu gênero. Fora um breve momento de
dúvida no qual o protagonista fica balançado ao acreditar em uma possível volta
com sua ex, o que faz estremecer seu atual relacionamento com a veterinária,
não há reviravoltas no roteiro que façam com que o espectador se envolva
plenamente. Simplesmente acompanhamos o desenrolar da história passivamente
aguardando o happy end que não tarda a chegar. A pouca fama do casal
protagonista também acaba por diminuir as chances deste romance satisfazer o
público. Sejamos sinceros, Darby até engana como galã, mas digamos que Hawkins,
embora talentosíssima, está muito distante da imagem que temos como modelo de
uma mulher que faça o coração de um homem bater mais forte. Ok, beleza é algo
subjetivo e cada um a enxerga onde e como bem lhe entender e é desta forma que
devemos encarar este filme. Alguns podem adorar, outros acharem mediano e
outros tantos odiar, mas cada um tem a sua opinião e é preciso saber respeitar.
Se alguns se derretem pelas histórias de cãezinhos cupidos, por que não se encantar
com o pato casamenteiro?
Comédia romântica - 103 min - 2011
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