domingo, 25 de outubro de 2015

ATRAÇÃO IRRESISTÍVEL

Nota 6,0 Romance água com açúcar é prejudicado por excesso de personagens e subtramas

Existem alguns filmes que quando não saem lá grande coisa acabam caindo no ostracismo automaticamente depois de prontos, pois nem seus produtores confiam no potencial do que criaram e preferem perder dinheiro a se exporem às críticas negativas. Atração Irresistível foi filmado no início de 1997 e só estreou em circuito comercial no final do ano seguinte e apenas na Austrália. No Brasil, foi muito mal lançado em DVD em 2001, mas perto de tanto lixo que semanalmente vai parar em tela grande ou nas prateleiras de locadoras, até que esta mistura de comédia, romance e drama não passa tanta vergonha nas comparações. Existem similares bem piores, apesar do início bizarro com um pai ensinando o filho pequeno a fazer um parto não indicar um futuro promissor à fita. Após perder o emprego e a namorada, Danny (Jude Law), um restaurador de mosaicos, volta para uma pequena cidade londrina onde viveu no passado. Lá ele vai morar em uma pensão cujos donos também têm uma padaria para qual ele irá realizar entregas para ganhar alguns trocados. Em um desses trabalhos ele se perde e vai pedir auxílio em uma residência que ele repara bem e descobre que já esteve naquele lugar. Atendido por Anna (Gretchen Moll), o rapaz relembra que quando era criança ajudou o seu pai a realizar o parto da jovem e que naquele exato momento ele havia dito profeticamente que um dia iria se casar com a menina. O destino deu uma mãozinha e o aproximou do momento de cumprir sua promessa, porém, ela já está noiva de Eric (Jon Tenney), mas isso não impede que Danny se aproxime do cotidiano da família da jovem e todos respeitam e gostam muito dele. Por fim, ele acaba conquistando o amor da moça a partir do momento em que ela se dá conta da maneira carinhosa que ele lida e encoraja Nina (Jennifer Tilly), a irmã deficiente visual de Anna.

A espinha dorsal do roteiro é bem água com açúcar e já denuncia o final feliz logo nas primeiras cenas, mas o problema maior é o excesso de tramas e personagens secundários que acabam sem função, como Jane Adams que vive a cunhada da mocinha, uma mulher mentalmente perturbada e que vive com uma arma na mão. Percebe-se que o diretor e roteirista Charlie Peters tentou enveredar pelo viés das comédias dramáticas independentes, como Correndo com Tesouras Pequena Miss Sunshine, mas é preciso ter pulso firme e muita criatividade para trabalhar com um enredo focado em uma família problemática ou excêntrica. No caso, o clã até que é bem normalzinho e talvez justamente por isso as histórias paralelas não empolguem. Os momentos mais chamativos ficam por conta dos delírios com rompantes de lucidez da personagem de Brenda Brethlyn e pela delicadeza retratada pela deficiente visual de Jennifer Tilly, respectivamente mãe e irmã de Anna. Aliás, no papel de cega, a atriz está muito melhor que a própria mocinha da fita e rouba a cena, mas é uma pena que não batalhe sempre por bons papéis e aceite facilmente atuar em bobagens como O Filho de Chuck. Enfim, focando a atenção no casal protagonista e nas tramas secundárias relevantes citadas, até que Atração Irresistível se torna uma boa opção e deve agradar aos amantes de dramas e romances. O que chama a atenção nesta produção é o aspecto datado. Apesar de ser contemporânea, lembrando que é uma produção realizada no final da década de 1990, a ação parece se desenrolar em uma cidadezinha onde o tempo parou. As pessoas se vestem elegantemente, fazem refeições no jardim e as casas são cheias de detalhes e dignas de famílias tradicionais. Talvez seja esse charme e certa melancolia narrativa capaz de nos fazer lembrar do ruído que um videocassete fazia quando as cenas não tinham falas ou músicas que acabam prendendo a atenção de espectadores nostálgicos (o longa foi lançado originalmente nos tempos das fitas VHS). De qualquer forma, é um título que voltou a ser lançado no mercado e que vale uma conferida despretensiosa. E não ligue para o horrível título que cairia como uma luva às produções picantes protagonizadas no passado por Sharon Stone ou Demi Moore. Aqui de malícia não há nem cheiro.
Romance - 104 min - 1997 

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2 comentários:

Equipe UOPM disse...

Não conheço o filme, mas, pelo pouco que li - e apesar de sua baixa nota -, eu fiquei curioso para conhecê-lo. Gosto de filmes amenos, eles normalmente trazem algo bem positivo, como "Chuva de Verão" (2001) e "Mentiras Sinceras" (2006).

renatocinema disse...

Os produtores cometem, as vezes, erros grotescos. Eles ficam no céu e esquecem de sentir o que o povo pede ou precisa.