Nota 2,5 Romance é amontoado de clichês, incluindo o mundo gastronômico como pano de fundo
O universo gastronômico é um
prato cheio para o gênero romântico e Em Meus Sonhos
é mais uma pequena fita que o utiliza como pano de fundo para conquistar o
paladar, ou melhor, a preferência do espectador, principalmente mulheres jovens
mais propensas a fantasias com príncipes encantados. Natalie Russo (Katharine
McPhee) e Nick Smith (Mike Vogel) são dois jovens que estão desacreditados
quanto a possibilidade de um amor verdadeiro e obviamente o destino dará aquele
empurrãozinho para que seus caminhos se cruzem, porém, somente em sonhos. Se
apegando a uma crença da cidade em que vivem que diz que há uma fonte dos
desejos, ambos jogam ao mesmo tempo uma moedinha torcendo para que encontrem
sua alma gêmea, mas ignoram a presença um do outro. Contudo, eles passam a se
encontrar em seus sonhos e a viver um amor platônico, um romance que segundo a
lenda deverá ser concretizado em até uma semana, caso contrário o feitiço da
fonte se esvai. Talvez se ficasse restrita ao onírico a trama escrita por Teena
Booth e Suzette Couture teria uma cadência melhor, mas para dar sustento ao
frágil argumento foram (mal) inseridos conflitos cotidianos para os
personagens. Nick está insatisfeito com seu trabalho e em paralelo está
desenvolvendo um projeto em segredo que acredita que será um ponto de virada em
sua carreira, mas vive com seu foco desviado por conta das visitas surpresas e inoportunas
de sua mãe. Charlotte (JoBeth Willians) não vê a hora de ver seu filho casado e
tenta empurrá-lo novamente para os braços de Lori (Chiara Zanni), sua ex-noiva,
mas mesmo que ele não se acerte com ela o importante é que a mulher escolhida
passe pelo crivo da sogra. É óbvio que ao conhecer Natalie ela vai implicar e
fazer de tudo para impedir o romance... Errado! Contrariando expectativas a mãe
do rapaz conhece a garota por acaso antes mesmo do filho e de cara se simpatiza
com ela. Numa receita tão insossa, a velha rixa nora versus sogra faz falta.
E o universo gastronômico
mencionado lá no início onde entra nesta história? Natalie está tentando de
todo o jeito levar adiante o restaurante que herdou de sua mãe que faleceu a
pouco tempo. O problema é que ela não tem o mesmo dom para a cozinha e se
entristece ao ver que noite após noite o movimento diminui e a comida sobra. Os
poucos que frequentam o local vão mais por caridade e em respeito a memória da
falecida. A jovem até contrata um chefe de cozinha italiano, Mario (Antonio
Cupo), que repetindo estereótipos é exagerado em suas emoções e bastante
estressado, tudo para criar certo estranhamento com sua patroa, mas é claro que
não demora para que uma faísca de romance surja entre eles. Você já viu
inúmeros filmes não só com temáticas, mas até situações idênticas, o que
enfraquece ainda mais o já fragilizado Em Meus Sonhos.
Não bastasse o roteiro com sabor de prato requentado, a direção pouco
inspirada de Kenny Leon também não ajuda em nada. A estética simplória, além da
edição e trilha sonora básicas, que adota faz questão de assinalar que a
produção é feita sob encomenda para a televisão e destinada a agradar
exclusivamente o público feminino, principalmente jovens sonhadoras e
donas-de-casa que buscam uma diversão ligeira. Sabemos de antemão que o final
feliz dos protagonistas está garantido, mas o problema não é ser clichê e sim
como trabalhar com essa previsibilidade. Os acontecimentos da história não
trazem emoção e nem o elenco parece levar a sério o que estão fazendo e
simplesmente repetem frases decoradas. Isso se não forem até mesmo ditadas por
ponto eletrônico tamanha robotização dos atores em cena. De positivo, há apenas
que se destacar a bela fotografia que consegue lindas imagens, ao ar livre ou
em estúdio, cenas que com a ajuda dos atores em um clipe bem editado daria um
belo comercial de margarina. Aos diabéticos recomenda-se cuidado com este
filme. Doses cavalares de açúcar.
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