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NOTA 6,5
Adam Sandler repete mais uma vez o papel do rapaz de bom coração que acaba se metendo em confusões tentando fazer o bem e achar felicidade |
O dia-a-dia pode
ser um tanto estressante devido aos compromissos profissionais e com a família,
sobrando pouco ou nenhum tempo para uma pessoa pensar em si mesma. Quem nunca
imaginou poder se livrar dos problemas mesmo que por alguns minutos todos os
dias ou então conseguir controlar o tempo e as pessoas de acordo com sua
própria vontade? Que bom seria se a solução pudesse estar na ponta dos dedos.
Basta um simples toque em um controle remoto para calar ou congelar pessoas,
voltar no tempo ou avançar para o futuro, enfim, uma infinidade de coisas
poderia ser feitas com esse aparelho para tornar o seu dia o mais agradável
possível. Em cima dessa fantasia é que se apóia a comédia
Click,
um exemplar típico do “feel good movie” ou em bom português o filme destinado a
celebrar os valores familiares assim tornando-se uma opção que agrada a todas
as idades, uma produção que não promete mais que puro divertimento. Apesar de
recorrer a clichês como piadas visuais com animais simpáticos ou apelar um
pouco a um humor grotesco envolvendo flatulências ou excrementos, contudo, prestando
um pouco mais de atenção em seu enredo podemos encontrar uma boa lição de moral
sobre o que fazemos com o nosso tempo. Não dá para simplesmente viver no
passado. Querer chegar rapidamente ao futuro também pode não ser um bom
negócio. O jeito é viver o máximo que puder e da melhor forma possível o
presente. A história criada por Steve Koren e Mark O’Keefe gira em torno de
Michael Newman (Adam Sandler), um jovem que é casado com Donna (Kate
Beckinsale) com quem tem dois filhos, Ben (Joseph Castanon) e Samantha (Tatum
McCann). O rapaz está passando por um período de crise com a família, não por
sua vontade, mas sim por causa de seus inúmeros compromissos profissionais em
um escritório de arquitetura que lhe exige dedicação demais. Ele obedece as
ordens como um cordeirinho porque deseja chamar a atenção de seu chefe Ammer
(David Hasselhoff) e quem sabe conseguir uma promoção.
Só pensando no trabalho, Newman perde importantes momentos familiares, como um acampamento no fim de
semana ou a competição de natação de seu filho, aliás, um garoto que ele
próprio não consegue reconhecer debaixo d'água por não conhecê-lo
profundamente. Coitado do menino se um dia se afogar em uma piscina lotada e
depender do pai. Tais situações fazem com que as crianças vivam entediadas e
sua esposa sempre aborrecida. Certa noite,
exausto de um dia cansativo de trabalho e das cobranças da família, Newman
passa por mais um estresse. Com dificuldades para encontrar qual dos
vários controles que tem em casa liga a sua televisão, ele decide pelo menos
colocar um basta nesta situação incômoda e vai comprar um aparelho remoto que
seja universal, ou seja, um que funcione para todos os equipamentos eletrônicos
que possui. Ao chegar na loja de estranhíssimo nome "Cama, Banho &
Além", o rapaz encontra Morty (Christopher Walken), um excêntrico
funcionário do local que lhe oferece um aparelho semelhante ao que está
procurando, mas ainda em fase experimental. O diferencial desta nova invenção é
que além de controlar a TV, o aparelho de som, as luzes entre tantas outras
coisas, ele ainda acumula funções que são um verdadeiro sonho para quem quer se
livrar de problemas com a família, amigos, chefe, vizinhos e até com o
cachorro. Com apenas um toque vez ou outra Newman poderá finalmente ter a vida que
sempre sonhou manipulando o tempo e as situações cotidianas de acordo com suas
vontades. O único problema é que o uso abusivo e impulsivo deste controle pode
trazer outros contratempos, mas quando a pessoa cai em si pode ser tarde
demais. Surpresa! A invenção não oferece a opção de voltar ao passado. A
mistura de humor baseado em situações visuais e algumas pitadas de drama leve
consegue agradar crianças, jovens, adultos e velhinhos. É literalmente uma
comédia universal e que utiliza muitos clichês para causar riso nos
espectadores, tudo é bem mastigado, mas ainda assim cumpre seu papel
perfeitamente afinal, como já dito, não pretende oferecer mais que diversão
pura. Ok, algumas piadas nojentas e a repetição incessante do vergonhoso
“relacionamento” entre o cachorrinho de estimação da família Newman e um pato
de brinquedo poderia ter sido limado na edição final.
A sensação de que
já vi esse filme, contudo, é inevitável e potencializada pela presença de Adam
Sandler interpretando mais uma vez o cara bacana que acaba se metendo em
confusões. O pior é que hoje em dia não sabemos se o fato de repetir papéis é
um problema ou é positivo ao ator. Ele em terreno seguro consegue sempre
arrancar boas risadas com suas interpretações caricatas e cheias de expressões corporais
e faciais, quase como um Jim Carrey com pouco menos de idade. Aliás, esta obra
até guarda certa semelhança com o longa Todo
Poderoso. Em ambos os casos os protagonistas são homens que tentam
equilibrar sem sucesso a vida profissional e a pessoal e ganham uma chance de
rever os rumos de suas vidas através de um objeto mágico. Nesta comédia, Sandler
até começa com uma interpretação mais contida, porém, conforme começa a se
divertir com seu novo brinquedinho ele volta a sua velha e boa forma de interpretar,
mas no geral por mais que se esforce ele não consegue deixar de lado sua imagem
de Peter Pan malandrão, o cara que não quer crescer e deseja levar a vida numa
boa. Tal estilo ao que tudo indica faz bem a sua carreira. Ele está tão a
vontade aqui por também estar sendo dirigido por Frank Coraci, com quem já
havia trabalhado em O Rei da Água e Afinado no Amor. Apesar da boa ideia central,
se o filme é um amontoado de situações previsíveis, por que ele caiu nas graças
do público? A resposta é fácil. Simplesmente é uma comédia muito bem feita e
com um roteiro escrito de forma leve, sucinta e que vai de encontro ao que seu
público-alvo deseja. A introdução nos apresenta muito bem os personagens, a
ambientação, os conflitos do protagonista e oferece um humor de qualidade quase
totalmente livre de apelações. Já da metade para o final, o longa assume um tom
mais dramático justamente para explicitar a sua lição de moral. Quando o
controle remoto passa a tomar decisões por conta própria, o pai de família
perde o controle de sua vida e então o roteiro ganha um caráter reflexivo com
mensagens bonitinhas e que não precisam de muito esforço para serem
compreendidas. Click é assim. Bobinho, repetitivo,
manipulador de emoções e talvez por essas razões um clássico instantâneo para
as sessões da tarde. Uma produção acima da média para o gênero e assistindo no
aconchego do lar e com o controle remoto em mãos temos o conforto de poder
passar para frente as partes mais chatinhas, mas ainda com a opção de voltar
para trás se houver arrependimento.
Um comentário:
Sua visão é ótima e com diz com o que penso: bobinho, e clássico da sessão da tarde. kkkk
Um filme que cumpre seu papel.
abraços
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