domingo, 28 de agosto de 2016

SIMPLESMENTE IRRESISTÍVEL

Nota 0,5 Romance afunda pelo excesso de açúcar e exageros e não envolve em momento algum

O cinema não tem o poder de transmitir cheiros e tampouco sabores, mas o mundo das cozinhas é uma grande fonte de inspiração, principalmente para histórias românticas. O problema é que alguma delas levam a sério a alcunha de água-com-açúcar e exageram na sacarose como é o caso do esquecido (e com razão) Simplesmente Irresistível, inadvertidamente comparado por alguns com o famoso, premiado e infinitamente superior romance mexicano Como Água Para Chocolate. Este filme na verdade é talhado para agradar adolescentes na idade de acreditar em paixão à primeira vista e usado como veículo para alavancar a carreira de Sarah Michelle Gellar na época em alta com o sucesso do seriado de TV “Buffy – A Caça Vampiros” e dos filmes Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado e Segundas Intenções, este que parecia ser um divisor de águas em sua carreira. Tentaram fazer a atriz se tornar uma nova queridinha da América da noite para o dia, mas na verdade sua trajetória prova que lhe faltou orientação para seguir em frente e certamente o açucarado romance em questão ajudou e muito a degringolar as coisas. Gellar interpreta Amanda Shelton, uma jovem que herdou um pequeno restaurante da mãe, mas não o seu talento para a culinária. Ela tentou pôr a mão na massa literalmente, mas a clientela pouco a pouco foi sumindo e assim ela teria que encerrar as atividades, mas de repente ganha uma ajuda vinda dos céus e estranhamente manifestada na forma de um caranguejo mágico que consegue em uma feira. No mesmo instante ela conhece Tom Barlett (Sean Patrick Flanery), um jovem produtor de eventos que está prestes a inaugurar um restaurante para o empresário Jonathan Bendel (Dylan Baker), este que quer assegurar que seu empreendimento tenha pelo menos uma cotação de quatro estrelas pelos críticos gastronômicos. O tal crustáceo já começa a mexer seus dedinhos, ou melhor, suas patinhas, e faz com que surja uma atração instantânea entre os dois, mas reserva outras surpresas para Amanda.

Sem um mínimo de embasamento na área, a novata chef de cozinha começa repentinamente a fazer pratos que usam e abusam de misturas exóticas, refeições que atraem novos e antigos fregueses e que conquistam o estômago principalmente de Barlett que desconfia que esteja apaixonado por uma feiticeira, mas que não consegue se manter longe dela. É claro que o rapaz vai convidá-la para fazer o menu de inauguração do tal restaurante que planeja a festa, o problema é que a essa altura Amanda percebe que suas emoções são passadas para suas comidas, o que desperta reações inesperadas de quem as provas, assim ela acredita que não é amada de verdade e que apenas manipula os sentimentos do rapaz a seu favor. Para uma comédia romântica que visa o público adolescente até que o argumento é condizente, o problema é que o roteiro de Judith Roberts é tão inconsistente quanto o creme de baunilha e flores que a protagonista considera sua melhor receita. Difícil acreditar que tenha alguma jovem sonhadora que se envolva nesta overdose de sacarose, o que deve explicar o fracasso da fita dirigida por Mark Tarlov. Produtor de sucessos como Christine – O Carro Assassino, Mamãe é de Morte e Copycat – A Vida Imita a Morte, sua estreia e única experiência como diretor parece um trabalho de amador. Sem um mínimo de discernimento, ele parece rechear seu longa com as piores cenas que filmou. O romance dos protagonistas não convence em momento algum, as reações das pessoas que comem as refeições supostamente mágicas são constrangedoras de tão exageradas, o tal caranguejo da sorte insere um quê de infantilidade à trama que em nada agrega e a cereja do bolo são as cenas finais com direito a névoa com perfume adocicado e flutuação. Isso sem falar na trilha sonora repleta de modinhas-chiclete e sem um pingo de personalidade. Simplesmente Irresistível enjoa logo na sua introdução quando percebemos a total falta de química entre Flanery e Gellar, esta, diga-se de passagem, que se mostra visivelmente incomodada em cena, como se estivesse envergonhada de atuar em algo tão patético. A própria atriz declarou que este é um dos trabalhos que menos gosta. Se a mais interessada em vender o peixe diz isso, quem irá discordar?

Comédia romântica - 80 min - 1999 

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