Nota 1,0 Suspense cujo protagonista sofre com confusão mental é arrastado e sem emoção
Antes da
fama muitos atores precisam aceitar cada abacaxi para poderem pagar suas
contas. Quem vê hoje Colin Firth como um símbolo de brilhante ator britânico ou
até mesmo a imagem de um galã de meia-idade perfeito, saiba que ele não tem em
seu currículo apenas obras de peso ou no mínimo razoáveis, mas também há pelo
menos uma produção duvidosa que hoje pode despertar certa curiosidade devido ao
nome do protagonista famoso, mas não vá com muita sede ao pote. Depois que
suspenses no estilo Efeito Borboleta e Amnésia arrancaram elogios
da crítica e conquistaram alguns fãs, virou moda realizar filmes com vai e vem
no tempo, reviravoltas e onde o que parece verdade pode ser uma farsa, mas são
poucos os produtos que seguem tal fórmula que conseguem bons resultados. A
premissa de Trauma até que é interessante, mas sua transposição
do papel para o celuloide é esquizofrênica. Firth interpreta Ben, um homem
atormentado que ao despertar de um coma descobre que sua esposa Elisa (Naomi
Harris) morreu no acidente de carro que sofreram juntos. Mesmo estando perturbado
com tantas coisas que não compreende, ele encontra forças para tentar
reconstruir sua vida, assim procura a ajuda de um analista, a companhia de
amigos antigos e até faz uma nova e importante amizade neste momento difícil
com a bela Charlotte (Mena Suvari). Porém, novos acontecimentos inesperados
fazem sua vida virar mais uma vez de cabeça para baixo, entre eles o
assassinato da cantora Lauren Farris (Alison David), uma grande amiga de sua
falecida esposa. Agora Ben precisa entender muitas situações mal explicadas,
como o fato de já estar separado de Elisa quando o fatídico acidente de carro
ocorreu e também descobrir se tem algo a ver com o assassinato da amiga dela.
Para tocar
um projeto ambicioso desse tipo, daqueles que fazem as pessoas assistir várias
vezes para pegarem todos os detalhes e finalmente compreenderem o final
completamente, é preciso ter muito talento, criatividade e concentração, ou
seja, tudo o que falta ao diretor Marc Evans. Com a ajuda de uma edição lenta, ele
conseguiu construir uma narrativa que segura a atenção por no máximo meia hora.
Depois disso o nível de tensão que já era praticamente nulo vai minguando pouco
a pouco até o espectador se pegar rezando para que os créditos finais surjam o
mais rápido possível, ainda mais porque próximo da conclusão parece que o
roteirista Richard Smith já não sabia mais o que fazer para enrolar e rechear o
filme que tem um argumento interessante, mas desenvolvido procurando ser mais
inteligente do que poderia. O elenco também não ajuda a mudar o quadro. Firth
até que se esforça para segurar o rojão, tenta dar profundidade a seu
personagem e a seus dramas, mas o problema é que o roteiro é frouxo demais e o
próprio ator parece pisar em ovos sem saber que direção tomar. Não sentimos que
Ben amava ou tampouco odiava sua esposa falecida. Seu envolvimento com a
personagem de Mena Suvari que deveria esquentar as coisas é extremamente
gelado, muito por conta da própria atriz que está extremamente apática como de
costume. Por fim, a terceira mulher que está tirando o sono do protagonista, a
tal cantora assassinada, só aparece em rápidos flashes de TV e não há interação
com o protagonista. Ainda temos no elenco a veterana Brenda Fricker que paga um
mico encarnando o papel de uma paranormal. O slogan deste filme diz “acredite
no que você vê, veja o que você acredita”. Bem, pela arte de capa e pela
sinopse podemos acreditar que este suspense é dos bons, mas só sendo cego para
acreditarmos que o que está na tela merece elogios. Desculpe o trocadilho,
mas assistir Trauma pode ser realmente uma experiência traumática.
Suspense - 94 min - 2004
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