Nota 8,0 Drama mostra as dificuldades de um casal para superar a perda repentina da única filha

Co-produzido entre a Bélgica,
Polônia e a Suíça, este é um drama sério, emocionante e de temática universal
afinal a perda de um ente querido é sempre uma dor que só o tempo pode curar,
mas não basta a velocidade do relógio, é preciso que as pessoas que estão
lidando com tal conflito também se ajudem e busquem forças para superar as
tristezas. Laure entregou os pontos, a ajuda da irmã revelou-se egoísta e
quando percebeu que estava prestes a perder o marido poderia ser tarde demais
para salvar o casamento. Já Jean mostrou-se razoavelmente mais forte para
superar a perda, mas também contou com o auxílio de Labinota e seu irmão Kastriot
(Blerim Gjoci) que também guardam em seu passado memórias tristes. Porém, ao
mesmo tempo em que encontra razões para recomeçar, ele também não se sente
completamente a vontade em iniciar um novo relacionamento tendo que abandonar a
esposa em um momento em que ela não está em seu juízo perfeito, seria uma
traição muito mais grave. É bem interessante o viés trabalhado pelo cineasta
polaco Greg Zglinsky utilizando o contraponto da vida de um casal para mostrar
paralelamente a entrega ao abandono total e a busca por novas perspectivas. Como
já é tradição em dramas intimistas europeus, os atores estão excelentes e
expressam com olhares todo sentimento de dor e vazio que carregam. Além disso, a
grande proeza deste trabalho é investir nas relações humanas e em pequenos
detalhes que fazem a diferença, como o fato de não se acender o fogo durante a
temporada de inverno como se esse fosse mais um elemento a explicitar a
tristeza dos personagens e a completa imersão deles neste estado inerte de
espírito. A valorização dos olhares e silêncios também são tradições do cinema
europeu, com a diferença que neste caso os planos mais curtos, mas ainda assim
contemplativos, tem preferência assim como o cineasta privilegia a imagem do
protagonista masculino diante das dificuldades e da chance de redenção. Inverno Despedaçado é uma
obra emotiva e reflexiva, relativamente curta, mas na medida certa para expor
ao expectador a imagem do homem sensível, mas ainda assim viril e tentando se
manter em pé.
Drama - 88 min - 2004
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