domingo, 15 de março de 2020

ROBÔS

Nota 7,0 Criativa visualmente, animação deixa a desejar quanto a narrativa um tanto tradicional

Quando dirigiram A Era do Gelo, Chris Wedge e o brasileiro Carlos Saldanha precisaram economizar nas cores, abusando do branco e tons pastéis. Já no projeto seguinte, Robôs, situado em uma estilizada e moderna visão de futuro, a dupla usou e abusou da paleta de tons vívidos conferindo um visual extremamente lúdico à obra que narra a história de Rodney Lataria, um simpático adolescente feito de lata que cresceu em uma cidadezinha de interior. Filho de um simplório lavador de pratos, só conseguia peças de segunda mão para as suas atualizações de idade, a forma como os de sua espécie se desenvolvem fisicamente. O jovem sempre sonhou em conhecer Robópolis, a terra das oportunidades onde o inventor conhecido como Grande Soldador, ídolo de todos, dizia que todo robô nasceu para brilhar, não importa do que seja feito. Sozinho na metrópole, Rodney percebe que as coisas não são tão fáceis assim. O ganancioso Dom Aço aposentou o famoso inventor do comando de sua empresa de criação das peças de montagem e reposição e agora lidera uma renovação no mercado, negando acesso aos itens necessários para realizar a manutenção de alguns modelos que julga ultrapassados. Ao descobrir que a maioria dos robôs estão condenados a virar sucata, o jovem herói de lata decide enfrentar o magnata em nome dos ideais defendidos pelo lendário Soldador, devolvendo um direito básico a todos os seus semelhantes. Assim a narrativa mostra-se mais um conto sobre superação e força de vontade no qual os fracos e oprimidos devem combater os fortes e suas injustiças, o argumento básico de todas as animações voltadas ao público infantil, mas com um verniz especial para vender criatividade aos adultos com uma bem-vinda crítica ao consumismo. Poderia ser um caso de hipocrisia um desenho anticonsumo visar a venda de brinquedos e guloseimas estampados com os personagens, mas as vendas de bugigangas agregadas ao longa não foram lá muito significativas.

O roteiro de David Lindsay-Abaire, Lowell Ganz e Babaloo Mandel procura entreter as crianças com doses certeiras de humor, emoção, aventura e heroísmo, mas também atinge aos adultos com diálogos inteligentes e muitas mensagens nas entrelinhas, inclusive evocando a essência de clássicos filmes como Metrópolis e O Mágico de Oz. O início é promissor mostrando o nascimento do protagonista, a forma de reprodução dos robôs originados de encomendas entregues pelo correio e cujo desenvolvimento físico depende da troca de peças. Contudo, com Rodney já adolescente, a graça é transportada para a assimilação da sociedade humana em um outro tipo de contexto, contudo a cidade dos homens de lata e futurista não traz nada a mais do que já vimos em outros filmes e desenhos da seara. Aliás, o visual parece ter sido inspirado em produções e publicidades da década de 1950, época em que se tornaram populares fitas explorando como seria o mundo no futuro e os lares começavam a ser invadidos por eletrodomésticos estilizados e coloridos, características que se aplicam a estética dos personagens. Tudo o que conhecemos como inanimado ganha vida, assim os mais diversos tipos de robôs tornam-se engrenagens importantes de uma sociedade onde os humanos são inexistentes, mas as máquinas pensam e agem como tais. Destaque para os personagens Manivela, que serve de alívio cômico, Cappy, o interesse romântico do protagonista, e Madame Junta, a verdadeira vilã do filme, a mãe que manipula as ideias e ações de Dom Aço que revela-se submisso na verdade. A parte gráfica prima pela excelência e o frenesi das cenas de ação compensam as obviedades do roteiro que tenta agradar a todos os gostos. Drama, comédia, ação, aventura, musical e romance se misturam colaborando para um ritmo irregular, no entanto, culminando em um clímax de tirar o fôlego. Isso graças à animação tridimensional que possibilita transportar o espectador para os mais variados lugares sem maiores dificuldades. No conjunto, Robôs acaba sendo paradoxal. Apesar de toda ousadia e criatividade visual, sua narrativa não segue o mesmo compasso e acaba soando ultrapassada, carregando demais nas lições de moral de que a união faz a força, do acredite em seu potencial, entre outras. 

Animação - 90 min - 2005 

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Um comentário:

marcosp disse...

O Robô é uma graça de filme, apesar de não ter feito tanto sucesso na mídia, merece ser visto, é encantador o inicio do filme...