sábado, 7 de outubro de 2017

LOBO DO MAR

Nota 7,0 Aventura destaca-se pelo texto, ressaltando que o ser humano é produto do seu meio

O sucesso da franquia Piratas do Caribe poderia ter renovado o interesse nas aventuras em alto-mar, mas não foi o que aconteceu e Jack Sparrow reinou e ainda reina absoluto no imaginário popular como a grande lenda dos oceanos dos anos 2000. No entanto, há sim pelo menos uma produção do tipo que merece uma atenção maior e certamente agradaria ao público que preza a imagem do capitão sisudo e inescrupuloso tão propagada ao longo dos anos através do cinema e da literatura. Baseado no romance de Jack London, Lobo do Mar já teve outras adaptações cinematográficas, mas esta do diretor Mike Barker veio a calhar para apresentar as novas gerações o que é uma verdadeira aventura dentro de um navio. Ou seria drama? Sim, sem apelar para piratas fantasmas ou qualquer outra coisa do além, o roteiro de Nigel Williams propõe uma angustiante experiência a bordo da embarcação Ghost que é comandada com punhos de ferro por Wolf Larsen (Sebastian Koch), mais conhecido pelo apelido que também dá título ao filme. No momento ele está em uma missão rumo aos mares orientais para fazer fortuna com a caça de focas, mas desta vez terá que disputar o domínio das águas com o barco Macedônia comandado por ninguém menos que seu próprio irmão, Death (Tim Roth), com quem há anos trava uma guerra particular. Larsen terá em meio a tripulação um novato, o crítico literário Humphrey Van Weyden (Andrew Jackson), que estava viajando em outro navio, acabou caindo no mar por um descuido tolo e foi salvo pelo capitão. Com seu jeito engomadinho, imediatamente o Lobo do Mar começa a abusar do rapaz e testar seus limites de resistência obrigando-o a trabalhar, mas para sua surpresa ele acaba se adaptando rapidamente a dura rotina e até demonstra uma valentia que talvez o próprio desconhecesse ter. Paralelo a isso, Death está com uma dama a bordo, a jovem Maud Clark (Neve Campbell) que implorou que ele a levasse até um lugar distante para ajudá-la a evitar a ira do seu pai após ela fugir de um casamento arranjado. Tratando-a educadamente no início, certo dia o capitão pede a um dos seus subordinados para matá-la quando descobre que ela é filha do dono de seu barco, a quem ele julga estar lhe roubando nos lucros com as focas.

É óbvio que em algum momento as duas embarcações vão se cruzar em alto-mar, mas além da disputa entre os irmãos também haverá um conflito amoroso. Weyden e a Srta. Clark foram namorados e aparentemente terminaram a relação forçosamente. O reencontro acenderá a paixão de novo, mas o problema é que Larsen também demonstrará interesse pela jovem e não medirá esforços para ter o que quer. Como ele mesmo diz, a vida se resume ao instinto de sobrevivência e sentimentos são bobagens, tanto que ele castiga, humilha e até mata seus tripulantes sem demonstrar remorso algum. O jovem crítico insiste que algo de ruim aconteceu no passado do capitão para torná-lo tão insensível, mas a própria rotina no navio, marcada por vários conflitos, o ensinará que realmente quem não sabe manejar uma faca ou usar a força bruta não terá muitas chances de sobreviver a travessia. Filmes que exploram histórias de aventureiros do mar costumam ter um público fiel e cativo e se caracterizam por serem produções grandiosas, tanto na parte técnica quanto em sua duração. Para justificar o apuro na confecção destes projetos, geralmente eles são dotados de um tempo de arte acima da média. Teoricamente os realizadores estão corretos, mas se o enredo não interessar ao espectador logo nos primeiros minutos a produção revela-se um tremendo furo n’água. Difícil captar a atenção quando o barco está literalmente andando. Filmes do tipo também costumam ter outros problemas para envolver o público como, por exemplo, a sensação de claustrofobia devido a maior parte da ação ser concentrada dentro de um mesmo ambiente, no caso navios que transmitem a sensação asquerosa de um ambiente frio e sujo. Esse detalhe também pode imprimir um ritmo lento à narrativa, além do fato da misoginia imperar. Poucas aventuras épicas no mar contaram com papeis femininos, talvez pela crendice de que elas a bordo é sinal de mau agouro, mas Campbell não se esforça para mudar as coisas. O papel tem sua importância, mas ela não estava preparada tanto. Lançado diretamente em DVD, Lobo do Mar merece uma chance, pois acerta no principal: o texto. Com diálogos tensos e personagens carregados de humanidade, a narrativa evita maniqueísmos. O mocinho pode não ser não tão bonzinho e o capitão com cara fechada no fundo pode ter sentimentos positivos. Os acontecimentos é que ditam a faceta do momento e realmente sobreviver é arte de equilibrar sentimentos.

Aventura - 150 min - 2009 

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