sábado, 18 de fevereiro de 2017

OLHO POR OLHO (2007)

Nota 1,5 Com protagonistas violentados, mas que não cativam, fica difícil torcer pela revanche 

Problemas envolvendo motoristas imprudentes são corriqueiros e diariamente são notícias em jornais, mas é impressionante como nos últimos tempos tem surgido informações de muitos casos de um outro tipo de violência no trânsito: a falta de respeito versus a intolerância. No estresse ou na pressa do dia-a-dia muitas pessoas acabam reagindo de maneira impulsiva e xingam, fazem gestos obscenos, deixam reclamações ou ofensas por escrito ou ainda usam o próprio veículo para fazer vingança. Além de situações extremamente desagradáveis, existe o problema de não se saber quem está no outro carro e como esta pessoa pode reagir a uma agressão física, material ou verbal. Uma simples ultrapassagem no trânsito já pode ser o estopim para uma tragédia. Bem, um filme com tal premissa poderia render um bom caldo, mas não basta ter um bom argumento. É preciso também um bom desenvolvimento narrativo e nesse quesito Olho por Olho peca feio. Com roteiro e direção de Dan Reed, este suspense já começa com uma péssima introdução. Alice (Gillian Anderson) é uma executiva aparentemente bem de vida que contrata os serviços de Adam (Danny Dyer), um instalador de alarmes e câmeras de segurança. Quando ela chega em casa o serviço está pronto, sabe-se lá o porque do rapaz estar repousando na varanda do apartamento como se fosse íntimo do local e em menos de cinco minutos eles já combinam de sair juntos. Bem envolvente, não? Eles então vão a uma festa da empresa de Alice em uma mansão isolada cercada por um bosque e no final acabam transando no meio do mato. No caminho de volta, ela ultrapassa um carro em uma estrada deserta e Adam provoca o motorista com uma piadinha. Infortunadamente, a pressa acaba fazendo com que eles atropelem um veado e quando o rapaz está tentando tirar o animal do caminho o casal é surpreendido por alguns homens mal encarados. Adam é espancado violentamente e Alice é estuprada. No dia seguinte eles retornam para a cidade grande e então passam a alimentar o desejo de vingança. A premissa é até interessante, mas o problema é que não conseguimos nos simpatizar pelos protagonistas e consequentemente não nos impactamos com a violência que sofreram.

Um mês se passa e na volta de uma visita a casa do pai recém-falecido (mais um gancho desperdiçado para dar algum valor emocional à trama) Alice vê um grupo de homens à cavalo e reconhece um deles como seu estuprador. Então ela e Adam, que ficou com um dos olhos comprometidos, decidem passar uns tempos na tal residência que coincidentemente fica muito próxima a casa de Heffer (Anthony Calf), o suspeito reconhecido. Observando atentamente a movimentação do local e treinando tiros com uma velha arma do pai, o casal violentado planeja uma vingança para todo o grupo. Apesar da ridícula introdução, o longa até que consegue criar um clima envolvente quando as vítimas começam a se articular contra os bandidos, mas qualquer expectativa de que as coisas podem melhorar na reta final vai por água abaixo quando surge a seguinte fala de Alice: “Sabe o que eles fizeram depois que me estupraram? Eles riram. Não posso deixá-los impunes”. O tempo de espera entre a pergunta e a resposta deixa a sensação de que ela fará uma revelação bombástica, mas quando surge tal frase é impossível segurar o riso. Olho por Olho não chega a ter nem 80 minutos de duração, o que já dá ideia de que coisa boa não é, mas Reed abusa da inteligência do espectador oferecendo uma trama rala, com diálogos sofríveis, situações clichês como uso de drogas, mas surpreendentemente ensaia uma conclusão que atinge o máximo do clímax, uma cena que literalmente representa a vingança que a sociedade em geral desejaria a um estuprador, mas ao invés de parar nesse ponto o diretor adicionou pouco menos de cinco minutos de cenas extras totalmente desnecessárias e que tiraram a chance do filme ter um final marcante. Bem, mesmo com o viés do suspense bem trabalhado boa parte do tempo, no conjunto é um trabalho pobre que provavelmente até as emissoras de TV se recusarão a exibi-lo algum dia, mesmo que para tapar buraco na programação.

Suspense - 79 min - 2007 

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