domingo, 12 de agosto de 2018

UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS

Nota 8,0 Homenagem original à Elvis Presley, drama edificante acabou relegado ao ostracismo

Elvis não morreu. Pelo menos não na memória de seus milhares de fãs. Será mesmo? Então como explicar o fracasso da produção Um Estranho Chamado Elvis? Longe de ser uma cinebiografia, o diretor David Winkler e o roteirista Jason Horwitch criaram em conjunto um argumento bastante original para homenagear o astro da música. Desde que sua esposa morreu em um acidente de carro do qual se julga responsável, Byron Gruman (Johnathon Schaech) entregou-se à solidão como única forma de dar sentido à sua dor. Ele abandonou seu curso de medicina, abriu mão da família e amigos e a culpa o consome a tal ponto que nem mesmo teve coragem para substituir a porta de seu carro destroçada no acidente. Um ano após o fatídico episódio, o jovem passa os dias dirigindo sem rumo pelas estradas do interior dos EUA e em uma de suas andanças ele encontra uma figura curiosa: um cinquentão de cabelos pretos, com um avantajado topete, trajando jaqueta cor-de-rosa e carregando uma placa onde se vê escrito a palavra Graceland. Ele pede uma carona até a tal cidade, mas Gruman em um primeiro momento se recusa, pois é avesso a companhias e não deseja de forma alguma voltar ao município de Memphis, local onde perdeu sua esposa. No entanto, mesmo a contragosto, ele acaba aceitando ajudar o caroneiro que se apresenta como Elvis (Harvey Keitel), um homem que 20 anos atrás perdeu sua esposa, filha e a música que tanto gostava, tornando-se assim um andarilho que viaja procurando ajudar pessoas com problemas. Apesar de alguns momentos de lucidez, este homem ao longo do trajeto tenta convencer o rapaz que realmente é o Elvis Presley, embora fisicamente, exceto talvez o cabelo, não se pareça em nada com o ídolo. Todavia, ele diz que precisa chegar a Graceland a tempo de participar de uma grande festa em sua homenagem, justamente no dia 16 de agosto, a data oficial de morte do cantor. Mesmo achando que está acompanhado de um piadista de marca maior, Gruman diz que vai cumprir com sua palavra e até compra um livro sobre o Rei em uma das paradas para testar os conhecimentos do cara que surpreendentemente acerta tudo e sem engasgar em resposta alguma.

A convivência de alguns poucos dias acaba sendo benéfica para o motorista que acaba contagiado pela influência que Elvis exerce sobre todos os lugares em que passa e pessoas que cruzam seu caminho. Podem achar estranho que alguém saia por aí afirmando que é o Rei, mas acabam entrando na brincadeira. O próprio afirma, por exemplo, que quando interceptados por um policial aproveitou-se da idade e localidade do homem da lei para incentivá-lo a falar sobre o músico afinal de contas a região de Memphis parece sobreviver às custas de sua fama e qualquer um acima dos 50 anos pode ter tido algum contato com o falecido. E assim, entre momentos de delírios e outros de sobriedade, a dupla segue viagem com direito a uma paradinha em um cassino onde encontram uma cover de Marilyn Monroe. Ashley Giles (Bridget Fonda) ganha vida fazendo shows interpretando a louraça e fica super animada ao ver alguém que fala com tanta convicção ser o músico-galã, tanto que dá um jeitinho de colocá-lo no palco para se apresentar. A sequência em que canta o sucesso “Suspicious Mind” é o ponto alto da fita. É neste momento que Gruman se convence que o seu companheiro de viagem tem algum tipo de distúrbio, algum trauma que o faz usar a figura de um ídolo para ajudá-lo a suportar a dor e tornar sua existência mais bela, justamente o contrário do que ele fez já que há meses se anulou para viver como uma alma penada pelas estradas. Maluco, fanfarrão ou apenas alguém que faz o bem de uma maneira bastante diferente? Quem é o tal Elvis? Seja quem for, o fato é que sua ajuda é fundamental para o jovem entristecido e o final intrigante permite especulações. Infelizmente esquecido desde seu raquítico lançamento, Um Estranho Chamado Elvis revela-se um agradável drama com toques de humor que no fundo se enquadra na lista daqueles filmes com mensagens edificantes, porém, com um enfoque bastante diferenciado e que agrega pontos à obra. Priscilla Presley, a viúva do homenageado, gostou tanto da sinopse que até aceitou se associar como produtora do longa, o que permitiu que algumas cenas fossem realizadas dentro da própria mansão do astro, local trancado a sete chaves. Além de todo o clima nostálgico proposto, ainda fica a curiosidade de ver a bela Bridget Fonda atuando, já que ela decidiu não levar adiante a glória do sobrenome famoso.

Drama - 97 min - 1998

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