sábado, 12 de maio de 2018

ATAQUE TERRORISTA

Nota 6,0 Longa mostra como Londres usou a luta contra o terror para exorcizar sua xenofobia

Assim como a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto e a Guerra Fria parecem ser temas históricos, políticos e sociais infinitos, quando menos se espera surge algum dado novo ou história interessante que ajudam a preencher lacunas importantes, os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas e a Guerra ao Terror que se seguiu parecem também que vão render muitos filmes ainda. Com o excesso de produções do tipo é normal que as classificadas como excelentes se tornem raridades, medianas tenham aos montes e as ruins surjam às pencas, mas será que aquilo que não nos agrada é necessariamente desprovido de qualidades? Na verdade não. O que acontece é que a tendência é não nos surpreendermos mais com a temática e já estamos em uma fase que é até possível prever os eventos das tramas como é o caso de Ataque Terrorista. Com roteiro de Carl Austin baseado na história original do indiano Jag Mundhra, este também que assina a direção, o filme começa com uma breve explanação do contexto em que a trama é desenvolvida. Poucos meses após os fatídicos atentados que abalaram as estruturas norte-americanas, a cidade de Londres, na Inglaterra, também se tornou um ponto visado por terroristas e a polícia local adotou a chamada Operação Kratos, estratégia de atirar à queima-roupa para matar suspeitos, ou seja, qualquer pessoa com pele mais morena ou traços característicos árabes podia se tornar uma vítima inocentemente. Um jovem com este perfil estava sendo seguido pela polícia e acabou sendo assassinado no metrô ao reagir a voz de prisão. Na realidade, ele levou a mão no bolso apenas para desligar seu toca-músicas que o distraiu e impediu de perceber o alvoroço que estava o local com a ameaça da presença de um terrorista. Como a tática de matar suspeitos sem provas ou ameaças concretas de envolvimento com atividades terroristas estava ganhando ares de crime preconceituoso, a aversão a muçulmanos, a imagem da polícia londrina estava ficando manchada e todos na corporação apreensivos com este novo caso já que autoridades, imprensa e a própria população cobrariam a punição de um responsável.  O inspetor Harry Marber (Ralph Ineson) foi quem matou o rapaz e precisa urgentemente encontrar evidências que comprovem que a vítima era um terrorista.

Começa então uma investigação interna da polícia, obviamente com o intuito de se precaver caso se comprove um erro de estratégia de ação, e curiosamente quem comandará os trabalhos é o comandante Tariq Ali (Naseeruddin Shah), um paquistanês que há anos mora em Londres e que se for bem sucedido no caso poderá ser promovido a comissário. Ele seria o primeiro asiático a ocupar o cargo na Inglaterra que, diga-se de passagem, estava tendo que se acostumar aos novos tempos e aprender a tolerar a invasão de imigrantes. Tentando desmistificar o pensamento de Marber de que todo muçulmano é um terrorista, mas não tendo como rebater a afirmação de que todo terrorista é de origem árabe, Ali acredita na inocência do rapaz falecido, porém, precisa entregar relatórios conclusivos sobre o caso. Essa posição de ainda procurar provas para afirmar sua palavra irrita a comunidade muçulmana que vive em terras britânicas e semanalmente se reúne para orar e confabular a respeito das mortes de inocentes do grupo. Junaid (Om Puri) é um líder que em seus discursos inflamados incita que o troco seja dado na base da violência e seu contato, ainda que distante, com Ali pode custar ao comandante sua promoção.  Este veterano da polícia inclusive se recusa a acreditar que seu jovem sobrinho Zaheer (Mikaal Zulfikaar) possa ter sua mente cotrolada por pensamentos religiosos arcaicos que pregam que a morte como mártir é a garantia da salvação de sua alma, mesmo com todas as desconfianças de sua esposa Susan (Greta Scacchi). Ataque Terrorista peca por tratar o preconceito de forma superficial e consequentemente não condenar com convicção a atuação da polícia. As investigações quanto ao assassinato que abre o longa são bem conduzidas, mas finalizadas de forma abrupta e confusa como se as cenas tivessem sido inseridas de última hora no corte final já que as atenções a certa altura se voltam para a tensão entre Ali e Zaheer. Bem produzido e com fotografia e climatização soturnos, o longa é daqueles que garantem um bom passatempo, mas poderia ser mais bem desenvolvido. Erroneamente a distribuidora Universal rotula a fita como um produto de ação quando na verdade é um drama ou suspense e a confusão de gêneros certamente colabora para o seu ostracismo. Quem espera ver saraivadas de tiros e muito corre-corre vai se decepcionar.

Suspense - 109 min - 2008 

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