sábado, 9 de setembro de 2017

CERCADOS PELO MEDO (2008)

Nota 6,0 Testemunha oculta verdade e coloca vida de inocentes em risco em suspense razoável

Adolescência e criminalidade. Esta é uma mistura perigosa que diariamente alimenta os noticiários, mas ainda há quem pense que tal realidade é quase uma exclusividade do Brasil. Quantas famílias já enviaram seus filhos para o exterior na inocência de que em outro país as coisas são diferentes? Produções como Cercados Pelo Medo servem para dar este alerta. Embora seja uma produção modesta oriunda da TV americana, o longa escrito por Rachel Stuhler é eficiente e cumpre seu objetivo de entreter e porque não levantar uma problemática social. A trama se passa nos arredores de um colégio cujo bairro não tem boa fama e os próprios professores sabem que os alunos consomem drogas livremente e até são seduzidos a fazerem parte do tráfico, mas nenhum teve a coragem de Gloria Abraham (Penelope Ann Miller), a mais nova integrante do grupo de docentes. Em um de seus primeiros dias a caminho do trabalho, ela resolveu pegar um atalho por uma rua quase deserta onde se deparou com um homem disparando uma arma, mas aparentemente sem um objetivo a acertar. Assustada ela acaba indo embora rapidamente, mas mesmo assim Oscar Reyes (Lobo Sebastian) conseguiu gravar bem o seu rosto. Ele é um bandidão conhecido na área por tráfico de drogas e suspeito de pelo menos seis assassinatos, mas mesmo quando capturado pela polícia acaba sendo liberado por falta de provas já que possíveis testemunhas sempre somem misteriosamente. A professora comenta a cena que viu com seu namorado, Daniel Rodriguez (Yancei Arias), também funcionário da escola, mas só alguns dias depois é que descobre que foi testemunha do assassinato de um dos alunos da instituição, Dwayne Evert (Peter Pasco). O garoto fazia algumas entregas de entorpecentes para Reyes e foi acusado de não lhe entregar todo o pagamento das mercadorias. Agora quem está na mira deste criminoso é Gabriel Lopez (Shahine Ezell), amigo do falecido que também entrou para este submundo e logo é ameaçado pelo chefe que tem uma empresa de entregas de fachada e não quer seu nome envolvido com assassinatos, mesmo que para isso seja necessário cometer outros para calar testemunhas.

Uma dessas conversas entre Reyes e Gabriel chama a atenção de Gloria que escuta por acaso a confissão de que o bandido realmente assassinou Dwayne, mas ela acaba sendo descoberta e dominada. Felizmente o segurança da escola conseguiu chamar reforços e prendê-lo, porém, mais uma vez o cara consegue se livrar da cadeia já que a professora ficou com medo de represálias e disse que tudo não passou de um mal entendido. No entanto, a omissão da verdade não a livra de virar um alvo potencial de Reyes e seus capangas que já preparam um acerto de contas para um sábado em que Gloria estará sozinha na escola com alguns poucos alunos para cumprir algumas horas de detenção por mal comportamento. A situação então se complica, pois graças a covardia da moça outros inocentes passam a ter suas vidas em risco e ela terá que criar coragem e enfrentar o seu algoz. O diretor Harry Winer consegue prender a atenção do espectador com um primeiro ato dinâmico e apresentando bem as personagens, porém, é inegável que no clímax poderia ter se esforçado mais. O embate entre mocinha e vilão poderia render muitos momentos de adrenalina e tensão, mas a interpretação apática de Miller e Arias compromete o conjunto, ainda mais com um trio de adolescentes bobocas a tiracolo. Larry Killnor (Carlos Sanz) e Kate Alonzo (Bridget Ann White), a dupla de detetives encarregada de encontrar provas para finalmente colocar Reyes atrás das grades, não colabora muito para movimentar a trama, para variar demorando demais para juntar as óbvias pistas. Diante de tantas produções voltadas ao público adolescente em que o consumo de drogas é exaltado, tornando-o algo tão comum quanto fumar um cigarro ou beber umas latinhas de cerveja, Cercados Pelo Medo tem o mérito de mostrar que por trás da curtição de alguns momentos de prazer provocados por algum “barato” existe um mundo obscuro capaz de viciar e desvirtuar e em ambos os casos oferecendo como ônus uma morte iminentemente precoce. O filme não chega a ser chocante, mas serve como alerta, principalmente para perceber que ao se meter com a criminalidade os efeitos negativos não são individuais e sim coletivos.

Suspense - 80 min - 2008

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