NOTA 9,5 Refilmagem de clássica ficção é divertida, tem bom ritmo e conta com uma parte técnica impecável |
Fazer um remake de um filme de sucesso e cultuado é uma tarefa de muita responsabilidade e praticamente é como mexer em um vespeiro. Uma coisa fora do lugar ou alguma liberdade de criação e pronto, ferroadas não faltarão. Tim Burton sentiu na pele o peso da crítica ao reinventar a seu modo um clássico da década de 1960 que mexeu com a cabeça do mundo todo. Planeta dos Macacos é até hoje um marco do cinema que mistura ficção científica e aventura em uma trama reflexiva onde os papeis se invertem: os primatas tomam o lugar dos humanos e estes, por sua vez, é que passam a ser escravizados e tratados como animais. Na era contemporânea, Leo Davidson (Mark Wahlberg) é um piloto que treina chimpanzés para vôos em uma estação espacial. Em um dos treinamentos, um deles se perde e o rapaz resolve ir procurá-lo. O problema é que essas viagens no tempo feitas em meio a tempestades eletromagnéticas são traiçoeiras. Após sofrer um acidente na espaçonave em que estava, Leo chega a um lugar estranho e primitivo, como se estivesse nos primórdios da humanidade, mas logo ele encontra os habitantes da região e se depara com uma inversão de posições. Essa terra é habitada por macacos e gorilas extremamente inteligentes e racionais que escravizam os humanos que lutam para sobreviver à tirania dos primatas. Capturado por Limbo (Paul Giamatti), um traficante de humanos, Leo é entregue ao cruel general Thade (Tim Roth) que o aprisiona para usá-lo como serviçal, mas o rapaz logo se torna uma séria ameaça à soberania dos poderosos do local e arquiteta um plano para conseguir fugir com um grupo de humanos. Para tanto contará com a ajuda da primata de bom coração Ari (Helena Bonham Carter), mas terá que enfrentar a ira de Thade e seus comparsas, como o seu braço direito Attar (Michael Clarke Duncan).
Burton era até então conhecido por projetos originais e mórbidos, sempre dando destaque aos personagens excêntricos e excluídos da sociedade e caprichando no visual gótico e/ou fantástico. Ao decidir refilmar uma produção de pouco mais de três décadas (lembrando que o remake foi lançado em 2001), o cineasta surpreendeu seus fãs, pois esta seria a deixa para que ele abandonasse o seu estilo marcante e se entregasse a mesmice hollywoodiana apenas reciclando fórmulas consagradas. Bem, na realidade o diretor acabou reinventando o clássico apocalíptico, mantendo muitos elementos da obra original, mas também adicionando boas pitadas de tudo aquilo que ajudou a construir sua fama. A idéia de macacos falantes e assumindo posição de líderes já não causa impacto como antigamente, mas o cineasta foi esperto e se cercou de cuidados para atingir o máximo de espectadores possível. Seus objetivos foram alcançados em termos. O público ficou dividido. Quem não assistiu a série antiga (o original teve mais quatro continuações) embarcou na aventura proposta e aprovou, mas os fãs fervorosos do filme de 1968 torceram o nariz. Sejamos justos, refilmar não é necessariamente fazer uma cópia, mas sim usar o argumento em uma trama adaptada a uma nova época e foi isso que Burton fez. Utilizou a idéia principal, incrementou com os recursos tecnológicos que a modernidade propicia e ainda adicionou doses de adrenalina e tensão para agradar ao espectador contemporâneo, mas ainda assim o longa mantém uma aura nostálgica deliciosa. Claro que o tom gótico e bizarro do estilo do diretor bateu ponto e agregou muito à produção. O cenário da floresta onde a ação se passa e o ambiente das residências dos primatas são primorosos e artesanais. A ausência de cenas em que a luz solar esteja presente totalmente também ajuda a conferir o tom característico dos trabalhos de seu realizador. A ambientação em tons escuros acentua o clima de tensão que a narrativa propõe a partir da caça aos humanos por parte dos primatas, outrora considerados os seres irracionais. O cineasta também deixou claro desde o início que o filme seria simplesmente para divertir, sem pretensões de dar lições filosóficas ou políticas, pois os tempos são outros. O original surgiu em uma época em que sua mensagem por trás do roteiro tinha relevância e impacto na sociedade americana e se alastrou mundo a fora. Mesmo assim, é perceptível no remake ver pinceladas dos temas racismo, opressão e maus tratos aos animais, conceitos perfeitamente aplicáveis à sociedade atual.
Burton era até então conhecido por projetos originais e mórbidos, sempre dando destaque aos personagens excêntricos e excluídos da sociedade e caprichando no visual gótico e/ou fantástico. Ao decidir refilmar uma produção de pouco mais de três décadas (lembrando que o remake foi lançado em 2001), o cineasta surpreendeu seus fãs, pois esta seria a deixa para que ele abandonasse o seu estilo marcante e se entregasse a mesmice hollywoodiana apenas reciclando fórmulas consagradas. Bem, na realidade o diretor acabou reinventando o clássico apocalíptico, mantendo muitos elementos da obra original, mas também adicionando boas pitadas de tudo aquilo que ajudou a construir sua fama. A idéia de macacos falantes e assumindo posição de líderes já não causa impacto como antigamente, mas o cineasta foi esperto e se cercou de cuidados para atingir o máximo de espectadores possível. Seus objetivos foram alcançados em termos. O público ficou dividido. Quem não assistiu a série antiga (o original teve mais quatro continuações) embarcou na aventura proposta e aprovou, mas os fãs fervorosos do filme de 1968 torceram o nariz. Sejamos justos, refilmar não é necessariamente fazer uma cópia, mas sim usar o argumento em uma trama adaptada a uma nova época e foi isso que Burton fez. Utilizou a idéia principal, incrementou com os recursos tecnológicos que a modernidade propicia e ainda adicionou doses de adrenalina e tensão para agradar ao espectador contemporâneo, mas ainda assim o longa mantém uma aura nostálgica deliciosa. Claro que o tom gótico e bizarro do estilo do diretor bateu ponto e agregou muito à produção. O cenário da floresta onde a ação se passa e o ambiente das residências dos primatas são primorosos e artesanais. A ausência de cenas em que a luz solar esteja presente totalmente também ajuda a conferir o tom característico dos trabalhos de seu realizador. A ambientação em tons escuros acentua o clima de tensão que a narrativa propõe a partir da caça aos humanos por parte dos primatas, outrora considerados os seres irracionais. O cineasta também deixou claro desde o início que o filme seria simplesmente para divertir, sem pretensões de dar lições filosóficas ou políticas, pois os tempos são outros. O original surgiu em uma época em que sua mensagem por trás do roteiro tinha relevância e impacto na sociedade americana e se alastrou mundo a fora. Mesmo assim, é perceptível no remake ver pinceladas dos temas racismo, opressão e maus tratos aos animais, conceitos perfeitamente aplicáveis à sociedade atual.
Muita gente criticou a conclusão da obra dizendo que ela é extremamente confusa. O que acontece é que o enredo lida com a fantasia da viagem pelo tempo. Salvo pela nave que carregava o chimpanzé perdido, Leo fez uma nova viagem, mas volta ao mesmo planeta do qual fugiu, porém no futuro, quando os primatas estavam ainda mais evoluídos. Bem, esta é uma das interpretações possíveis. Também podemos compreender que a mensagem que fica é que por mais que evoluímos sempre existirão hierarquia e relações de poder. Quanto mais evoluídos maior o desejo de comandar, de humilhar e explorar os menos favorecidos. De qualquer forma, seja qual for o recado que Burton quis dar, seu Planeta dos Macacos cumpre o que promete: diversão do início ao fim com qualidade e bom enredo. Vale destacar também o elenco escalado para dar vida aos símios, com destaque para Tim Roth e Helena Bonham Carter. Já Mark Wahlberg faz apenas um trabalho correto como herói, mas nada memorável, e ainda derrapa feio ao não demonstrar espanto convincente quando cai na terra onde o poder de subordinação é totalmente inverso ao que conhecemos. Há também a participação especial de Charlton Heston, o protagonista da versão original, como o pai moribundo do vilão, uma merecida homenagem ao ator que marcou época com este título. O Oscar, para variar, pisou na bola com a produção e mais uma vez provou sua falta de comprometimento com a arte cinematográfica. Totalmente merecedor de diversos prêmios técnicos, principalmente o de maquiagem, o longa foi simplesmente ignorado pela Academia de Cinema, uma atitude um tanto questionável. Fazendo um resumão, esta produção tem sim seus predicados, faz uma homenagem ao original, é um primor visual e ainda pode despertar discussões contundentes e atualíssimas, basta dissecar as imagens e os diálogos para compreender os recados implícitos. Não era o objetivo levantar aspectos intelectuais, mas é uma característica positiva, afinal cinema é cultura e quando vem acompanhado de entretenimento de primeira melhor ainda. Vale a pena conferir. Tenha certeza que você não estará pagando nenhum mico.
4 comentários:
Prefiro o original de O Planeta dos Macacos, e não sou grande fã de refilmagens. Porém, entendo que Tim Burton fez um bom trabalho e homenageou a obra clássica com aquele final.
O pior filme de Tim Burton. Uma decepção.
http://cinelupinha.blogspot.com/
Sempre gostei desse filme mesmo ele sendo muito criticado, Tim Burton é o mestre do bizarro e sempre que sua mulher trabalha ao seu lado é sucesso na certa.
Tim Burton é um mestre em criar e recriar mundos absurdos e envolventes, assisti toda série dos Planetas dos macacos, dos anos 70, e a refilmagem do Tim, é um tipo de estoria que a gente deve entrar de cabeça, sem preconceitos e fantasiar com ele, vale a pena, traz grandes reflexões depois: será que somos melhores que nossos ancestrais ou vivemos do mesmo jeito: arrogantes e feras...?????
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