quinta-feira, 11 de março de 2021

NOVIDADES NO AMOR


Nota 4 Devendo em romance e humor, longa também peca pela falta de química dos protagonistas

Entre uma comédia romântica e um romance propriamente dito, embora ambos geralmente envolvam casais que vão passar os filmes às turras para no final se entenderem, o primeiro gênero costuma agradar mais ou agregar mais público por servir de desculpa para os homens se entreterem com uma história de amor. O que acontece é que algumas produções do tipo as vezes são vendidas de forma errada como é o caso de Novidades no Amor, que apesar da leveza é um romance enfadonho com pouquíssimas cenas de humor, além do título vender mal a ideia. De novidades o longa escrito e dirigido por Bart Freundlich não tem absolutamente nada. Sandy (Catherine Zeta-Jones) é uma quarentona recém-divorciada que junto com os dois filhos pequenos se muda para Nova York para recomeçar a vida. Sempre que precisa ela conta com a ajuda de Aram Finklestein (Justin Bartha), um jovem quinze anos mais novo que trabalha na cafeteria que fica no primeiro andar de seu prédio, e que aceita ganhar alguns trocados extras cuidando de suas crianças.

Pouco a pouco, o jovem e a balzaquiana vão descobrindo afinidades e criando afeição até que se descobrem apaixonados. Agora eles terão que enfrentar as dificuldades comuns a um romance entre pessoas com relativa diferença de idade. Ela terá que saber lidar com piadinhas e perguntas de curiosos, convencer os filhos que o babá será mais que um simples amigo da família e, principalmente, ela própria aceitar dar uma nova chance ao amor e superar seus receios. O companheiro, por sua vez, terá que amadurecer e superar o preconceito da própria mãe quanto ao relacionamento. Claro que para sustentar o longa, os protagonistas não tem apenas o dilema amoroso a resolver. Sandy é formada em jornalismo, mas não tem experiência profissional alguma. Abriu mão da carreira para cuidar da família e da casa e agora se vê tardiamente à mercê do restrito mercado de trabalho. Aram também é diplomado, mas é outro que não encontra seu lugar na vida profissional e contentou-se com o emprego como atendente, muito porque sua vida perdeu o sentido depois que descobriu que a ex-namorada estava com ele apenas pelo interesse de que com o casamento pudesse garantir seu visto de permanência nos EUA.

Claro que como toda obra água-com-açúcar que se preze os problemas do casal serão resolvidos rapidamente, assim Sandy consegue um trabalho que lhe garante um padrão de vida razoável e Arom redescobre o prazer de viver quando a conhece, embora a ambição de encontrar uma ocupação melhor permaneça adormecida por puro comodismo, afinal depois de servir cafés basta subir alguns andares para assumir o papel de babá no andar de cima. Além de paquerar a patroa, como uma criança grande ele ainda pode se divertir com os filhos dela jogando videogame e fazendo bagunça. A temática do relacionamento entre uma mulher mais velha e um homem mais jovem é bastante corriqueira no cinema, citando só como alguns exemplos Terapia do Amor Nunca é Tarde Para Amar lançados alguns anos antes. Mudam-se os atores e cenários, mas geralmente tais enredos giram em torno de rapazes imaturos que forçosamente aprendem a lidar com responsabilidades para garantirem independência e assim assumirem uma relação que exige serenidade e compreensão para lidarem com críticas e piadinhas.

Pode parecer estranho que produções dos primeiros anos do século 21 ainda abordem o preconceito com este tipo de relação, mas elas só refletem a imagem da sociedade antiquada que ainda sobrevive e predomina na maior parte das culturas. Aparentemente temos mais liberdades nesses novos tempos, mas não é a mesma coisa ser um entusiasta da luta a favor de uma causa ou ter que lidar com a mesma em seu círculo de amizades ou familiar. Curioso que a própria Zeta-Jones é casada com um homem 25 anos mais velho, o ator Michael Douglas, mas desde o início da relação não sofreram constrangimentos, ao menos não escancarados, talvez por serem ricos e famosos. Já sua personagem e seu affair são pessoas comuns que não estão blindadas pelos holofotes. Novidades no Amor carece de mais conflitos externos para desenvolver a relação do casal protagonista, porém, seguindo essa linha, possivelmente não haveria espaço para a comédia, ainda que Freundlich ofereça o humor em doses mínimas e quase imperceptíveis.

No conjunto, o grande problema do longa é o fato do casal não cativar, não há química entre seus intérpretes e a aproximação entre os personagens soa abrupta. Assim, não há muito o que se esperar deste trabalho de Freundlich que assim como em Totalmente Apaixonados, seu filme anterior, é calcado em estereótipos, piadas sem graças e forçadas e atuações artificiais. Nem mesmo as crianças, Sadie (Kelly Gould) e Frank Jr. (Andrew Cherry), conseguem ser espontâneas. Bastante irregular, tentando construir uma narrativa séria e ao mesmo tempo divertida, o longa se sai melhor quando flerta com temas envolvendo a convivência em família, o que o aproximaria mais de um drama. Pena que a obsessão em entregar um romance force a barra para acreditarmos em uma relação cujo problema não é exatamente a diferença de idade e sim a falta de empatia e sentimentos verdadeiros.

Comédia romântica - 94 min - 2009

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