sábado, 16 de janeiro de 2021

A PATA DO MACACO


Nota 4 Conto de horror inspira obra rasa mais preocupada em assustar do que a discutir o tema


Imagine como seria o clássico conto de Aladdin em versão terror. Esqueça o gênio, troque a lâmpada mágica por outro tipo de objeto considerado místico e tenha em mente que quem o tem em mãos poderá realizar três desejos, mas que na verdade podem se transformar em verdadeiros pesadelos. Por aí você já tem uma ideia do que se trata A Pata do Macaco, adaptação do clássico conto de horror homônimo escrito em 1902 pelo inglês W. W. Jacobs, famoso por sua literatura que mescla humor e suspense. Adaptada pelo então estreante Macon Blair, a trama tem como protagonista Jake Tilton (C. J. Thomason), um jovem desiludido por perder a namorada Olivia (Michelle Pierce) para seu próprio chefe. Após a demissão de um colega, este o lhe presenteia com o tal artefato mágico do título, uma espécie de talismã para a cultura hindu, que poderia lhe conceber três pedidos. Inicialmente animado com a realização do primeiro desejo, um invejável carro na esperança de reconquistar sua garota pelo supérfluo, não tarda ao rapaz perceber que máxima do feitiço volta para o feiticeiro não é balela.

As coisas se complicam quando em um acidente de trânsito que o próprio Tilton provoca seu amigo Tony Cobb (Stephen Lang) vem a falecer. Jake então decide tirar proveito do amuleto e faz seu segundo desejo na esperança que o amigo volte à vida, contudo, o retorno acontece na forma de morto-vivo. Cobb revive desprovido de alma e com um desejo incontrolável de matar a todos que intervenham em seu caminho. Contudo, o zumbi passa a pressionar o jovem para que use o último pedido a seu favor o unindo novamente a seu filho já morto também, mas como deixar um assassino em potencial à solta e talvez trazer ao mundo dos vivos mais um psicopata? Tal enredo é bastante influente na literatura de horror e já rendeu diversas adaptações e variações lançadas para cinema, televisão e teatro. Contudo, este filme é apenas levemente inspirado na obra de Jacobs. O conto original soa bem mais interessante.


A trama escrita no início do século 20 acompanha um casal que ao receber a visita do filho e de um amigo descobre a tal pata empalhada de macaco que reza a lenda poderia conceber três pedidos, porém, a um preço muito alto. Ambicioso, o pai pede uma determinada quantia em dinheiro e de fato a recebe, mas às custas do valor que ganha como indenização do seguro pago pela morte do filho que ocorre logo no dia seguinte do pedido ser manifestado. Arrependido, o patriarca  clama para que o jovem ressuscite, mas logo se arrepende ao perceber que o rapaz não voltou à vida dotado dos mesmo sentimentos e vitalidade de antes, assim usa seu último desejo para que o falecido volte para o mundo dos mortos. De certa forma o enredo ecoa a famosa história do pacto com o diabo na qual um velho senhor pede ao coisa ruim sua juventude de volta sem se dar conta que estava vendendo sua alma. 

A ânsia em obter algum benefício próprio de forma rápida e fácil, mas sem levar em consideração as consequências, é uma temática da qual o cinema bebe na fonte desde os seus primórdios e aposta nas mais variadas formas de expor tal acordo. Cemitério Maldito, O Mestre dos Desejos, A Caixa e 7 Desejos são alguns exemplos só para ficar no campo do terror e suspense. O diretor Brett Simons, que havia feito um trabalho acima da média com seu longa de estreia O Espantalho, aqui desperdiçou um bom material original para se render a uma história mais próxima do estilo dos slashers movies, ainda que com o freio de mão puxado não oferecendo uma violência delirante. A maneira como o tal talismã funciona é jogada rapidamente na tela sem muitos esclarecimentos e o espectador que tire suas próprias conclusões para engolir o que está por vir, inclusive o frágil conflito. 


Por que Tilton não gasta imediatamente seu último desejo para se livrar do zumbi? Obviamente há uma manobra do roteiro para que Cobb faça Olivia de refém, embora para um morto-vivo agindo por impulso e irracionalmente ele pareça bastante astuto e capaz de elaborar emboscadas e perseguições. Ainda assim, a atuação de Lang é de longe o melhor que A Pata do Macaco tem a oferecer construindo um personagem complexo, mas sem descartar os estereótipos típicos do perfil. Thomason também oferece o que se espera do herói de uma produção do tipo, algo razoável que consegue prender a atenção boa parte do tempo, mas que entrega uma conclusão capaz de fazer Jacobs se revirar no túmulo caso soubesse que seu nome está atrelado ao longa.

Terror - 91 min - 2013

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