quarta-feira, 26 de agosto de 2015

COMO PERDER UM HOMEM EM 10 DIAS

NOTA 7,0

Casal protagonista se une
com o intuito de se dar bem
na vida profissional, mas é
o amor que fala mais alto
No gênero das comédias românticas é muito comum o tema dicas para se dar bem no amor. Os roteiros variam colocando seus protagonistas a serviço de um manual ou livro de autoajuda, a serviço dos conselhos de amigos ou até mesmo uma reflexão dos personagens revendo suas vidas amorosas para não repetir os mesmo erros em uma próxima vez. Você já viu algo do tipo inúmeras vezes em filmes da Jennifer Lopez, Drew Barrymore, Jennifer Anniston e tantas outras atrizes que são sinônimos deste gênero cinematográfico, mas e um longa criado justamente para ensinar as regras básicas para destruir um relacionamento?  Pois este é o mote principal de Como Perder um Homem em 10 Dias, uma divertida comédia romântica na qual tanto a mocinha quanto mocinho embarcam em uma relação amorosa não visando melhorar suas vidas pessoais, mas sim as profissionais. Benjamin Barry (Matthew McConaughey) é um publicitário que faz uma ariscada aposta com seu chefe. Convencido de seu potencial para conquistar mulheres, ele terá apenas dez dias para fazer uma dama cair aos seus pés de paixão, assim ele terá o direito de gerenciar a conta e desenvolver uma importante campanha de vendas de diamantes que foi entregue à empresa em que trabalha. Na mesma noite em que o pacto é feito Barry encontra sua vítima. Ela é Andie Anderson (Kate Hudson) que em uma primeira conversa com o rapaz já se mostra disposta a ser mais que uma amiga para ele, porém, na realidade ela deseja o namoro tendo segundas intenções. Ela é uma jornalista que está cansada de escrever matérias fúteis para uma revista feminina e propõe à sua chefe que caso ela escreva um texto excepcional sobre um tema mais original poderia então ser alçada a um patamar mais respeitável na redação. Assim ela troca as triviais dicas para ter um relacionamento de sucesso para mostrar às mulheres as coisas que elas fazem e que acabam por espantar os homens. Andie não está atrás de teorias, mas sim de viver na prática os erros propositalmente a cada novo encontro com Barry. Um amor baseado na desonestidade tem futuro? Por se tratar de uma típica comédia romântica americana você já sabe como tudo vai acabar e talvez seja no conforto em saber que o final feliz está garantido que resida o segredo do sucesso de produções do tipo. Repetem-se os atores, personagens e conflitos, uma ou outra mudança aqui ou ali, mas sempre há uma ampla legião de espectadores a disposição desses produtos.

O roteiro de Burr Steers, do elogiado A Excêntrica Família de Igby, acaba fazendo uma boa mistura de clichês com certa dose de ousadia. No início somos apresentados aos protagonistas e aos seus universos. Ele é o típico garanhão que conquista uma mulher por noite, parece ser bem de vida e adora uma ostentação e elogios. Já a mocinha é aquela garota que não se conforma com a posição medíocre que as mulheres ocupam em pleno século 21, inclusive pelos olhares de pessoas do mesmo sexo que parecem satisfeitas com o rótulo de fúteis ou com a situação rebaixada, por isso ela é cheia de planos para contradizer as regras. Kate e McConaughey formam um casal com química e timing cômico considerável. Na época o ator já era um galã do gênero enquanto a jovem atriz ainda não acumulava muitos trabalhos de destaque no cinema, mas aqui o embate é de igual para igual e eles dominam as atenções. Até os coadjuvantes que geralmente salvam uma comédia romântica do desastre aqui ficam apagadinhos. A tela é para o casal protagonista brilhar e se divertir. Se os primeiros e os últimos minutos são totalmente previsíveis e até um pouco sem graça, o que importa é o recheio, como vai se desenrolar a relação destes dois canastrões. Barry tem que tentar fingir que está realmente apaixonado e por isso suporta todas as loucuras de Andie que desde o primeiro encontro começa a tocar o terror. Ela esquece a bolsa no apartamento do rapaz já com um plano em mente, enche o saco porque ele comprou refrigerante normal e não o diet fazendo-o perder a final da partida de basquete de seu time favorito, o obriga a cuidar de um cachorrinho e de uma samambaia como prova de que ele está pronto para cuidar de uma esposa e filhos, estes que já tem seus rostos semi-definidos através de um moderno programa de computador que tratou de imaginar como seriam os frutos da união deste casal e por aí vai. Porém, a certa altura Barry já está tão envolvido com a moça que aceita até levá-la para sua família conhecê-la, o que acaba balançando também o coração dela que percebe que pela primeira o rapaz estava sinceramente apaixonado. Sem saberem dos reais planos um do outro, chega o momento em que eles questionam a si mesmos se está certo enganar a pessoa que ama, contudo a vontade de se dar bem profissionalmente fala mais alto até que a verdade vem a tona em uma festa de gala. Quando os protagonistas começam a trocar farpas diante de todos os convidados é a parte que fica mais evidente uma tremenda escorregadela do roteiro, uma sequência forçada e que não combina muito bem com o caminho traçado até então, mas para quem já está envolvido pela açucarada trama (os mais críticos já devem estar neste ponto com os nervos à flor da pele) não tem problema algum, o importante é que eles se entendam no final. Pelo tom anárquico de boa parte do filme, a conclusão acaba por se tornar anti-climática, porém, agrada em cheio a seu público-alvo, mas os homens não poderão dizer que estas quase duas horas de seu pretensioso tempo foram desperdiçadas totalmente. Umas boas risadas são garantidas e certamente algumas pessoas até se verão no filme reconhecendo situações constrangedoras pelas quais já passaram.

O diretor Donald Petrie, que anteriormente havia lucrado e colhido muito mais críticas positivas, pelo menos do público, dirigindo Sandra Bullock em Miss Simpatia, aqui consegue fazer uma comédia que divide opiniões, principalmente porque muitos consideram que ele exagerou em alguns aspectos. Além dos truques de Andie serem absurdos, a edição acabou imprimindo um ritmo frenético à narrativa para conseguir condensar o máximo de acontecimentos do período de dez dias da convivência dos protagonistas. Isso pode ser visto como um defeito, mas evitar a enrolação foi benéfico à produção. Embora a duração seja bem longa para os padrões do gênero, esta comédia passa rapidamente, diverte mais que emociona e não causa danos ao cérebro de ninguém. Como Perder um Homem em 10 Dias acaba sendo uma vítima das críticas negativas. Hoje em dia a muito pouca inovação no cinema em termos narrativos, e as que surgem as vezes são aplaudidas por pessoas que sequer entenderam o filme. É bem mais satisfatório e honesto quando temos a coragem de dizer que uma obra cinematográfica é realmente divertida mesmo recorrendo a clichês, estereótipos e absurdos, desde que tudo isso seja apresentado de forma digna como neste caso. O que um crítico irredutível espera de uma comédia romântica para oferecer pelo menos um elogio? Não há o que inventar. A fórmula repetitiva é o segredo do sucesso e o final feliz é a regra básica. O encontro inesperado, a construção do amor a partir de eventos cotidianos e até a ruptura do casal em tom dramático tem que fazer parte. Os protagonistas bonitos e simpáticos também não podem faltar, além de um momento família inserido na trama mesmo que de modo forçado. Nesta obra só faltou o melhor amigo gay da mocinha. São todos estes ingredientes que transformam este trabalho em uma deliciosa e atemporal sessão da tarde, com potencial para se tornar um clássico do gênero da mesma forma que aquelas comédias bobinhas dos anos 80 continuam até hoje fazendo muitos adultos e até as novas gerações se divertirem. Sugestão acima da média para matar o tempo ocioso e de quebra ficamos conhecendo algumas situações de como enlouquecer um crítico em dez minutos. Se você não é um “cri-cri” de plantão divirta-se!

Comédia romântica - 116 min - 2003 

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Um comentário:

renatocinema disse...

Diverte e agrada......ou seja, recomendado para quem quer algo light.