sábado, 6 de março de 2021

ECOS DO ALÉM


Nota 6 Apesar do tema batido. longa aposta em clima assustador aliado a roteiro instigante

No final da década de 1990, após uma série de filmes capengas sobre fantasmas, O Sexto Sentido sacudiu o coreto e trouxe novo fôlego ao filão. Na cola deste sucesso inesperado, dezenas de outras produções também tentaram explorar o terreno do sobrenatural, mas acabaram fracassando como é o caso de Ecos do Além. Apesar de um bom argumento e estilo narrativo com apelo nostálgico, contudo, o longa não provoca grandes sustos e tampouco indagações. Você acompanha a trama com certo tédio na esperança de que alguma reviravolta surpreendente irá acontecer, mas o filme termina sem deixar muitas lembranças. A história tem como protagonista Tom Witzky (Kevin Bacon), um pacato técnico de telefonia e pai de família que aceita ser hipnotizado pela cunhada Lisa (Illeana Douglas) durante uma reunião  entre amigos, mas o que deveria ser uma simples brincadeira acaba fazendo com que ele passe a ser assombrado por estranhas visões e barulhos. As manifestações, os tais ecos do além do título, começam a lhe perturbar naquela mesma noite assim que ele e Maggie (Kathryn Erbe), sua esposa grávida, chegam à casa que eles alugaram recentemente.

Obcecado, Witzky tenta descobrir o que causou mudanças repentinas em sua vida e o porquê de ele estar vendo em sua casa aparições de uma jovem que ele desconhece. Algum tempo depois, ele acaba por ver a imagem da mesma garota em uma fotografia e descobre que seu nome é Samantha (Jennifer Morrison) e que está desaparecida já há algum tempo. O espectro da jovem também passa a fazer contato com o filho de Witzky, o pequeno Jake (Zachary David Cope), assim esse pai atormentado passa a agir desesperadamente até conseguir descobrir quem é e o que aconteceu com essa jovem. Para tanto, ele passa a cavar todo o quintal de sua propriedade na expectativa de encontrar o corpo dela acreditando que a morte de Samantha esta intimamente ligada com sua residência, porém, desenterrar essa história pode trazer sérias consequências para ele e sua família. Como diz a frase publicitária do longa, em toda mente existe uma porta que não deveria nunca ser aberta, mas quem procura acha...  E nem sempre as revelações são agradáveis.


Uma vez incrédulo quanto a hipnose, o protagonista se sujeitou à intervenção  levando tudo na brincadeira, mas acabou fazendo uma viagem pelos desconhecidos caminhos de sua mente e ao retornar do transe um portal ficou aberto permitindo uma comunicação com o mundo dos mortos, assim ele se transforma em um receptor. Baseado no romance "Stir of Echoes", de Richard Matheson lançado na década de 1950, este suspense conta uma história de fantasmas com argumento bastante interessante e que mexe com a curiosidade sobre a vida após a morte, mas o roteiro infelizmente se entrega a  clichês do gênero. Sua ideia básica é a mesma que norteia a maioria dos filmes desta seara com uma alma atormentada que precisa ter desvendados os mistérios que cercam o seu desaparecimento em vida e ter seu cadáver encontrado para que possa finalmente descansar em paz. E olha que na época deste lançamento ainda nem estavam na moda as refilmagens de longas de horror orientais que em peso se sustentam sobre tal argumento.

Na comparação com o citado O Sexto Sentido, no qual um garotinho podia falar com mortos que também desejavam ser ouvidos, Ecos do Além fica parecendo seu primo pobre. Para quem está habituado a produções do tipo, o longa dirigido por David Koepp pode se tornar arrastado e desinteressante devido a previsibilidade e a ausência de cenas fortes de violência. O cineasta se concentrou mais em elementos sobrenaturais resultando em uma produção que aposta no suspense psicológico e no horror sutil, assim tornando-se de melhor assimilação por um público mais amplo. Experiente roteirista, tendo colaborado nos textos de sucessos como Parque dos Dinossauros Missão Impossível, Koepp aqui também assumiu a escrita do enredo apostando todas as suas fichas nas neuroses do protagonista, contudo, a sensação de que falta algum elemento para a trama deslanchar é constante. Por outro lado, a parte técnica cumpre bem suas funções criando uma atmosfera obscura e de medo constante, ainda que não abra mão do vício de adiantar os sustos com auxílio de recursos sonoros e movimentos rápidos de câmera.

Bacon, então já há algum tempo amargando fracassos e encarando fracos personagens, aqui teve a oportunidade de se destacar mostrando a gradativa entrega de um homem perturbado aos seus temores, praticamente um ensaio para o papel que desempenharia no ano seguinte em O Homem Sem Sombra como um indivíduo com sérios comprometimentos mentais e emocionais intensificados pela obsessão. O enfraquecimento deste título de suspense sobrenatural ao longo dos anos pode ser justificado por sua falta de ambição que o coloca em pé de igualdade a tantas outras produções semelhantes que são lançadas apenas para lucrar alguns trocados sem muito o que oferecer em troca. Todavia, para quem curte uma fita de horror à moda antiga, com mais conteúdo que sustos gratuitos, eis uma boa pedida.

Suspense - 99 min - 1999 

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9 – 10 Excelente, praticamente perfeito do início ao fim
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Um comentário:

renatocinema disse...

Não esperava nada do filme quando assisti...esta longe de ser perfeito. Mas, é uma opção para quem gosta do gênero.