Nota 2,0 Como todo filme estrelado por Wesley Snipes, adrenalina tem de sobra e criatividade zero
Desculpe a falta de finesse, mas
falar mal de A Cilada é como chutar um bêbado
caído no chão, não tem a menor graça. Aliás, é uma forma de reiterar o quão
desprezível é o currículo de Wesley Snipes, salvo uma ou outra produção no
máximo mediana. O ator, que teve a carreira prejudicada ao ser encarcerado por
sonegação de impostos, teve raros lapsos de veia artística genuína e acabou se
acomodando no gênero de ação no qual apenas repetia os mesmo tipos de papeis.
Herói ou bandido, o público sabia exatamente o que esperar de seus filmes e o
astro que fez fortuna com a trilogia Blade
- O Caçador de Vampiros nos últimos anos só tem conseguido emplacar no home
vídeo. Seu nome já não faz bilheteria há um bom tempo e o longa em questão,
dirigido por Christian Duguay, já mostrava que o retrocesso caminhava lado a
lado com a imitação. Clichês não faltam à produção que na época foi divulgada
exaustivamente por um trailer de cinema que praticamente resumia o longa em
dois ou três minutos. Quem se dispunha a suportar as longas duas horas da fita
tinha a impressão de apenas acompanhar cenas adicionais para amarrar os
momentos principais já previamente divulgados. Na trama, China e EUA estão
prestes a assinar um acordo de paz entre suas nações, então é acionado Neil
Shaw (Snipes), um agente especial da ONU para cuidar da segurança do encontro
entre os líderes dos dois países. Em paralelo, um contêiner lotado de corpo de
refugiados vietnamitas aparece abandonado em Nova York e poucos dias depois o
embaixador chinês Wu (James Hong) é baleado durante um evento de
confraternização. O título brasileiro já entrega o que deveria ser o trunfo da
fita. Por uma confusão, Shaw passa a ser o principal suspeito do assassinato
ficando na mira do FBI e de uma quadrilha de gângster e precisa correr contra o
tempo para provar sua inocência.O roteiro de Simon Barry e Wayne Beach não traz absolutamente nada de novo ao gênero e muito menos ao currículo de Snipes cujo nome na época ainda tinha certo valor e prestígio junto ao público. O filme se garante por conta do ritmo nervoso crescente, edição ágil, lutas bem coreografadas, efeitos sonoros estridentes, enfim, tecnicamente tudo é muito bem produzido, mas o problema é mesmo narrativo. Quando as motivações para as ações dos personagens vem à tona, bem como aquelas supostas reviravoltas surpresas, o roteiro cai em um emaranhado de clichês e bobagens. O final, em especial, chega a constranger, talvez nem tanto hoje em dia, mas naqueles tempos do fenômeno Matrix era nítida a falta de criatividade em algumas cenas, ainda que poucas, totalmente chupadas do longa estrelado por Keanu Reeves. Os efeitos de balas voando com a câmera seguindo o percurso desde os disparos até atingir seus alvos são idênticos, mas já não eram novidades. Com o título original de "A Arte da Guerra", que refere-se a um antigo texto chinês com o mesmo nome redigido por um estrategista de guerra, mas que aos leigos não traduz muito bem o conteúdo do longa, A Cilada ganhou duas continuações lançadas diretamente em DVD, sendo só a segunda estrelada por Snipes. Os produtores deveriam analisar melhor os projetos que bancam. Se o original não fez sucesso e foi sucumbido pela ação implacável do tempo, porque apostar em uma franquia com todos os predicados necessários para fracassar? São ações do tipo que destruíram carreiras de astros de ação do passado e colaboram para a estigmatização de que o gênero é desprovido de conteúdo e movido a produções capengas que custam uma ninharia e o pouco que geram de lucro não justificam qualquer tipo de investimento. Snipes infelizmente se deslumbrou com o rótulo de astro, acomodou-se na profissão e hoje seu nome é tão pueril quanto o de Dolph Lundgren ou Steven Seagal. Agora com os declínios das videolocadoras que abraçavam suas produções, o que será desses brucutus?
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