Nota 3,0 Apesar dos esforços dos animadores, não há desenho que se sustente sem boa trama
O cinema italiano é conhecido por
bons dramas, romances e comédias, algumas produções inclusive tornaram-se
clássicas na História da sétima arte. Nos últimos anos o país também passou a
investir em filmes de suspense, policiais e até no campo da animação, contudo,
pelo que se vê em Uma Aventura Animal, a turma de lá ainda precisa comer muita
macarronada e beber muito vinho para chegar a um mercado competitivo do gênero.
Fora a tentativa de forjar em vários momentos uma interação entre os
personagens e quem assiste, a produção não traz nada de novo, pelo contrário, é
um amontoado de equívocos. A trama escrita por Francisco e Sergio Manfio, este
último também diretor, acompanha as aventuras de uma turma de animaizinhos em
busca de um segredo secular. Aldo, para variar uma sábia coruja que cuida de
uma importante biblioteca na cidade de Veneza, está muito interessado em saber
mais sobre o chamado “Código de Marco Polo”, escritos feitos pelo lendário
viajante após uma viagem à China. Alda, a irmã do bibliotecário, já está em
campo na cidade de Kebab em busca deste material histórico e em breve ganhará a
ajuda do irmão e seus amigos nesta expedição. Contudo, gente do mal também está
atrás desta misteriosa informação. Cambaluc e Cuncun, dois furões um tanto
atrapalhados, descobrem os planos da turminha e avisam a bruxa Gralha que
também está interessada no tal código. Ela vive com seu fiel escudeiro Ambrósio
no Himalaia em uma região isolada literalmente sob as trevas. Sua casa é o
Palácio da Magia, local descoberto pelo próprio Marco Polo há 800 anos.
Fascinado pela construção, local que abrigava os mais antigos feitiços
orientais, seus escritos após seu regresso da China tratam justamente sobre a
construção de um palacete idêntico na Itália, mas desconhecido. Tal segredo
está contido em uma pedra desaparecida a qual Alda estava prestes a encontrar,
mas Rajin, um macaco a serviço da bruxa, consegue colocar as mãos primeiro no
objeto que quando posicionado sobre o piso da mais antiga biblioteca de Veneza
revela o código. Obviamente tal local é onde trabalha Aldo o que o obriga a
viajar rapidamente com seus amigos para voltar a tempo de evitar que Gralha
tenha a revelação só para si.
O grande segredo da trama é que
existe um segundo palácio idêntico ao da bruxa escondido sob as águas dos rios
venezianos, um capricho do próprio Marco Polo que queria ter uma grandiosa
construção como a que viu no Himalaia em seu país, mas a única forma de ter e
não ser descoberto seria construí-lo de forma subaquática. O tal código seria
um número com instruções para rastreamento e acesso da sala exata do Palácio da
Magia na qual poderia ser realizado um feitiço que drenaria todos os canais de
Veneza, assim substituindo as tradicionais gôndolas de locomoção por carros e
outros veículos terrestres, ou seja, uma cidade turística seria destruída para
dar lugar a mais um espaço urbano comum e poluente. Tal mágica só seria
possível com a sintonia dos dois castelos, pelo menos teoricamente seria isso.
Poderia ficar latente a vontade dos Manfio em falar sobre a preservação das
características históricas de um ambiente ou algo assim com este trabalho, mas
o conjunto revela-se tedioso e com muitos pontos sem explicação. Qual a relação
exata dos dois palácios para a conclusão da magia? Por que o código estaria
escondido em uma região que remete a paisagens desérticas? Por que Marco Polo
teria interesse em construir um castelo que ficaria escondido de qualquer
forma? Fora tais questões (talvez até respondidas, mas a dispersão de atenção é
inevitável e compromete o entendimento do enredo), Uma Aventura Animal ainda
tem sérios problemas narrativos e de construção de perfis. São muitos
personagens em cena com nomes difíceis de gravar (cada um recebe uma
denominação diferente na dublagem, na tradução e nos créditos finais), muitos
deles sem função alguma na trama e alguns são animais de difícil identificação
até mesmo para os adultos, que dirá para as crianças. E não é só o visual das
criaturinhas que não dá liga. Fora o pequeno pintinho chamado Sem Nome que
tenta trazer alguma graça à produção, todos os outros são figuras que não
cativam, ainda mais pela rapidez com que a história é contada, não havendo
espaço para desenvolvimento de perfis e abrindo brechas para cenas mal
explicadas ou desnecessárias no contexto. O motivo que faz Gralha odiar a
famosa cidade italiana e que a leva a apelar para o feitiço da aridez, por
exemplo, é totalmente estúpido. Vencedor de um prêmio especial no Festival de
Cinema de Veneza, talvez para incentivar a produção de animações na Itália,
infelizmente este não é um bom filme. Por mais que nos
esforçamos para dar um voto de confiança, do início ao fim a grande diversão é
tentar somar os pontos que nos incomodam, incluindo os ineficientes números
musicais, o que no final resulta em um saldo negativíssimo.
Animação - 80 min - 2010
Um comentário:
MEU DEEEEUS O TANTO QUE EU PROCUREI O NOME DESSE FILME. marcou minha infância e eu cheguei a achar q ele tinha sido um delirioooo meu pai amado onde consigo assisitir????
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