O diretor Jamie Thraves, que
também assina o roteiro, optou por uma narrativa melancólica para contar a
história de duas pessoas que vivem uma estranha relação. Eles não se sentem
atraídos por conhecerem bastante um sobre o outro, mas o mistério é que os
envolvem, a ausência de informações é que faz surgir a faísca que os une. Pode
parecer estranho que alguém convide um desconhecido para entrar em sua casa e
que quase que imediatamente surja um sentimento de amor ou atração entre eles,
mas histórias como essa não são invenções do cinema e acontecem na realidade
com uma frequência maior do que imaginamos. Algumas podem acabar com finais
felizes, mas a maioria termina em tragédias como no caso do filme. Até quase a
metade do longa esta bizarra história de amor é conduzida em banho-maria e com
diálogos irregulares e alguns desconexos. Para quem não desistir do filme até
então, a segunda metade compensa o esforço. A partir do momento em que o
protagonista é acusado de assassinato, mesmo alegando que só golpeou o rival como
um ato de autodefesa e que ele ainda estava com vida a última vez que o viu, a
narrativa abre caminho para uma intricada trama policial com boas reviravoltas
e uma participação maior da ex-mulher do protagonista, uma personagem que inicialmente
parece sem função alguma, mas depois surge com força para complicar ainda mais
a situação do antigo marido. Baseado no romance “The Cry of The
Owl”, de Patricia Highsmith que já havia sido adaptado para o cinema em 1987
pelo cineasta francês Claude Chabrol,
O Voo da Coruja é um pequeno e
eficiente suspense que prende a atenção dos espectadores que não gostam de
todos os fatos mastigadinhos ou simplesmente entregues nos primeiros minutos.
Até subirem os créditos finais muitas coisa pode acontecer. Ah, e quanto a coruja
do título é explicado no filme que ela é um símbolo de que algo ruim está para
acontecer, possivelmente algum caso de morte. Coitadinhas das guardiãs da
noite. De símbolo de sabedoria rebaixadas a sinal de mau agouro.
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