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NOTA 10,0 Escondendo os horrores da guerra através de uma criativa desculpa, o filme já nasceu para ser um clássico |
A Itália tem seu cinema reconhecido tanto por parte do público quanto pela crítica e vem conquistando diversos prêmios e legiões de fãs mundo afora há várias décadas. Além de títulos de sucesso, o país também gerou ídolos mundiais das artes dramáticas como Sophia Loren, Marcello Mastroiani e... Roberto Benigni. Bem, ele alcançou a fama na década de 1990 através de comédias simpáticas, mas teve seu ápice quando armou o maior estardalhaço na cerimônia do Oscar para comemorar seu merecido prêmio de Melhor Ator por A Vida é Bela. Podem passar anos e mais anos, mas o nome desse ator certamente ainda será lembrado pelo público brasileiro com ressalvas ou até mesmo raiva. Justamente no ano em que parecia que finalmente ganharíamos o nosso tão sonhado Oscar levamos uma rasteira. É praticamente impossível falar deste marco do cinema sem lembrar do brasileiro Central do Brasil, duas grandes produções que disputaram praticamente todos os principais prêmios de cinema da época, mas a Academia de Cinema decidiu agraciar o épico italiano, fato que deixou o pessoal aqui na terrinha com um sabor amargo de tristeza e decepção. Muita gente até hoje se nega a assistir o concorrente, mas não há como negar que ele tem um visual de encher os olhos e uma trama muito emocionante, o que certamente seduziu os votantes que avaliam as produções estrangeiras, geralmente profissionais de mais idade e defensores de um cinema tradicional e romanceado. Os dois longas, apesar de possuírem diferentes estruturas e narrativas, têm em comum a idéia de envolver em suas histórias um garoto cativante e sonhador e a personagem principal feminina ter o mesmo nome, mas as coincidências terminam por aí. É preciso deixar o espírito patriota de lado para poder esmiuçar ambas as obras e descobrir o que há de tão especial em um que o outro não tenha. Não é fácil fazer análise de produções que praticamente empatam no quesito emoção e enredo, mas a resposta pode estar mesmo no orçamento refletido nas telas. O filme de Walter Salles é bem realizado, mas apresenta um cenário muito comum, quase sem vida, um cotidiano pobre estampado a cada nova cena. Já Benigni investiu pesado em ambientações, figurinos e objetos cenográficos para conferir uma aura de conto de fadas a um trabalho que começa realmente com um jeitinho encantador, mas depois abre espaço para uma dura realidade onde as cores tristes e acinzentadas predominam, porém, os diálogos e situações tratam de manter o lúdico em evidência até o último take que, diga-se de passagem, é bem tocante, mas um tanto apressado. No final das contas, digamos que o nosso representante, visualmente falando, era um produto desnudo perante o outro vestido em trajes finos para festa.

Deixando de lado a mágoa do passado, para descobrir as mensagens e qualidades deste filme italiano não é preciso muito esforço, tudo está bem mastigadinho na tela e meticulosamente trabalhado para levar o espectador a se emocionar e, se possível, se esvair em lágrimas. A história se divide em duas partes distintas, porém, a fantasia e o bom humor estão presentes sempre. Tudo começa às vésperas do início da Segunda Guerra Mundial, mas não sentimos um clima pesado e depressivo graças a alegria e otimismo exalados por Guido (Benigni), um judeu que se apaixona a primeira vista por Dora (Nicolleta Braschi), a noiva de um oficial nazista. Ignorando os perigos ou convenções sociais, este homem não perde a chance de cortejá-la e a moça se rende ao seu charme e decide fugir com ele justamente no dia de seu noivado. Cinco anos se passam e o casal está levando uma vida feliz e confortável ao lado do filho, o pequeno e esperto Giosuè (Giorgio Cantarini). Tudo ia bem até que o exército alemão aparece de surpresa e captura pai e filho e os leva para um campo de concentração. Em seguida, Dora também se oferece para ser enviada ao local. Para evitar que o menino se traumatizasse com a dura e triste realidade do local, Guido usa sua criatividade para mascarar a situação e inventa que eles estão participando de uma gincana para ganharem um tanque de guerra. Contando com a compreensão dos outros prisioneiros, todos acabam entrando nessa fantasia para preservar a inocência do garoto, este que não estranha ter que ficar escondido ou não falar uma única palavra em alguns momentos. Tudo para ele pode gerar importantes pontinhos para a realização de um sonho que na verdade era um pesadelo. Só pela sinopse já é possível se emocionar, imaginar o que vamos encontrar e entender as razões desta obra ter conquistado o Oscar de filme estrangeiro e ainda ter garantido uma vaga entre os finalistas da categoria principal, um feito raríssimo, além de ser até hoje uma das produções mais comentadas e elogiadas da história do cinema. A trama é de fácil compreensão e identificação em qualquer parte do mundo e a crítica se rendeu completamente parabenizando a ousadia de Benigni, que não só atua, mas também é o responsável pela direção e roteiro, em retratar os horrores dos campos de concentração nazistas através de um olhar mais leve e brando, com passagens divertidas e extremamente tocantes.


Vencedor do Oscar de filme estrangeiro, ator (Roberto Benigni) e trilha sonora
Drama - 116 min - 1997
2 comentários:
Um belíssimo titulo pra um filme mais belo ainda. Inesquecível.
http://cinelupinha.blogspot.com/
ai ai ai, tenho sentimentos contraditórios pela a vida é bela, amooo CENTRAL DO BRASIL, foi uma pena os dois filmes serem no mesmo ano, enfim... a vida é bela é daqueles melodramáticos que te pega, raridade nos dias de hoje, onde se pratica com pouco amor uma paternidade...vale a pena ver
e chorar...
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