domingo, 17 de janeiro de 2016

OPERAÇÃO LIMPEZA

Nota 4,0 Nonsense e clichê, comédia se perde em sua própria ânsia de querer ser mais do que pode

Fábio Porchat, Paulo Gustavo e Marcelo Adnet são alguns nomes fortes da comédia brasileira e seus filmes costumam fazer sucesso nos cinemas e depois repetidos a exaustão na TV, mas certamente se exportadas suas produções seriam fracassos. Eles trabalham com um tipo de humor muito próprio e tiveram a ajuda da mídia para se destacarem. A grosso modo podemos dizer que eles são equivalentes a Xuxa ou os Trapalhões anos atrás. As pessoas não ligam muito para os roteiros, mas assistem seus filmes por causa dos artistas em questão. Nos EUA também há muitos casos semelhantes de humoristas que bombam na TV e em shows stand up e que também tentam fazer carreira no cinema, mas fora do solo ianque seus nomes não dizem nada. Cedric the Entertainer é um exemplo. No Brasil ele é um ilustre desconhecido. É aquele cara engraçado que sabe que já viu em outras produções, mas não conhece o nome e nem se lembra de algum papel marcante. Suas escolhas também não ajudam para ter popularidade. Em Operação Limpeza ele interpreta Jake Rodgers, um homem comum que certo dia acorda em uma linda suíte de hotel com uma terrível dor de cabeça, mas perto de uma maleta contendo milhões de dólares. Porém, do outro lado da cama, se encontra o corpo de um agente do FBI. Ele não se lembra de absolutamente nada que aconteceu, não se recorda nem mesmo de Diane (Nicollette Sheridan), sua esposa que o resgata dali e o leva para uma gigantesca mansão que afirma ser dele. Na verdade ela pretende drogá-lo para conseguir informações sigilosas que podem estar perdidas em sua mente. Rodgers descobre o plano a tempo de fugir e eis que conhece a garçonete Gina (Lucy Liu) que também diz ter um relacionamento amoroso com o desmemoriado e afirma que ele trabalha como faxineiro em uma companhia de videogames, embora ele bata o pé que é um agente secreto da CIA cujo codinome é "The Cleaner". Agora ele quer provar sua versão dos fatos ao descobrir que poderia incriminar o presidente da tal empresa de games, o poderoso Eric Hauck (Mark Dacascos), e também terá que enfrentar Riley (Will Patton), também envolvido com falcatruas.

Pelo título e os minutos iniciais já percebemos que esta comédia não vai muito longe sendo uma típica produção que no máximo pode entreter em uma tarde chuvosa ou de ócio, mas para se esquecer com a mesma rapidez que se devora um balde de pipoca. Tem bastante corre-corre, piadas idiotas, mulheres bonitas exibindo seus corpos com roupas provocantes e um protagonista que nada mais faz que repetir trejeitos e caretas de outros atores negros que se destacaram em comédias, como Eddie Murphy ou Martin Lawrence. O roteiro rocambolesco engloba algumas poucas situações genuinamente divertidas, outras forçadas e muitas cenas desnecessárias apenas para preencher uma trama que daria um enxuto episódio de sitcom, tudo conduzido por um elenco que carece de equilíbrio. Entertainer até que segura bem as pontas como protagonista, embora por vezes sua cara de bobo seja irritante, mas pelo menos evita o quanto pode as tão corriqueiras piadinhas raciais nesse tipo de fita. Os vilões de Patton e Dacascos, assim como outros que entram e saem de cena sem dizer a que vieram, causam risos não por serem divertidos e sim pelo constrangimento de seus perfis, totalmente sem personalidades. O diretor Les Mayfield já havia explorado o casamento de ação e humor em O Cara com um pouco mais de êxito, inclusive no que diz respeito aos apuros técnicos e visuais e na direção dos atores, diga-se de passagem, melhores escalados. Curioso que os roteiristas Robert Adetuyi e George Gallo beberam na fonte do suspense A Identidade Bourne, mas digamos que só um tiquinho de inspiração foi tirado do longa protagonizado por Matt Damon. Todo o resto parece copiados de seriados ou telefilmes de quinta categoria. Infelizmente o gancho de brincar com a confusão do termo agente (há muita diferença entre ser um profissional de limpeza e um investigador) não foi bem explorado, apresentando piadas previsíveis e sem graça. Operação Limpeza só não é totalmente execrável porque cumpre de certa forma ao que se propõe: ser um passatempo ligeiro e descartável. Desligando o senso crítico dá para encarar numa boa.

Comédia - 91 min - 2006

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