quinta-feira, 20 de maio de 2021

UMA MÃE PARA O MEU BEBÊ


Nota 7 Tolerância, responsabilidade e amizade são discutidos em comédia leve e sem ousadias


Assim como no Brasil tornou-se comum um comediante de sucesso da TV fazer carreira no cinema, em Hollywood também temos exemplos de fenômenos que estendem sua popularidade migrando para as telonas. De tempos em tempos surge um nome que parece dominar as atenções e a indústria aproveita-se para tirar o máximo de seu proveito, mas não tarda para que a decadência bata a sua... Não! Para Tina Fey não é chegada a hora de completar essa maldita frase. Muito premiada pela série "30 Rock"e ex-participante do lendário programa "Saturday Night Live", seu debut nos cinemas foi com honrarias. Ela surgiu no espaço cinematográfico como uma mera coadjuvante em Meninas Malvadas, mas seu papel de destaque estava mesmo nos bastidores. Simplesmente é dela o roteiro desta comédia teen que surpreende abordando com humor ácido e crítico o universo dos jovens. Seu texto é elogiado até hoje, assim é de se questionar: será que Uma Mãe Para o Meu Bebê poderia ser bem melhor caso ela tivesse roteirizado além de atuar? 

No mínimo poderíamos esperar algo sarcástico vindo da mente da atriz, mas temos que nos contentar com a versão do diretor e roteirista Michael McCullers que se não oferece oportunidade para sonoras gargalhadas, ao menos deixa quem assiste com um sorriso sincero no rosto por sua leveza e simplicidade. Fey interpreta Kate, uma mulher de meia-idade realizada profissionalmente, mas na vida pessoal fracassada, tendo tido apenas um namorado a vida inteira. Quando decide que é hora de ter um filho, mesmo que fosse uma produção independente, ela perde o chão ao descobrir ser estéril e então procura os serviços de uma empresa especializada em mães de aluguel. É assim que surge em sua vida a espevitada e desmiolada Angie (Amy Poehler), uma jovem de pouca instrução, pobre, viciada em cigarros e bebidas e totalmente desencanada de problemas, um perfil extremamente oposto ao de sua contratante, uma mulher de educação refinada, inteligente, porém, neurótica e controladora.


Para ficar de olho nos excessos da barriga de aluguel, Kate decide levar a garota para morar com ela e assim mantê-la afastada de Carl (Dax Shepard), o seu folgado namorado, mas por mais que a executiva se preocupe com o bem-estar da jovem e não lhe deixe faltar nada, ela não recebe a mesma atenção em troca. Às escondidas, Angie continua com vícios, comendo porcarias, curtindo baladas e levando uma vida preguiçosa. A convivência entre elas é quase impossível e até se submeterem a sessões de terapia torna-se necessário, contudo, a convivência forçada acaba sendo benéfica para ambas. Com a troca de experiências (e de farpas também), pouco a pouco a solteirona vai aprendendo que relaxar ou extravasar as emoções de vez em quando é extremamente necessário e a jovem, por sua vez, vai encontrando o equilíbrio entre a garota levada que guia suas ações e emoções e seu lado mulher que luta para florescer. 

O roteiro de McCullers parece comedido até demais se imaginarmos as situações extremas e bizarras que poderiam surgir desse relacionamento entre contratante e prestador de serviços, digamos assim. Fey é conhecida por fazer um humor cheio de cinismo e veneno, mas talvez para o longa ganhar uma chancela do tipo programa-família precisou se conter. Mesmo assim, sua química com Poehler, também famosa por programas de humor para a TV, compensa qualquer deslize. As duas em cena estão trabalhando sério, mas deixam transparecer também a alegria de dividirem as cenas, uma amizade que impregna em seus personagens, assim fica fácil para o espectador se identificar e compreender o porquê de Kate permitir que sua rotina metódica vire de cabeça para baixo e ainda persista nesta convivência. Talvez mais que um filho, o que essa mulher desejava mesmo era alguém com quem conversar e dividir problemas e bons momentos.


Como uma despretensiosa opção para toda a família, obviamente a trama não levanta bandeiras e não deixa transparecer qualquer interesse amoroso entre as protagonistas. O que as une de fato é um sentimento sincero como se fossem amigas desde a infância. Se Angie já tem uma situação a resolver com um namorado que é um zero à esquerda, Uma Mãe Para o Meu Bebê não despreza um interesse romântico para Kate, assim entra em cena o boa praça Rob (Greg Kinnear), que surge para acabar com o jejum de amor da empresária e levantar uma suspeita sobre a possibilidade de Angie fingir estar grávida apenas para aproveitar a boa vida que lhe foi oferecida. Pena que McCullers não tire o máximo proveito de tal dúvida . As vezes seria bom que os diretores levassem a sério o que seus personagens tem a dizer.

Comédia - 99 min - 2008

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