domingo, 25 de março de 2018

O SEGREDO DOS ANIMAIS

Nota 6,0 Repleto de clichês e animação simplória, desenho não explora argumento a fundo

O canal fechado Nicklodeon faz sucesso com seus desenhos multicoloridos e de traços fortes e característicos, mas a popularidade de suas produções não se repetem geralmente com seus lançamentos de cinema. Após a indicação ao Oscar de Melhor Animação por Jimmy Neutron - O Menino Gênio (mais para completar o time de selecionados do que por méritos) a empresa demorou cinco anos para voltar a se arriscar nas telonas. A demora não resultou em um projeto criativo ou ousado, pelo contrário. O Segredo dos Animais é uma reunião de clichês facilmente identificáveis até mesmo por criancinhas, a começar pelo argumento em si que bebe na fonte de Toy Story. Se a primeira parceria de sucesso entre a Disney e a Pixar investia na fantasia sobre a possibilidade dos brinquedos terem vida própria na ausência dos seus donos, na animação do roteirista, diretor e produtor Steve Oedekerk, experiente em comédias e tendo como destaque em seu currículo o texto do emocionante Patch Adams - O Amor é Contagioso, tal argumento sofre algumas pequenas modificações. O cenário é uma fazenda onde os animais literalmente fazem a festa quando o rancheiro vira as costas, o que de imediato também nos remete a ideia de A Fuga das Galinhas e com resquícios da derradeira animação tradicional da casa do Mickey Mouse, Nem Que a Vaca Tussa. O projeto surgiu certa vez que o diretor estava na casa de um amigo e observou que o seu cachorrinho não tirava os olhos dele, um olhar fixo como se quisesse dizer algo do tipo "a que horas esse cara vai embora?". E depois, o que o bichano faria? Iria comer, dormir ou curtir os agitos de uma balada com os animais da vizinhança? E assim Oedekerk bolou a história dos habitantes do rancho Barnyard (o título original da fita), que quando estão sozinhos aprontam mil e umas estripulias. Contudo, o touro Ben, o líder do grupo, está sempre tentando colocar ordem na bagunça e principalmente protegendo a todos contra o ataque de coiotes que invadem o sítio para caçar e saciar a fome.  Porém, há outro problema lhe tirando o sossego.

Otis, o bezerro que Ben adotou desde filhotinho com tanto amor e carinho, não está querendo seguir os passos do pai e se preocupa apenas em curtir a vida e foge de responsabilidades, assim não perde tempo e logo xaveca Deise, a nova vaquinha do pedaço (não levem para o lado pejorativo). Contudo, uma tragédia mudará a vida do boizinho adolescente e ele terá de amadurecer na marra contando com a ajuda da sábia mula Milo que lhe ajudará a abrir os olhos para descobrir as ameaças que rondam a fazenda. Por conta de tal gancho dramático a trama nos remete a outras animações como Bambi e O Rei Leão, deste inclusive copia a cena em que Otis recebe uma mensagem de seu pai através do céu estrelado. Contudo, a intenção do desenho não é emocionar e sim divertir com as peripécias dos animais, principalmente a noite quando rolam festas no celeiro para a alegria de Otis e seus amigos, como o rato Pip, o galo Pedro e o porco chamado... Porco!  Pena que nenhum dos personagens se sobressaia e alguns de seus diálogos dispersam a atenção por serem longo demais. Cheio de piadas prontas, personagens atrapalhados, uma historinha de amor e a sempre bem-vinda mensagem edificante, O Segredo dos Animais claramente não tinha intenções de trazer inovações. É engraçadinho, chama a atenção com seus traços cartunescos  e colorido forte, mas ao final fica a sensação de que já assistimos a tudo isso antes e, diga-se de passagem, de forma muito mais arrojada e divertida. O roteiro peca em alguns pontos por inserir algumas coisas de difícil compreensão pelas crianças como, por exemplo, o fato de Deise flertar com Otis mesmo grávida de outro boizinho. Produção independente soa estranha ao universo infantil, assim como deve gerar dúvidas o fato de Ben e seu filho apesar de serem machos ostentarem no corpo glândulas mamárias avantajadas. O estilo de animação também deve causar estranheza diante da perfeição oferecida pelas animações digitais. Os personagens são "chapados", com texturas lisas e por vezes parecem idealizados sob a técnica de stop-in-motion, mas nada que incomode as crianças pequenas que certamente se divertem do início ao fim.

Animação - 90 min - 2006

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