quinta-feira, 6 de outubro de 2016

EDISON - PODER E CORRUPÇÃO

NOTA 4,0

Estreia de Justin Timberlake
nos cinemas acompanhado de
atores premiados resulta em um
longa policial repleto de clichês
Dentre as várias categorias de filmes deveria existir “esse é o cara”, divisão na qual se encaixariam filmes de medalhões como Samuel L. Jackson, Denzel Washington, Will Smith e Morgan Freeman. Eles não têm apenas a cor da pele e o grande talento em comum, mas também o fato de possuírem uma extensa lista de títulos em seus currículos (muitos com personagens semelhantes) e seus nomes serem sinônimos de filmes bons. Quem nunca viu alguém falando na fila do cinema ou olhando as prateleiras de locadoras que tal filme deve ser bom porque é com o fulano de tal. É uma pena que nem sempre esse entusiasmo é correspondido. Edison – Poder e Corrupção não é um péssimo longa, porém, acabou caindo no limbo por ser um amontoado de clichês de diversos outros títulos de ação e suspense policiais, incluindo a repetição de erros como o excesso de personagens e situações desnecessárias que só servem para confundir o público e tornar o programa tedioso. A trama se desenvolve na fictícia cidade que intitula a produção, uma metrópole que aparentemente oferece oportunidades de crescimento a todos e chama a atenção de grandes corporações, porém, a corrupção e o abuso de poder podem estar por trás de tantas conquistas. Aqui vive Josh Pollack (Justin Timberlake), um jovem e ambicioso jornalista que está iniciando sua carreira como repórter investigativo em um pequeno jornal comunitário. Após descobrir fraudes na polícia local, o rapaz deseja ir a fundo nesta investigação e publicar uma grande matéria, mas enfrenta a relutância de seu chefe, Moses Ashford (Morgan Freeman), que decide demiti-lo. O grande alvo deste repórter é a FRAT, uma unidade de elite da polícia que corresponde à sigla inglesa de Força Tática de Defesa e Ataque. Em Edison seus membros podem agir como bem entenderem e abusam do poder de autoridade que a ordem impõe, assim arrogância e violência são as marcas registradas do grupo que combate principalmente o tráfico de drogas, mas chega até a forjar provas para não ter sua imagem manchada. Em uma ação liderada pelo sargento Frances Lazerov (Dylan McDermont) um traficante acaba morto. O policial Raphael Deed (L.L. Cool J.) testemunhou o ocorrido e acabou sendo torturado, mas defendeu o réu durante seu julgamento alegando autodefesa.

Pollack desconfia das atitudes de Deed e do que realmente aconteceu na noite do crime e está decidido a investigar a fundo o caso e escrever uma grande matéria que pode ser a sua porta de entrada para trabalhar em um grande jornal. Na realidade ele não tem tal ambição, mas assim como qualquer jornalista recém-formado ele quer fazer valer a máxima do compromisso com a verdade, por isso ele não se conforma com o comportamento de Ashford e vai a sua procura para pedir explicações de como um repórter qualificado e vencedor de um Prêmio Pulitzer pode deixar um assunto tão quente passar em branco. Edison durante muitos anos foi dominada pelo crime e tráfico de drogas, mas o momento agora inspira mais calmaria aparentemente pelas ações da FRAT cujos membros agem sem pensar duas vezes e atiram para valer, mas ainda assim são vistos como heróis. Como tomo veículo de comunicação, o jornal em que Ashford é editor chefe precisa respeitar alguns compromissos que não correspondem aos fundamentos do jornalismo, mas caso não os cumpra a empresa pode sofrer consequências, inclusive ir a falência com a falta de incentivo do governo e perda de publicidades. Desmascarar possíveis policiais corruptos dentro da unidade, portanto, vai contra as políticas internas do jornal que prefere publicar apenas uma pequena nota com o veredito do julgamento de Lazerov. Todavia, a força de vontade de Pollack para trabalhar nesta investigação acaba animando Moses em ajudá-lo, mas o grande auxílio vem mesmo de Wallace (Kevin Spacey), um investigador da promotoria com muita gana de desmantelar essa rede de corrupção. O motivo que faz Deed proteger Lazerov pode soar tolo, mas quando se está em um ninho de cobras todo o cuidado é pouco para acabar não sendo picado também. Ele não quer ser um delator, mas precisa achar um jeito de se desligar dessa turma sem se sentir culpado e assim poder levar uma vida normal. Esquematizada assim, a sinopse realmente não é das piores e ainda se mantém atual e interessante até para os estudantes de jornalismo que podem ver um pouco de seu sonho ruir ao constatarem que o que aprendem na faculdade infelizmente não condiz com a realidade do mercado. A trama também deve agradar aos aficionados pelo gênero, mas de um modo geral o longa deve somar um maior número de desafetos.

O diretor e roteirista David J. Burke, com experiência em séries de TV, fez sua estreia no cinema acreditando que bastava fazer um episódio de seriado esticado e se cercar de nomes famosos para alcançar o sucesso, mas o tiro saiu pela culatra. Apesar de encerrar o Festival de Toronto 2005 e marcar o aguardado debute do astro da música pop Justin Timberlake nas telonas, o longa saiu direto em DVD na maioria dos países e chegou ao Brasil antes mesmo de entrar em cartaz nos cinemas norte-americanos, sinais não muito positivos. O cantor até que se sai razoavelmente bem em seu primeiro papel contrariando expectativas, talvez até porque divida as atenções inicialmente com o mais experiente L.L. Cool J. que interpreta um personagem bem de acordo com seu biotipo e estereótipo de durão, inclusive sua dedicação foi tanta que ele chegou a estudar algumas técnicas antigas de luta para a realização de uma única cena. Timberlake, que diz a lenda precisou dublar suas falas para encobrir uma voz levemente fina que não coincidia com o personagem, também poderia ter dado uns rolês com alguns jovens jornalistas que pautam assuntos do cotidiano para se entrosar mais com o universo de Pollack, mas a certa altura até nos acostumamos com seu entusiasmo típico de um “foca” (jargão usado para se referir aos repórteres em início de carreira). As grandes decepções ficam por conta dos oscarizados Spacey e Freeman cujos currículos já tão cheios de tramas policiais não precisavam de mais este título que não agrega absolutamente nada de novo. Aliás, ambos parecem trabalhar no piloto automático. Wallace é bonzinho e racional demais e só se mexe quando a situação já está em ebulição. Já Ashford deixa latente sua decepção com a profissão, mas sua repentina vontade de ajudar um pupilo não traz credibilidade ao personagem. Edison – Poder e Corrupção até tem um início interessante assim como seu argumento, mas infelizmente torna-se tedioso quando os supostos “criminosos do bem” percebem que a matéria de Pollack podem colocá-los em maus lençóis. Além dos clichês visuais e narrativos, a produção ainda sofre com alguns diálogos mal escritos e com a falta de carisma dos personagens. Chega a um ponto que pouco importa o que eles estão fazendo em cena e um tiroteio fatídico entre todos viria a calhar para despertar a atenção. Todavia, no conjunto, não é dos piores do gênero, mas comprovadamente está fadado a mofar nas prateleiras de locadoras e ocupar as madrugadas da TV aberta e abastecer os ilusórios canais pagos.

Suspense - 109 min - 2004 

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1 – 2 Ruim, uma perda de tempo
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9 – 10 Excelente, praticamente perfeito do início ao fim
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