sábado, 22 de julho de 2017

LUGARES ESCUROS (2005)

Nota 0,5 Desculpe o trocadilho, mas este filme realmente merece ser esquecido na escuridão

Está aí um filme que faz jus ao seu título. Lugares Escuros literalmente deve ficar arquivado em algum lugar de penumbra em nossas mentes tamanha a sua babaquice. Alguém deve ter dito ao experiente produtor Donato Rotunno que qualquer coisa fazendo alusão à escuridão tinha chances de fazer sucesso entre os fãs de suspense e horror e assim ele decidiu se arriscar na direção, sua primeira e única experiência em tal cargo (e que permaneça inapto na atividade até o fim dos seus dias). A trama tem como protagonista Anna Veigh (Leelee Sobieski), uma jovem professora especializada em arte-terapia, mas seus conceitos não agradam ao diretor do colégio em que trabalha. Contudo, ela mal perdeu o emprego e já foi convidada para se tornar babá e educadora particular de um casal de crianças bem-nascidas. O estranho é que ela nem chega a ser entrevistada e já é contratada para cuidar de Flora (Gabrielle Adam) e Miles (Christian Olson) que ficaram recentemente órfãos e aos cuidados de um tio sempre ausente. Vivendo isolados em uma mansão distante da cidade, a chegada de uma nova pessoa e com espírito jovem soa como um alívio para os garotos que no fundo sofrem com algum tipo de trauma, algo escondido pela governanta, a misteriosa Srta. Grose (Tara Fitzgerald). Anna acaba se adaptando a nova rotina rapidamente e até consegue criar laços com os irmãos, mas fica intrigada com certas coisas. Além dos constantes pesadelos e vozes que escuta a noite, lhe chama a atenção o comportamento dos menores que às vezes mudam radicalmente, como se pressentissem forças ocultas ao redor e dentro da própria mansão. Tudo leva a crer que existe alguma coisa a ver com a antiga ocupante do posto de babá que morreu afogada também há pouco tempo. Traumatizados, impressionados ou possuídos? O que acontece com Flora e Miles? Resposta: nenhuma das anteriores. Tudo leva a crer que o mistério criado em torno deles é tão furado quanto uma peneira, assim como todo o filme que se revela um tremendo engodo capaz de descartar até mesmo o conhecido argumento do tio de olho na herança dos sobrinhos. Na falta de coisa melhor seria uma opção válida.

Por contar com personagens infantis, o mínimo que se podia esperar é que eles cativassem a audiência, ainda mais em enredos como este em que aparentemente eles são vítimas de algum tipo de maldição ou coisa assim, mas isso não acontece principalmente porque seus perfis são mal delineados. Flora surge dando a impressão de ter tido uma educação muito rígida que lhe priva de viver como uma criança comum, mas na cena seguinte já faz planos para se divertir com a babá. Já Miles surge envolto a uma aura de mistério, acabara de ser expulso da escola por não o considerarem um bom exemplo aos demais alunos, porém, em sua primeira aparição surge sorridente e educado. O roteirista Peter Waddington não soube jogar com o caráter dúbio dos personagens, assim faltam cenas para acreditarmos que são menores absolutamente comuns, mas que são tomados por influências do além vez ou outra. A jovem Leelee, há tempos tentando cravar seu nome no gênero de suspense, também tem uma personagem esquisitíssima. Parece não ter boas lembranças de sua infância, o que justifica sua profissão, mas de resto parece uma marionete muito mal manipulada. Não sabe trabalhar expressões de medo, até para o drama é insossa e tudo só tende a piorar com sua aproximação da governanta que tem a ingrata tarefa de guardar um segredo que para qualquer fã do gênero é rapidamente descoberto. Sem trunfos na manga e nem mesmo talento para reciclar clichês básicos (quando o faz é constrangedor de tão tolos que são os sustos), Rotunno chega a um ponto que não sabe mais o que fazer com um roteiro tão vazio e apela para algumas poucas, porém, desnecessárias cenas de sexo e nudez. Lugares Escuros só serve para reforçar a ideia de que filmes lançados diretamente em DVD costumam ser a maior furada. Na realidade, há muita coisa boa que só vê a luz do dia dessa forma, mas infelizmente para cada produção que vale a pena surgem pelo menos umas quinze “podreiras”. Em tempo: a trama é baseada na obra literária “The Turn of the Screw”, escrita no final do século 19 por Henry James e que já havia ganhado uma adaptação cinematográfica nos anos 60, Os Inocentes, estrelada por Deborah Kerr.

Suspense - 100 min - 2006 

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