sábado, 13 de fevereiro de 2016

O ZODÍACO

Nota 5,0 Bons ganchos são desperdiçados por narrativa limitada e que carece de tensão e clímax

Suspenses baseados em fatos reais costumam ter uma platéia cativa, ainda mais quando as histórias que os inspiraram são recentes ou tornaram-se célebres casos que desafiaram a inteligência da polícia e causaram pânico por anos. O Zodíaco é apenas uma das diversas produções que procuraram desvendar os mistérios que envolviam a mente sádica e o espírito corajoso de um famoso serial killer que assombrou a Califórnia por cerca de dez anos. A trama começa exatamente no dia 20 de dezembro de 1968 quando a pequena cidade de Vallejo foi surpreendida com um crime bárbaro que resultou na morte um jovem casal de namorados que para a polícia foram vítimas de um assaltante, mas para o detetive Matt Parish (Justin Chambers) o episódio não poderia ser explicado dessa maneira, afinal não havia indícios de que algo havia sido roubado ou ao menos tocado por mãos diferentes. A partir disso, este homem começa a ofercer todo o seu tempo para solucionar o caso, mas sua dedicação extrema acaba lhe trazendo problemas em casa, já que passa a dedicar pouca atenção para a esposa Laura (Robin Tunney) e ao filho Johnny (Rory Culkin), este que pouco a pouco também parece se interessar em decifrar o enigma do serial killer que se autodenomina Zodíaco que não por acaso só ataca nas datas que coincidem com a realização de uma teoria astronômica. Eis que seis meses depois do primeiro crime, um novo casal torna-se alvo, só que desta vez o criminoso foi ousado e logo após o ataque ele próprio ligou para a polícia dando a localização das vítimas e assumindo a autoria do crime, assim como sua responsabilidade nas mortes ocorridas no último mês de dezembro. O sadismo do Zodíaco não está apenas em matar jovens, mas também em desafiar a polícia, os jornais e até mesmo o FBI com cartas enigmáticas com mensagens cifradas e códigos que poderiam revelar pistas de seus próximos crimes e quem sabe até mesmo sua própria identidade. O que causa mais impacto é que as perícias dos crimes revelam que suas táticas de ataque e para fuzilamento seguem regras típicas de treinamentos para policiais, o que indica que ele poderia ter feito parte ou ainda estar infiltrado no grupo que o quer ver atrás das grades.

Nesse jogo de gato e rato, no qual as autoridades e a mídia tentavam montar um quebra-cabeças e de certa forma bancavam reféns do assassino que continuava a solta e cada vez mais atrevido na maneira como assumia sua responsabilidade nos ataques, cerca de uma década se passou, mas infelizmente o longa dirigido por Alexander Bulkley, que também assina o roteiro em parceria com Kelly Bulkley, não passa a real dimensão do pânico que este serial killer espalhou entre os anos 60 e 70. São poucos os assassinatos exibidos, embora o criminoso tenha assumido numa carta que matou 37 pessoas, e a tensão de sua presença pelas redondezas é sentida de forma fria, sendo que a exaltação que os veículos de comunicação noticiam não parecem corresponder com a realidade do vilarejo. Nem mesmo quando uma das vítimas consegue sobreviver e dar informações mais concretas sobre o assassino as coisas esquentam, sendo que a história em seus minutos finais volta seu foco para a desestruturação da família Parish deixando explícito que por causa do alto grau de envolvimento de Matt nas investigações um dos próximos alvos do Zodíaco seria o filho do detetive. Todavia, não espere um final arrebatador, embora seja extremamente interessante a opção escolhida pelo diretor que deixa uma brecha para o espectador tirar suas próprias conclusões sobre o que teria acontecido ao assassino após o seu último contato via carta e seu suposto derradeiro ataque. Sim, para quem conhece um pouco sobre essa história sabe que o destino do assassino é uma incógnita. Ele continuou os ataques após a última carta datada de meados de 1978? Teria abandonado a vida de crimes? Teria falecido naquela época ou viveu por anos como alguém anônimo? Mais interessante do que explorar o que se sabe histórica e documentalmente sobre este serial killer seria a realização de um filme imaginando um ou mais caminhos que ele poderia ter seguido, mas O Zodíaco prefere o trajeto mais fácil e infelizmente desperdiça um bom material tanto para cenas de tensão quanto para uma análise psicológica do personagem-título, visto que ele é enquadrado como um indivíduo que teria sofrido traumas na infância e teria alguma disfunção sexual, o que explicaria seu método de “trabalho” que sempre buscava como alvos casais jovens e os homens eram atingidos primeiro. Com estilo de produto televisivo, ligeiro e com desenvolvimento limitado, este filme preenche um tempo livre, mais pelo interesse em descobrirmos detalhes de um caso intrigante sem final hollywoodiano, mas deixa a sensação de que poderia ser algo infinitamente melhor. Atenção: não confundir com o longa de David Fincher lançado dois anos depois, um produto com muito mais requinte e conteúdo.

Suspense - 96 min - 2005

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