NOTA 8,0 Junção de contos de fadas tem seus furos e equívocos narrativos, mas carisma e talento do elenco e recursos técnicos apurados garantem a qualidade |
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
CAMINHOS DA FLORESTA
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
BONECO DO MAL
NOTA 5,0 Inicialmente intrigante, bom argumento aos poucos é minado por trama repleta de clichês, situações inverossímeis e final desconectado |
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
OUTONO EM NOVA YORK
NOTA
6,0 figurinos salvam produção cujo roteiro entrega todas as emoções logo no início |
Richard Gere já estrelou produções de diversos gêneros, mas é
praticamente um sinônimo de filmes românticos, tal qual Julia Roberts também
tem uma imagem significativa ligada ao gênero. Ambos explodiram juntos na
comédia romântica Uma Linda Mulher e quase uma década depois voltaram a
se unir, sem fazer tanto barulho, em Noiva em Fuga. Além destas duas
produções, o ator participou de diversos outros filmes feitos especialmente
para agradar o público feminino, como Dança Comigo?,
mas nem sempre conseguiu êxito investindo em terreno seguro, como prova o
esquecido Dr. T e as Mulheres. O caso de Outono
em Nova York fica em cima do muro. É um daqueles títulos que tem suas
qualidades, como uma belíssima fotografia e locações, conta com um enredo
agradável, porém, faltam um ou mais ingredientes para transformá-lo em algo
acima do regular. Apostando em um romance com pitadas de drama, este segundo
trabalho da atriz Joan Chen como diretora chega a um resultado tão frio quanto
a própria passagem que serve de pano de fundo para uma história bonitinha e
sem grandes pretensões que mostra o nascimento de uma relação amorosa entre um
homem mais velho e uma jovem. Will Keane (Gere) é um cinquentão que prometeu a
si mesmo nunca mais ter um compromisso sério com uma mulher, assim ele paquera
a vontade e cultiva sua fama de conquistador. Quando ele conhece a delicada
Charlotte Fielding (Winona Ryder) logo se interessa em viver um romance com a moça,
mas talvez não imaginasse que ia acabar se envolvendo tanto com ela. Disposto a
esquecer de sua promessa, Keane se surpreende com a recusa da parceira em
tornar o caso deles em algo para valer e que dure para sempre. Bem, não é
preciso muitos minutos de projeção para descobrir qual o motivo do impedimento
e para começar a choradeira.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
2012
NOTA 6,0 A Terra é destruída em mais um filme sobre catástrofes naturais, neste caso com base em crendice |
21 de dezembro de 2012. Esta foi uma data que nos últimos
tempos assombrou muita gente. Bem, se você estiver lendo esta crítica após o
dia 22, pode estourar o champanhe e comemorar: você sobreviveu à profecia
apocalíptica maia. Séculos atrás este lendário povo deixou escrito o calendário
de milhares de anos à frente, mas os escritos acabam justamente na data
mencionada. Desde então astrólogos, religiosos, sensitivos, cientistas,
geólogos, autoridades e pessoas de muitas outras áreas passaram a estudar o que
isso poderia significar e muitos concluíram que esse seria o dia da extinção da
humanidade através de eventos que alterariam drasticamente clima, relevo,
direção dos ventos, força das águas entre outras coisas relacionadas à fúria da
natureza. Baseando-se nesta impactante crença, muitos produtores trataram de
explorar o tema, mas a grande produção batizada óbvia e simplesmente de 2012
foi criada pelo diretor Roland Emmerich. Ninguém melhor que ele que já convocou
extraterrestres para acabar com os EUA (Independence Day), trouxe um mega
lagarto de terras orientais para arrasar territórios ocidentais (Godzilla) e
que mostrou a revolta da natureza contra os maus-tratos que recebe dos humanos
(O Dia Depois de Amanhã) para se encarregar de dar o ultimato à população da
terra. A trama roteirizada por Harald Kloser em parceria com Emmerich começa em
2009 quando o cientista indiano Satnam Tsurutani (Jimi Mistry) descobre que em
poucos anos algumas alterações nas explosões solares esquentariam o núcleo do planeta,
assim provocando diversas catástrofes naturais. O governo dos EUA fica sabendo
disso através do geólogo Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofor) e logo passa a
estudar medidas para evitar o pior. Porém, o profissional erra nas contas e as
catástrofes anunciadas começarão antes do previsto. Já em 2012, o divorciado e
fracassado escritor Jackson Curtis (John Cusack) está em meio a uma viagem com
os filhos para tentar reconquistar o afeto deles. Quando vai acampar, ele
recorda de momentos que viveu com Kate (Amanda Peet), mas divide seu tempo
ouvindo as teorias paranoicas de Charlie Frost (Woody Harrelson), um sujeito
que acredita piamente nas lendas sobre o fim do mundo. Curtis não dá bola para
tais ideias, porém, não demora a mudar sua opinião.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
A MENINA E O PORQUINHO
NOTA 7,0 Adaptação de clássico literário infantil pode soar inocente demais para os novos tempos, mas sua essência ainda é encantadora |
Já faz algum tempo que os
adultos estão invadindo a praia das crianças e curtindo desenho animado. Aliás,
essas produções às vezes agradam mais aos pais que os próprios filhos ou
propositalmente os estúdios já realizam as animações visando essa ampliação
espontânea de público. Porém, quando a magia do universo infantil deixa o
colorido dos desenhos de lado e é transportada para os filmes com atores de
carne e osso o resultado não é o mesmo. Os adultos tendem a não se entreter com
piadas batidas, enredo melancólico próprio para dar lições de moral aos
pequenos e atuações consideradas fracas, a receita que frequentemente é
utilizada neste tipo de produção. Pior ainda quando há bichinhos falantes na
trama e os realizadores se concentram tanto em tornar críveis tais criaturinhas
que acabam conseguindo um resultado frustrante, pois se esquecem de encontrar
um equilíbrio com os demais elementos da produção. Contudo, algumas vezes esses
filminhos água-com-açúcar podem ser perfeitamente assistidos e com prazer pelos
mais crescidinhos graças ao trunfo da nostalgia que carregam em sua essência. É
nesse ponto que A Menina e o Porquinho, protagonizado por
Dakota Fanning, consegue um reforço. Esta é mais uma adaptação do clássico
livro infantil "A Teia de Charlotte", de E. B. White, que já ganhou
uma famosa versão em desenho animado em 1973 que foi repetida a exaustão na TV
pelas duas décadas seguintes em todo o mundo. A garotinha que outrora era uma
grande promessa de Hollywood interpreta Fern, uma das poucas pessoas a perceber
que Wilbur não é um simples porquinho da fazenda onde vive, mas sim um animal
muito especial. Com seu carinho e atenção, a garota ajuda o bichinho, que era o
menor membro de sua família, a se tornar um porco vistoso e radiante. Quando se
muda para um novo celeiro, Wilbur faz amizade com a aranha Charlotte e os laços
de amizade entre eles influenciam para que os demais animais da fazenda vivam
como se fizessem parte de uma grande e feliz família. Porém, o tempo passa e
Wilbur cresce e está a caminho do triste fim de qualquer porquinho criado com
tudo de bom e do melhor: virar assado. Quando surge a notícia de que em breve
ele será abatido, a esperta e sensível aranha arma um plano para retardar a
morte de seu amigo suíno.
domingo, 18 de dezembro de 2016
LINHAS CRUZADAS
Nota 4,0 Velho argumento da reunião familiar em momento difícil neste caso não dá linha
Uma atriz balzaquiana sinônimo de
comédias leves. Uma veterana premiada e com boa aceitação junto ao público
feminino aqui também atacando como diretora. Uma jovem em ascensão em um
seriado de TV e buscando seu espaço no cinema. No comando do texto uma
roteirista experiente com temáticas que aliam comédia, drama e romance. De
quebra, um conflito familiar de fácil identificação e uma pequena dose de clima
natalino no ar. Linhas Cruzadas tinha os
ingredientes básicos para cair nas graças da mulherada, no entanto, a receita
desandou. Aqui o humor existe, mas é diluído em diversas sequências
lacrimejantes. Frustrações, alegrias e sonhos desperdiçados são colocados em pauta
quando três irmãs forçosamente se reencontram por conta da iminente morte do
pai. Baseado no livro "Hanging Up" escrito por Delia Ephron narrando
suas próprias memórias familiares, a trama tem como protagonista Eve (Meg Ryan),
uma mulher que desdobra-se para dar conta do seu trabalho e de cuidar da casa,
do marido e do filho pequeno, no entanto, nos últimos anos tem praticamente
abdicado de seus afazeres para cuidar pai idoso. Lou Mozell (Walther Matthau)
está com a saúde bastante debilitada e com problemas de memória e precisou ser
internado em uma clínica, assim sempre que o telefone toca sua filha já aguarda
por más notícias, mas quando não é seu próprio pai ligando para dizer
impropérios são suas irmãs que estão na linha. Na verdade quase sempre é Eve
quem tenta manter contato com elas que fazem de tudo para se esquivarem de qualquer
tipo de compromisso com o idoso. A caçula Maddy (Lisa Kudrow) é uma atriz
frustrada e que também não tem sorte na vida amorosa enquanto Georgia (Diane
Keaton), a mais velha, é uma solteirona, porém, bem sucedida editora de
revistas que só pensa no trabalho. Embora não morem juntas, ambas são de certa
forma dependentes de Eve que aproveitando a situação delicada do pai vai tentar
reatar os laços familiares e desfazer mal entendidos do passado.
sábado, 10 de dezembro de 2016
MARCAS DO PASSADO (2006)
Nota 4,0 Drama aborda de forma superficial tentativas de homem comum mudar seu futuro
Muitos filmes já investiram na fórmula
da pessoa que descobre que seu futuro não é lá muito auspicioso e corre contra
o tempo para tentar mudar seu destino. Geralmente tais produções são ligadas ao
gênero fantasia, horror ou suspense e garantem um filme razoavelmente divertido,
tudo o que Marcas do Passado não é. Seguindo a linha de um drama policial,
o longa dirigido por Mark Fergus, roteirista de Filhos da Esperança e Homem
de Ferro, é um tanto arrastado, desinteressante e repleto de personagens
sem função que apenas servem para confundir o espectador. O roteiro de Scott
Hastings nos apresenta a Jimmy Starkys (Guy Pearce) que está viajando sozinho
por uma estrada deserta quando tem um problema no carro. No pequeno vilarejo
mais próximo ele consegue auxílio, mas terá que aguardar praticamente o dia
todo até que o veículo fique pronto. Para passar as horas, o rapaz começa a
vagar pelas redondezas e encontra o vidente Vacaro (J. K. Simmons) e só por
distração paga por uma consulta mediúnica, embora não acredite em visões e
caçoe a cada novo comentário que o homem faz. Sua atenção muda quando é avisado
que em breve uma grande quantia de dinheiro chegará até ele de Dallas, mas
subitamente o vidente começa a se sentir mal e interrompe a consulta. De volta
a sua casa, Jimmy, que é vendedor, logo se vê envolvido em um negócio lucrativo,
a venda de jukeboxes (tipo de toca-músicas antigos e próprio para
estabelecimentos comerciais). O negócio começaria justamente por Dallas por ser
um importante centro comercial, mas junto com essa novidade ele também passa a
receber misteriosas correspondências e seu telefone quando toca fica mudo. Não
demora muito para que o rapaz descubra que quem está por trás dessas
pequenas brincadeiras é Vincent (Shea Whigham), um antigo parceiro de comércio
ilegal que passou um bom tempo na cadeia por conta de um episódio mal explicado
envolvendo Jimmy, este que ligando as evidências se apavora ao perceber que
pode ser morto pelo ex-amigo que está sob liberdade condicional e cheio de
ódio. Segundo a profecia, confirmada por uma cigana, o rapaz estaria a salvo
apenas até a primeira nevasca do ano.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
EDWARD MÃOS DE TESOURA
NOTA 10,0 Embora para muitos seu valor tenha diminuído com as reprises na TV, esta fantasia ainda diverte e emociona como poucas obras |
Qualquer pessoa que conheça o
mínimo possível de cinema sabe que a parceria do diretor Tim Burton e do ator
Johnny Depp é uma das mais longas e produtivas de todos os tempos. É um
daqueles raros encontros cuja emoção ultrapassa os limites da ficção e mesmo
quando o filme não é lá grande coisa os fãs da dupla estão apostos para
exaltá-lo afinal este seria mais um tijolinho a reforçar esta sólida amizade e
é um prazer inenarrável ser testemunha sentimental da construção desta relação,
ainda mais sabendo que nos bastidores desta indústria a guerra de egos é
intensa e os amigos da onça existem em peso. Esta trajetória começou no
início dos anos 90 e provavelmente no futuro deve render alguma homenagem
cinematográfica afinal ambos têm carreiras com projetos interessantíssimos e
eles próprios são figuras que despertam curiosidades. Revisitar tal história é
delicioso, ainda mais se voltarmos ao início de tudo. Burton é um cineasta que escreveu sua trajetória no cinema
na base de bizarrices praticamente. Dono de um visual um tanto excêntrico e
adepto do estilo gótico para ornamentar seus trabalhos, o campo do terror e do
suspense poderia ser seu habitat natural, mas não é bem assim. Apesar de já ter
trabalhado com histórias de arrepiar, o que ele mais gosta mesmo é de fazer as
plateias sonharem de forma diferenciada. Com muita sinceridade e sensibilidade
o diretor já conseguiu construir verdadeiros clássicos das sessões da tarde que
agradam a todas as idades, desde crianças bem pequenas até os idosos, e sempre
imprimindo suas marcas. Dificilmente alguém não tenha a
lembrança de ao menos uma vez na vida ter esperado com ansiedade a exibição na
TV ou ter entrado na fila de espera da locadora para assistir Edward
Mãos de Tesoura, um daqueles filmes que marcam época mesmo contando uma
singela e até certo ponto previsível história. É óbvio que aqui também faz
diferença o apuro visual, mas esqueçam os efeitos especiais mirabolantes. A
magia desta produção se concentra em seu aspecto artesanal, atestando que tudo
realmente foi feito por mãos talentosas e precisas. O cineasta demonstra criatividade
para mesclar a fantasia e referências cinematográficas e literárias de forma
que até o público infantil se sentisse atraído para entrar nesse misterioso e
fascinante mundo, não se assustando nem mesmo com os primeiros minutos que são
mergulhados em uma atmosfera dark. Todavia, o tom de fábula está presente em
todas as sequências do filme, a começar pela opção de uma senhora de idade logo
na introdução passar a contar para a neta a história do personagem-título como
se fosse um conto de ninar. A cidade onde a trama se passa parece um paraíso,
os vizinhos se dão bem, as casas são bonitas e padronizadas e seus moradores em
geral são estereotipados propositalmente, cada qual com um papel bem delineado.
Tem a mulher bondosa, a sedutora, a gordinha fofoqueira, o jovem valentão, a
mocinha romântica... O que tira o projeto da mesmice é justamente seu
protagonista cuja personalidade, postura e visual destoam totalmente do
restante da população provinciana. Pode-se dizer que tal criação seria uma
metáfora, um grito para chamar a atenção. Ainda tentando ter seu trabalho
aceito pelo mercado cinematográfico, Burton na época se sentia um esquisitão no
meio, mas não se rendia as exigências de Hollywood e tocava sua carreira com
projetos pessoais e correndo atrás dos recursos financeiros.
domingo, 4 de dezembro de 2016
SEREIAS
Nota 7,5 Sexo versus religião, este é o tema central de suposta homenagem à pintor australiano
No outro lado do globo terrestre também tem cinema. A
Austrália é um país que não tem uma filmografia expressiva, mas vez ou outra
surge algum produto de lá. Inclusive já tivemos um filme com o mesmo nome deste
território popularmente conhecido como a terra dos cangurus e dos coalas, embora
fosse uma produção americana dirigida pelo cineasta Baz Luhrmann e estrelada
por Nicole Kidman, ele natural do continente enquanto a atriz apenas
naturalizada. Daquelas longínquas terras, no passado, recebemos o romance Sereias.
O diretor e roteirista John Duigan se inspirou na história do pintor Norman
Lindsay, artista praticamente desconhecido no Brasil, que ousou nas suas
obras e foi criticado por cutucar a moralidade de seu tempo. Sexo versus
religião. Este é o conflito que serve como pano de fundo para narrar a história
do pastor inglês Anthony Campion (Hugh Grant) e sua esposa Estella (Tara
Fitzgerald) que em meados da década de 1930 chegam a Austrália a pedido de um
bispo local. A missão dada é barrar os trabalhos do pintor Norman Lindsay (Sam
Neill) cujas obras supostamente atentam a moral e os bons costumes ao reunir
mensagens eróticas e religiosas em uma mesma tela. O jovem pároco deveria
convencê-lo a retirar de uma exposição internacional seu quadro “A Vênus
Crucificada”, no qual uma mulher nua é retratada se balançando na cruz enquanto
aos seus pés se rebaixam membros da Igreja. O casal visita o artista para
convencê-lo a mudar o foco de seus trabalhos, mas acaba descobrindo o porquê do
apelo sensual de seus quadros. Ele vive em um ambiente rodeado de belas
mulheres. Além de sua esposa Rose (Pamela Rabe), eles conhecem Sheela (Elle
MacPherson), Gidia (Portia de Rossi) e Pru (Kate Fischer), três belas modelos
que lhe servem como fonte de inspiração. No momento em que os Campion chegam elas
estão justamente posando para uma nova tela intitulada “Sereias”. Neste
universo exuberante e aparentemente de luxúria ainda há espaço para Lewis (Ben
Mendelsohn), um camponês deficiente visual que também faz as vezes de modelo.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
RUA CLOVERFIELD 10
NOTA 7,0 Claustrofobia, pânico, insegurança e melancolia se misturam em suspense que resgata de certa forma a temática e ambientação de Cloverfield - Monstro |
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
CLOVERFIELD - MONSTRO
NOTA 7,0 Sem se preocupar em revelar a ameaça fisicamente, mas deixando clara sua presença, longa se preocupa em mostrar as reações das vítimas |
Assim como dinossauros, dragões e
até um gorila super desenvolvido já invadiram a cidade grande, seja ela qual
for, destruindo tudo o que viam pela frente, mais uma criatura gigantesca
tentou repetir a façanha no mundo cinematográfico. Cloverfield
- Monstro tem como chamariz mais um desses animais gigantescos
que aparecem de tempos em tempos para amedrontar as pessoas, mas não trouxe
novidades ao subgênero dos filmes catástrofes, a não ser o fato de preferir
sugestionar ao invés de apresentar escancaradamente a ameaça, embora tal
técnica fosse mérito do clássico Tubarão,
mas de pouco uso. Outras referências já testadas e aprovadas em outras
produções do tipo foram alinhavadas em uma produção claustrofóbica e com uma
inteligente e instigante campanha de marketing. Talvez nisso esteja o segredo
do projeto ter bombado nos cinemas americanos, ao contrário do que ocorreu no
Brasil onde longa não pegou e a publicidade não foi tão maciça. O grande
objetivo do roteiro de Drew Goddard, estreando no cinema, era acompanhar um
pequeno grupo de pessoas e ver suas reações diante de uma situação de apuro
extremo. O jovem Rob Hawkins (Michael Stahl-David) está de mudança para o Japão
e ganha do irmão Jason (Mike Vogel) e da cunhada Lily (Jessica Lucas]) uma
festa surpresa de despedida. Para registrar o encontro, seu amigo Hud (T. J.
Miller) resolve fazer uma gravação caseira de alguns momentos e depoimentos do
grupo embora esteja mais interessado em xavecar Marlena (Lizzy Caplan) que
mostra-se indiferente ao cortejo. Beth (Odette Yustman), a ex-namorada do
homenageado, também comparece à festa junto com seu novo companheiro, Travis
(Ben Feldman), para rolar aquela cena clássica de ciúmes com o rejeitado. Para
que perder tempo apresentando essa turma? A ideia é que o espectador se envolva
a ponto de sofrer com o que vai acontecer a eles, mas é só uma intenção, ok?
Durante a festa uma explosão ocorre e na sequência surgem tremores, barulhos
ensurdecedores, queda de energia e mortes começam a acontecer. A cidade de Nova
York está sendo destruída por um animal desconhecido e gigantesco e agora todos
precisam correr para tentar achar algum lugar seguro, se é que existe algum.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
O PÂNTANO (2001)
NOTA 4,0 Usando a decadência de uma família como metáfora a crise generalizada da Argentina, obra é uma opção de difícil digestão |
O cinema argentino desde o ano 2000 tem sido reconhecido
mundialmente e suas produções consideradas o que há de melhor na área nas
regiões latino-americanas. Muito premiado e com o ator Ricardo Darín
automaticamente eleito como um grande símbolo do desenvolvimento da arte
cinematográfica no país, é certo que suas comédias e dramas familiares fazem
sucesso por geralmente narrarem histórias de apelo universal, o que explica a
ausência de barulho entre os populares quanto ao festejado entre os críticos O
Pântano, trabalho de estreia da roteirista e diretora Lucrecia Martel. É muito
difícil se sentir envolvido por um filme cuja estética é literalmente suja, embora
a opção seja justificada pela trama ácida, crítica, melancólica e porque não
desinteressante. Sim, a percepção de um filme varia de pessoa para pessoa e
implica vários fatores, como cultura e experiência de vida, ainda que muitos
certamente prefiram omitir suas verdadeiras opiniões ameaçados pelo peso de
menções honrosas como dos festivais de Berlim e Sundance, por exemplo. Bater de
frente com a opinião de críticos especializados que vêem beleza na lama pode
ser a assinatura de seu atestado de burrice ou surpreendentemente provar sua
coragem de ser diferente. As divergências de ideias é benéfico, só não vale não
assistir e passar adiante falsos elogios rasgados a fim de parecer intelectual,
o que realmente não é o objetivo deste texto. A quem interessar participar
desta estranha experiência, lá vai a sinopse. Mecha (Graciela Borges) é uma
mulher em torno dos 50 anos, mãe de quatro filhos jovens, mas que não se
entende mais com o marido Gregorio (Martín Adjemian), entregando-se a bebida
para a embriaguez a ajudar a ignorá-lo. Ele, por sua vez, se preocupa com a
aparência procurando recuperar o frescor da juventude, mas também é adepto do
álcool para esquecer problemas. Já Tali (Mercedes Morán), prima de Mecha,
também tem quatro filhos, só que ainda crianças, e ama e se dedica ao máximo
para o bem estar da família, inclusive do marido Rafael (Daniel Valenzuela) que
ocupa seu tempo caçando. Para escapar do clima quente da cidade, todo o verão
estas duas famílias combinam de passar uma temporada no povoado de Rey Muerto
que abriga o sítio La Mandrágora, reduto de cultivo de pimentões vermelhos.
domingo, 27 de novembro de 2016
AS LOUCURAS DO REI GEORGE
Nota 9,0 Cinebiografia ganha vigor com atuação que desmistifica figura histórica aborrecida
É impressionante investigar a
História do cinema e ver a quantidade enorme de filmes que foram super
elogiados e premiados, mas que a ação do tempo em conjunto com a modernidade
acabaram empurrando-os para o limbo. São inúmeros títulos que se perderam na
transição das fitas VHS para o DVD e hoje, com os serviços de streaming
alimentando a ânsia do público por novidades, infelizmente se tornam cada vez
mais ínfimas as chances de grandes produções voltarem ao mercado. Uma pena para
os verdadeiros cinéfilos que prezam por conteúdo e qualidade e são privados de
ver ou rever obras como As Loucuras do Rei
George, uma luxuosa e cuidadosa produção que deixou sua passagem
registrada pelos principais festivais e premiações em meados da década de 1990,
chegando obviamente ao Oscar conquistando duas estatuetas. A trama escrita por
Alan Bennett se baseia em fatos verídicos ocorridos em um período conturbado da
vida do monarca da Grã-Bretanha George III (Nigel Hawthorne) no final do século
18. Ele era um homem que mantinha um bom relacionamento com seus súditos e levava
uma vida pessoal irretocável, sendo muito feliz no casamento com Charlotte
(Helen Mirren). O casal teve nada mais nada menos que quinze herdeiros, entre
eles o Príncipe de Gales (Rupert Everett), o primeiro representante na linha de
sucessão ao trono e aquele que viria a trair seu próprio pai em nome do poder,
um mal que parecia fazer parte do histórico do clã visto que traições
semelhantes já haviam ocorrido em outras gerações, nada muito diferente do que
ocorria entre tantas outras famílias nobres da época. Seu filho mais velho
defendia que o comportamento da família real deveria ser um exemplo à
população, apesar de ele próprio levar uma vida desgarrada e cheia de pecados. O
grande ponto de conflito é que o rapaz criticava abertamente o comportamento do
pai conhecido por suas excentricidades. Conforme o tempo passa essas atitudes
diferentes do monarca começam a gerar inquietações, constrangimentos e a
levantar suspeitas de que o rei de fato enlouqueceu e eis o momento em que a
disputa pela sucessão do trono se acirra. Uma facção da nobreza se empenhou para tentar
minimizar os efeitos da senilidade do rei e diante da incapacidade de seu
médico pessoal em identificar as causas para seu problema recorrem ao apoio do
doutor Francis Willis (Ian Jolm), um psiquiatra adepto de métodos poucos convencionais.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
A FAMÍLIA SAVAGE
NOTA 7,0 Irmãos que não se falavam há anos se reencontram em drama com toques de humor que aborda a imperfeição do ser humanao |
Todos os anos na época do auge das premiações surgem alguns títulos
independentes que podem surpreender e conquistar a crítica e o público.
Geralmente com o respaldo de passagens por festivais cults, eles chegam como as
zebras de festas como o Globo de Ouro e o Oscar, porém, não há espaço para
todos eles nessas disputas. Foi o que aconteceu com A Família Savage que
acabou diminuído com a presença de Juno em
seu caminho, uma febre que conquistou com sua trama leve e temática jovem, dois
itens que o longa protagonizado pelos talentosos Laura Linney e Philip Seymour
Hoffman não podem contar. Eles vivem Wendy e Jon Savage, irmãos que se
aproximam depois de muitos anos devido ao estado de saúde delicado do pai,
Lenny (Philip Bosco). O problema é como dedicar atenção ao idoso sem abdicar de
suas próprias vidas. Apesar de alguns momentos cômicos, a roteirista Tamara
Jenkins, estreando aqui também no cargo de diretora, optou por abordar um tema
que revela o que há de pior no ser humano, o egoísmo, seja na vida profissional
ou na particular. A grande surpresa é que ela não tem medo de expor a velhice
sob uma ótica diferenciada. Dramas com idosos tendem a reforçar a mensagem de
que é uma obrigação dos mais novos cuidar dos mais velhos, porém, aqui é
mostrado sem pudor que tal situação é um entrave e tanto para os filhos e o
próprio ancião toma consciência de que é um fardo para os outros e que ele
próprio não vê mais razão para viver se não pode ter sua independência
preservada. Ao começar a escrever com fezes nas paredes, os filhos são
imediatamente chamados para ser discutido o que será feito com Lenny diante dos
sinais de demência. Para piorar, ele não tem mais um teto já que vivia há cerca
de vinte anos com uma companheira que acabara de falecer, aliás, eles já
estavam separados por algum tempo devido a problemas de saúde de ambos. Mesmo
guardando mágoas dos tempos de infância pela atenção que o pai negou, os irmãos
decidem ampará-lo mostrando que um resquício de civilidade ainda há dentro
deles. Todavia, isso implica em mudança de estilo de vida para os dois. Wendy é
uma quarentona que a essa altura do campeonato ainda não sabe bem o que quer da
vida. Vivendo em East Village, ela é amante de um homem casado, se dedica a
trabalhos temporários e sonha que ainda terá seu talento como dramaturga
reconhecido, mas parece não confiar no que escreve. Jon, por sua vez, vive em
Buffalo e trabalha como professor universitário sem grande reconhecimento, além
de ter escrito alguns livros esquecíveis. No momento sofre com a separação da
namorada polonesa que precisa deixar os EUA por não ter conseguido renovar seu
visto de permanência.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
AS AVENTURAS DE AGAMENON - O REPÓRTER
NOTA 1,5 Longa é um vexame para o cinema nacional do início ao fim apoiando-se em piadas sem pé nem cabeça |
Quantas pessoas você já viu
na fila do cinema ou em uma locadora apontando um ou mais títulos e dizendo que
eles devem ser bons porque suas propagandas passam toda hora na TV ou em
praticamente todos os sites existem banners divulgando-os? É se aproveitando dessa
inocência do público que muitas empresas tentam lucrar. O artifício da
publicidade é usado a exaustão desde os primórdios da televisão para vender
margarina, sabonetes e coisas do tipo. Na realidade querem te iludir com a
idéia de que o produto que estão oferecendo é ótimo e essencial. Da mesma forma
que um bebê aprende a falar e certos gestos na base da repetição, o mesmo
impulso as empresas querem despertar em pessoas com a mentalidade já
desenvolvida reforçando cada vez mais uma marca ou produto. A Globo Filmes faz
praticamente a divulgação de oito a cada dez lançamentos nacionais e desde a
campanha de sucesso de Se Eu Fosse Você
no final de 2005 adotou a estratégia de inserir anúncios dos filmes em seus
intervalos comerciais cerca de dois meses antes da data de estréia, assim
conseguindo criar o efeito desejado: cativar o seu espectador para ir ao
cinema. Por um bom tempo isso funcionou e os lançamentos de verão brazucas
fizeram fortuna, mas quando uma produção é ruim não há santo que ajude. Por
alguns dias até pode ser que o público se sinta instigado a assisti-las, mas
logo o boca-a-boca negativo mostra seus efeitos. Pior ainda quando um elenco
capenga é a bola da vez. Com um enredo sofrível e interpretações de doer de
atores misturados a modelos, peças de museu e profissionais do tipo topo tudo, Muita Calma Nessa Hora até fez seu pé de
meia, por exemplo, mas os espectadores não caíram na mesma armadilha com As
Aventuras de Agamenon – O Repórter e deram às costas à produção. Embora
a campanha publicitária fosse muito eficiente, também colocada no ar com
antecedência e com direito a um funk tipo chiclete, o elenco reunido já trazia
desconfianças. O que dizer de um personagem que é dividido por Hubert,um membro
do grupo Casseta e Planeta, diga-se de passagem, em franca decadência, e o
onipresente Marcelo Adnet? Besteirol na certa. Idolatrados por destilarem um
humor ácido e crítico, os atores falharam ao tentar fazer no cinema o que fazem
há anos na TV.
sábado, 19 de novembro de 2016
END GAME
Nota 1,0 Presidente dos EUA é vitimado mais uma vez em suspense repetitivo e desenecessário
Ganhar um Oscar pode ser positivo e
também negativo. Alguns artistas após um elogiado e premiado trabalho acabam
caindo em uma espiral de fracassos e outros em contrapartida só ganham ou
acumulam ainda mais prestígio. E tem aqueles atores que mesmo atuando em
verdadeiras bombas acabam alimentando a fama de que “é o cara”. Esse é o caso
de Cuba Gooding Jr. que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Jerry Maguire – A Grande Virada, mas
depois disso fez pouquíssimos filmes que escaparam de serem duramente criticados
ou até mesmo caindo no ostracismo de imediato ao lançamento. Todavia, não é
difícil encontrar aqueles que ao verem seu nome estampado em um cartaz de
cinema ou na capa de um DVD logo dispararem algo do tipo “esse filme deve ser
bom, ele só faz coisa boa”. Coisa boa? Só peneirando duas ou três vezes sua
filmografia para ver o que ela tem de bom. O fato é que seu jeito de cara
malandro acaba criando empatia com o público e talvez por isso o ator não
funcione em papéis mais sérios como o que ele encarna no chato suspense
policial End Game. Aqui ela dá vida a Alex Thomas, um agente do Serviço
Secreto responsável pela segurança do Presidente dos EUA (Jack Scalia). Certo
dia, logo que chega a um evento público em uma universidade o político é
atingido por um tiro certeiro e morre. Thomas passa a se sentir culpado pelo
ocorrido, já que ele tentou desviar a bala de seu percurso original (super-herói
com visão biônica?) e talvez esse pequeno detalhe possa ter provocado a
tragédia. Agora o rapaz está obcecado pela ideia de resolver o crime e ganha
uma importante aliada, a repórter Kate Crawford (Angie Harmon), mas cada novo
suspeito ou pessoa ligada ao presidente que conseguem ter contato logo em
seguida acaba morrendo em condições violentas. Logo os dois também passam a ser
alvos de criminosos. Resumidinho dessa forma, até que o filme roteirizado e
dirigido por Andy Cheng, ator de A Hora
do Rush experimentando novos caminhos profissionais, daria para ser
encarado afinal a premissa comum é perfeita para matar o tempo sem precisar
usar o cérebro, mas infelizmente o longa tenta ser mais inteligente que suas
reais possibilidades adicionando a suspeita de uma empresa ilegal estar ligada
ao assassinato e até que o político poderia ser dependente de uma droga. O problema
é que a maioria dos tiros do roteiro não estilhaça alvo algum, simplesmente
somem no ar sem contribuir em nada para a história, apenas ajudam a torná-la
pior.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
O ANO DA FÚRIA
NOTA 8,0 Misturando ficção e realidade, suspense político prende atenção com narrativa coesa, envolvente e que continua atual e chocante |
domingo, 6 de novembro de 2016
AS MULHERES DE ADAM
Nota 7,0 Centrado nos relacionamentos de um cafajeste, quem se destaca são suas parceiras
Pode um personagem cafajeste
conquistar a simpatia do espectador? A julgar pela comédia romântica As Mulheres de Adam a resposta é sim, muito pelo
modo sutil e descontraído que o diretor e roteirista Gerard Stembridge conduz
uma história que tinha tudo para causar repúdio nos espectadores mais
conservadores, contudo, mostra-se
habilidoso e ousado ao deixar seu enredo ser conduzido por um
protagonista de caráter duvidoso, porém, abandonando falsos moralismos e
deixando-o a vontade em cena. A trama começa como tantas outras comédias
românticas. Lucy Owens (Kate Hudson) é garçonete e cantora em um pequeno bar na
cidade de Dublin, na Irlanda, e apesar de muito namoradeira nunca se sentiu
apaixonada e correspondida verdadeiramente. Certa noite ela se a apaixona a
primeira vista por um de seus clientes, o misterioso e aparentemente perfeito
Adam (Stuart Townsend), que como todo jovem que quer vender uma imagem de
sucesso e independência ostenta um chamativo e valoroso carro. Após alguns
encontros, nem ela mesma sabe o porquê
desse amor instantâneo afirmando que o rapaz não é muito inteligente e tampouco
simpático, todavia o charme e lábia dele parecem ser suas armas de conquista,
tanto que Laura (Frances O´Connor) e Alice (Charlotte Bradley), as irmãs de
Lucy, também se apaixonam logo que o conhecem. Assim, o conquistador barato
passa a se relacionar com essas três mulheres na surdina e até o caçula da
família, David (Alan Maher), escapa por pouco de ser seduzido, ficando com a pulga
atrás da orelha quanto a sua sexualidade ao se sentir atraído pelo futuro
cunhado. É uma pena que Stembridge não desenvolva tal gancho e prefira se ater
aos envolvimentos héteros do pegador que é um cara-de-pau de marca maior que
mesmo após aceitar o pedido de noivado de Lucy não sossega, pelo contrário, seu
instinto de caça só aumenta. Dessa atração fatal parece só escapar a mãe da
noiva, Peggy (Rosaleen Linehan), que pode não ir para a cama com o jovem, mas
não esconde seu apreço por ele e torcida pelo casamento. As aventuras sexuais
do rapaz são contadas por pontos de vistas diferentes e não raramente
contraditórios, abrindo espaço para o elenco feminino brilhar.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
SEMPRE AO SEU LADO
NOTA 9,0 Baseado em um conto oriental, longa é cercado de diversos cuidados e clichês para emocionar |
O ditado popular “o cão é o melhor amigo do homem” já foi a fonte de inspiração de dezenas de comédias e dramas ao longo da história do cinema, mas nos últimos anos a participação dos cachorrinhos se restringiu a produções menores e que geralmente eram destinadas ao público infantil e lançadas diretamente no mercado de locação e vendas ao consumidor, muitas delas inclusive eram telefilmes e hoje recheiam as sessões da tarde da TV. Porém, após o extrondoso sucesso de Marley e Eu que lotou as salas de exibição com crianças, adultos e idosos que riram e se emocionaram com a relação de amor e confiança entre um humano e um bichinho de estimação muito sapeca, parece que os produtores acharam um novo filão para explorar. Um animal não precisa necessariamente falar ou ser emperequetado com roupas e acessórios para fazer graça e assim conseguir sucesso, pelo contrário, tal esterótipo só serve para entreter as crianças bem pequenas. Tratar os cachorros em cena com dignidade e naturalidade é o bastante para chamar a atenção dos espectadores infantis e consequentemente de seus pais, irmãos e avós. Seguindo essa linha de pensamento o diretor Lasse Hallström, especialista em lidar com emoções, investiu seu talento em Sempre ao Seu Lado, mais uma singela história de amor e lealdade entre um cão e seu dono. Lançado pouco tempo depois que o simpático Marley ganhou as telonas, este trabalho que segue a mesma cartilha não obteve o mesmo sucesso, embora para muitos já tenha se tornado um novo clássico para de tempos em tempos ser revisto com toda a família. É até fácil identificar o porquê da recepção morna. Faltou um pouco de humor à narrativa, o que fatalmente afasta as crianças e logo seus familiares que as acompanham. O boca-a-boca de “é chato” ou “é muito triste” pode ter colaborado para as fracas bilheterias em quase todo o mundo.
domingo, 30 de outubro de 2016
ABRACADABRA
Nota 8,5 Nostálgico para muitos, bruxas da Disney ainda garantem uma boa sessão da tarde
É curioso como bruxas, fantasmas,
vampiros e companhia bela ao mesmo tempo em que amedrontam as crianças também
conseguem fasciná-las, uma particularidade que a sétima arte aproveita a
exaustão há décadas. A receita básica para fisgar a atenção do público infantil
abordando temas sinistros é praticamente sempre a mesma: colocar um bando de
crianças e adolescentes em apuros fugindo das garras de seres horripilantes.
Para completar o prato basta cercar-se de crendices populares e adicionar
generosas pitadas de humor leve e inocente, além de adorná-lo com uma generosa
dose de final feliz. É essa receita que serviu e ainda serve de base para
muitas produções infanto-juvenis, sendo uma das mais influentes do gênero. Abracadabra
segue os ensinamentos a risca e não dispensa nenhum ingrediente. Essa produção é dos tempos em que a
Disney emplacava candidatos a clássicos das sessões da tarde em
velocidade ímpar e um dos filmes que melhor capta o espírito de alegria e
medo que se misturam na noite de Halloween. Com roteiro de David Kirschner e
Mick Garris, a trama gira em torno de Winnie (Bette Midler), Sarah (Sarah
Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy), três irmãs feiticeiras que desejam se
tornar mais jovens sugando a energia vital das crianças da cidade de Salem.
Banidas da face da Terra há 300 anos quando tiveram seus planos descobertos, elas chegam
ao século 20 após seus espíritos serem evocados no Dia das Bruxas pelo jovem
Max (Omri Katz), uma lenda na qual ele não acreditava assim como sua irmã Dani
(Thora Birch) e sua colega da escola Allisson (Vinessa Shaw) também duvidavam.
Agora, as feiticeiras estão dispostas a fazer de tudo para garantir
sua juventude e imortalidade aproveitando esta única noite de sobrevida. Para
tanto elas terão que capturar o maior número possível de crianças para tirar
suas vidas, mas elas precisarão enfrentar Max e as meninas que vão fazer
de tudo para tentar levar as bruxas de volta ao mundo dos mortos.
sábado, 29 de outubro de 2016
NOITE DAS BRUXAS MACABRA
Nota 5,0 Longa não tem nada de macabro e desperdiça argumento não sabendo trabalhar reviravolta
Kaylie (Brooke Anne Smith) é uma
jovem que como tantas outras adolescentes americanas vai passar a noite do Dias
das Bruxas trabalhando como babá. O serviço que parecia tranquilo acaba se
tornando um pesadelo quando a casa dos seus patrões é invadida por um assassino
mascarado. Seria Noite das Bruxas Macabra uma
cópia descarada do clássico Halloween - A
Noite do Terror? Bem, a julgar pela produção modesta e duração enxuta
poderíamos dizer que seria o primo pobre do longa setentista, porém, na metade
da história temos uma significativa quebra de expectativas, mas o que também
não quer dizer necessariamente que seja um ponto positivo. No primeiro ato, o
filme parece seguir à risca a cartilha dos slashers movies. Kaylie é uma
adolescente deslocada, do tipo que destila um humor ferino e tem uma visão um
tanto distorcida da realidade, o que contribui para não ser muito popular no
colégio, completamente o oposto de Daphne (Nikki Limo), sua melhor amiga que
inventa estar com gripe para deixar de atender o pedido da família Payton para
cuidar de um bebê e assim poder sair para badalar na noite de doces ou
travessuras. Kaylie cai na mentira e aceita a tarefa em seu lugar, afinal nada
melhor que ganhar uma graninha extra e ainda usufruir um pouco do conforto da
casa de uns ricaços, mas é avisada pelo Sr. Miles (Malcolm McDowell), um
misterioso e idoso vizinho, sobre os perigos que o Halloween pode oferecer e a
recomenda não abrir a porta para nenhum estranho. A jovem imediatamente rejeita
o conselho, pois sua noite já começa mal com as tradicionais importunações de
adolescentes que aproveitam a data para fazer brincadeiras incômodas, motivo
pelo qual a jovem não percebe em um primeiro momento estar sendo observado por
um mascarado que não tarda a invadir a residência. Como o velho senhor lhe
avisara, muita gente só quer se divertir no Dia das Bruxas, mas não faltam
oportunistas para espalhar o mal. Coincidência ou não, esse era o mesmo
discurso do personagem de McDowell em Halloween
- O Início, remake do filme citado no início do texto que tem como
representação da maldade em seu estado mais puro o assassino Michael Myers. Já
no filme em questão, o serial killer passa longe de amedrontador.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
O PESO DA ÁGUA
NOTA 3,0 Suspense tenta estabelecer conexões entre duas histórias, mas nenhuma delas cativa, sendo válido apenas o capricho técnico |
Um título enigmático, um elenco
de peso e uma arte publicitária que pouco revela sobre a obra. Esses são
elementos que teoricamente unidos podiam fazer um filme de suspense fazer
sucesso, mais ou menos a mesma fórmula que alavancou a carreira do diretor M.
Night Shyamalan em seus primeiros longas hollywoodianos. Contudo, a receita
ainda tem outros ingredientes que em abundância ou em pequenas doses podem
comprometer o resultado final, isso sem falar no tempo de espera para sair do
forno. A metáfora com a preparação de um bolo, por exemplo, ajuda a justificar
o fracasso de O Peso da Água, suspense com todos os elementos citados na
primeira frase do texto, mas com excessos, falhas e que foi lançado já cercado
de suspeitas de que seria um tremendo imbróglio devido a demora. Tendo estreado
no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2000, evento que já é
considerado como uma vitrine dos filmes que irão bombar na alta temporada de
premiações, estranhamente o longa só foi lançado em circuito comercial nos EUA
cerca de dois anos depois. Provavelmente a obra foi mal recebida no festival e
os produtores resolveram “consertá-la”.
Será que ela era pior do que a versão definitiva que chegou ao público?
Difícil imaginar, mas tudo é possível. Baseado no romance homônimo de Anita
Shreve, a trama conta paralelamente duas histórias com pontos em comum, ambas
acontecem em um mesmo local e envolvem um turbilhão de sentimentos, mas um
século as separa, porém, o passar dos anos provam que ciúme e paixão são
atemporais, ou deveriam ser, ligações que este suspense jamais atinge com
perfeição. As Ilhas Shoah, no litoral do Estado de New Hampshire, serviram de
cenários para uma triste história em meados do ano de 1873. Duas mulheres de
uma mesma família, Karen (Karin Cartlidge) e Anethe (Vinessa Shaw), foram
assassinadas e seus corpos possuíam marcas de golpes brutais feitos a
machadadas. Louis Wagner (Ciarán Hinds) torna-se o principal suspeito, pois
poucos dias antes havia se hospedado na casa das jovens e foi expulso acusado
de roubo. Maren Hontvedt (Sarah Poley), irmã de uma das vítimas e cunhada da
outra, também deveria ter sido assassinada, mas conseguiu fugir e seu
testemunho é definitivo para que o citado homem seja condenado pelos crimes e
vá para a forca. Logo no início sabemos que Wagner realmente morreu como um
criminoso, mas seria ele mesmo o culpado?
domingo, 23 de outubro de 2016
AMOR POR ACIDENTE (2010)
Nota 5,0 Longa repete todos os clichês possíveis de dramas leves e comédias românticas
Há alguns anos produções rotuladas como evangélicas, mas
cujos conteúdos e mensagens podem e devem ser apreciados por todos independente
da religião, começaram a se popularizar fazendo com que grandes distribuidoras
investissem na importação de produtos do tipo e até empresas especializadas
nessa filmografia surgiram para abastecer o mercado de vídeo doméstico. A
partir de 2012, uma nova onda tomou de assalto as locadoras com títulos que se
orgulham de trazer um símbolo que representa os títulos recomendados para toda
a família, uma exclusividade que a Focus Filmes traz para o Brasil em parceria
com produtoras internacionais que estão investindo pesado neste filão. A
essência destes produtos é a mesma que rege o mercado de vídeo evangélico,
histórias bonitas de amor e dramas leves envolvendo problemas familiares e do
cotidiano que agradam a todas as idades, excluindo qualquer traço ofensivo,
porém, não envolvendo necessariamente conceitos religiosos explícitos. Amor por
Acidente é um dos exemplos desta seara que tende a conquistar a atenção do
público mais sentimentalista com títulos açucarados e artes das capas dos DVD
que investem em beleza visual e tons pastéis. A história criada por Charles T.
Daniels e Peter Facinelli gira em torno de dois jovens que se conhecem através
de um acidente de trânsito e para variar a convivência inicial é das piores já
que os dois são um tanto orgulhosos. Eddie Avelon (Ethan Erickson) é um ator
frustrado por não ter seu rosto reconhecido nas ruas, afinal ele está sempre
coberto pelo pesado e quente figurino do coelho Mulligan, personagem de um
popular programa infantil. Annie
Benchley (Jennie Garth) é uma jovem viúva que trabalha como garçonete em uma
lanchonete. Após o acidente, eles passam a se esbarrar eventualmente e sempre
trocam farpas já que a moça não se conforma que o rapaz praticamente ignorou o
acontecido, embora ninguém tenha se ferido. O ponto de equilíbrio entre eles
atende pelo nome de Taylor (Dannika Northcott), filha de Annie, uma garotinha
de apenas seis anos de idade que é fã incondicional do coelho Mulligan.
sábado, 22 de outubro de 2016
CAÇADORES DE TRÓIA
Nota 6,0 Produção alemã tem clima de aventura dos anos 60 e explora lenda estrangeira
Em 2007 o cineasta Julio Bressane ousou ter a ideia de fazer uma versão
da história de Cleópatra filmada em solo e com elenco brasileiro.
Preconceituosos como somos, obviamente o longa teve uma passagem relâmpago
pelos cinemas e hoje desfruta do pleno ostracismo. Por que isso? Na escola é
costume aprendermos um pouco sobre a cultura de boa parte dos países que
ajudaram a construir a história e a linha evolutiva das civilizações, portanto,
não há nada de errado em um diretor brasileiro ter a ousadia de filmar sua visão
sobre algum mito característico de outra nação, mas infelizmente nos
acostumamos que é a turma norte-americana que pode usar e abusar de temáticas
alheias, isso porque nas aulas de História por lá o patriotismo é exagerado e
parece que só existe os EUA no mundo. Por causa desse conceito errado bons
trabalhos acabam passando em brancas nuvens como é o caso da aventura Caçadores
de Tróia, produção da Alemanha caprichada em termos visuais que aborda
um mito da cultura grega. Na trama roteirizada por Don Bohlinger, Heinrich
Schliemann (Heino Ferch) desde a infância tem seus sonhos povoados por
aventuras passadas na cidade de Tróia e não por acaso quando adulto ele se
tornou um especialista em antiguidades. Em Berlim, em 1868, durante uma
conferência ele é achincalhado pelos colegas por causa de suas teorias de que a
mítica cidade grega realmente existiu e poderia ser encontrada. Como um homem
de posses, Heinrich resolve jogar tudo para o alto e se aventurar numa
expedição, mas apaixonado pela cultura grega ele tem o excêntrico desejo de se
casar com uma legítima mulher desta nacionalidade para ostentar como um troféu
quando encontrasse seu tesouro e triunfasse sobre aqueles que um dia o
humilharam. Assim ele consegue um casamento arranjado com a jovem Sophia (Mélanie
Doutey), cujos pais estão de olho no que podem lucrar com essa união. O
problema é que a moça namora escondido um rapaz de idade compatível e tão pobre
quanto ela, o que faz com que ela trate com rispidez e rebeldia seu noivo.
Todavia a união acontece e ambos partem juntos rumo a expedição.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
ESPELHOS DO MEDO 2
NOTA 2,0
Apenas a ideia básica do longa original é resgatada nesta sequência fraca e desnecessária cuja trama tem pegada policial |
Continuações de filmes de terror já são previstas quando um novo produto
do gênero é lançado e ele nem precisa fazer sucesso para dar criar. Contudo, é
de praxe ficarmos com o pé atrás quanto a qualidade dessas sequências, ainda
mais quando nem mesmo o protagonista do original aparece para uma ponta,
portanto, não há muito o que se esperar de Espelhos do Medo 2,
suposta continuação da fita de horror estrelada por Kiefer Sutherland em 2008
que apesar das boas intenções já era uma obra irregular. Esta segunda parte
tenta seguir a mesma linha de raciocínio da anterior, mas sua narrativa já
começa mal perdendo seu protagonista. Agora quem encabeça o elenco é o jovem
Nich Stahl interpretando um personagem perturbado, praticamente um item
indispensável nas fitas de terror. Max Matheson sofreu um acidente de carro no
qual sua noiva veio a falecer e ele se sente culpado. Após um período de
depressão e de se entregar ao vício das drogas e bebidas, inlcusive chegando a
tentar suicídio, o rapaz tem a chance de recomeçar sua vida trabalhando com seu
pai, Jack (William Katt), que lhe oferece o emprego de vigia na nova loja
MayFlower, a mesma que há alguns anos foi o cenário de trágicos acidentes após
ter passado por um incêndio. Enquanto não inaugura, o rapaz será encarregado de
vgiar o espaço para evitar assaltos e depredações. Para manter-se ocupado e
tentar abandonar os vícios, Max aceita o cargo, mas nem imagina a história de
arrepiar que está prestes a vivenciar. Como herança da antiga loja, um grande espelho
em perfeito estado foi recuperado do prédio que foi incendiado, item neceessário
para fazer as ligações entre as duas obras. Logo na primeira noite de trabalho
o jovem começa a perceber imagens estranhas nos espelhos, como a visão de uma
mulher refletida, porém, ela nunca está presente nos ambientes. Depois ele passa
a enxergar a imagem de seus colegas de trabalho também, mas em situações em que
provocam a própria morte. Já fica subentendido que cada uma dessas pessoas irá
morrer em breve e tal qual da maneira que o espelho apresentou. Mesmo tentando
socorrê-los, Max sempre chega tarde demais aos lugares das visões e sabe que a
qualquer momento pode ser a próxima vítima. Agora ele precisa descobrir o
mistério da tal garota para terminar com a onda de mortes inexplicáveis e
proteger a sua própria vida.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
ESPELHOS DO MEDO
NOTA 6,0 Refilmagem de terror asiático tem boa premissa, mas peca por sustos manjados e má exploração do excelente cenário |
O início da primeira década do século 21 foi marcada pela invasão dos
terrores e suspenses orientais pelo mundo todo. Primeiro foi Hollywood que foi
buscar inspiração no Oriente e acabou optando pelas refilmagens de sucessos de
lá. Logo cineastas de olhinhos puxados foram importados para terras americanas
e não demorou muito para as próprias produções originais asiáticas encontrarem
espaço no Ocidente, mais especificamente no mercado de vídeo. Resultado:
saturação do estilo. Assim não é de se espantar o fraco desempenho em
bilheterias e de repercussão de Espelhos do Medo, refilmagem
do terror sul-coreano Espelho. Apesar das críticas negativas
que recebe honestamente esta produção não é de todo ruim e consegue ser mais
palatável que sua versão oriental. A
trama gira em torno de Ben Carson (Kiefer Sutherland), um ex-detetive
que foi suspenso do Departamento de Polícia de Nova York há cerca de um ano por
uma ação desastrosa que comandou e culminou na morte de um colega de trabalho.
O caso fez com que ele se tornasse alcoólatra e dependente de remédios, o que o
afastou também de sua família. Tentando retomar sua vida, ele aceita o emprego
de vigia noturno das ruínas de uma loja de departamentos depois que o outro
funcionário se suicidou. O local sofreu com um incêndio há alguns anos, mas o
que sobrou precisa ser mantido intacto por razões de resgate de seguros e
brigas judiciais. Sem eletricidade e silêncio amedrontador, o espaço é perfeito
para qualquer um deixar sua imaginação criar imagens e sons assustadores, mas
certa noite, enquanto patrulha o local, Carson se assusta com algo inusitado e
que sabe que não é fruto de sua mente perturbada. Mesmo após o incêndio, os
espelhos da loja continuam intactos e parecem refletir imagens horripilantes de
acontecimentos do passado e manipular a realidade. As coisas complicam quando
eventos inexplicáveis passam a ocorrer com pessoas próximas a ele, como sua
irmã Angela (Amy Smart). Assim, o seu lado de detetive fala mais alto e ele
busca respostas para os estranhos episódios que passam a assombrar sua vida e para
proteger sua ex-mulher, Amy (Paula Patton), e os filhos, Michael (Cameron
Boyce) e Daisy (Erica Gluck).
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
ALPHA DOG
NOTA 6,0 Não era a intenção, mas trajetória de jovem e bem nascido traficante soa como uma apologia às drogas e aos crimes, um perigo para mentes fracas |
Assinar:
Postagens (Atom)