NOTA 3,0 Comédia romântica italiana oferece três histórias que pouco refletem a essência do título nacional, além de usar Robert De Niro como chamariz |
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
AS IDADES DO AMOR
sábado, 13 de janeiro de 2018
CICATRIZES DA GUERRA
Nota 5,5 Mais um drama sobre traumas da guerra do Vietnã, mais um filme razoável e esquecível
Morrer em combate numa guerra ou sobrevivê-la e carregar o fardo das memórias tristes do período, o que é pior? Muitos filmes abordam a temática sobre como as imagens torturantes de conflitos influenciam negativa e decisivamente na vida daqueles que escapam da morte nos campos de batalha. Cicatrizes da Guerra é mais um drama a somar nesta lista e assim como tantos outros é apenas mais uma produção repleta de boas intenções, mas cujo resultado é no máximo regular. Com direção de Gabrielle Savage Dockterman, que também assina o roteiro em parceria com Ken Miller, o filme tem como protagonista Jake Neeley (Danny Glover) um veterano da Guerra do Vietnã que vive atormentado pelas lembranças de um passado nada honroso quando comandava uma equipe de soldados que eram obrigados a exterminar famílias inteiras, inclusive crianças inocentes pelo simples fato de serem vietnamitas. Abandonado pela esposa que provavelmente não aguentou seus dilemas morais, o ex-tenente vive recluso em uma casa no meio do mato tendo como companhia apenas os animais que cria. Avesso ao contato com pessoas, somente com Kate (Linda Hamilton), a dona de um mercadinho na cidade mais próxima, ele parece gostar de conversar, até porque aparentemente tem uma quedinha por ela, mas seu jeito turrão de ser impede que o relacionamento avance. Contudo, ele será obrigado a olhar a vida com um olhar mais brando quando recebe a inesperada visita de Henry Hocknell (David Strathairn), um dos soldados que ele comandou no Vietnã e que apesar dos horrores que vivenciou acabou voltando tempos depois ao país para reatar os laços com uma paixão dos tempos da juventude. Da união nasceu a esperta e carismática Ling Ing ou simplesmente Lenny (Zoë Welzenbaum) que já é órfã de mãe, mas corre o risco de em pouco tempo também perder seu pai por conta de um câncer. Na manhã seguinte a visita, simplesmente o ex-soldado some sem deixar vestígios e sua filha fica aos cuidados de Neeley que com razão se irrita com a responsabilidade que caiu em suas mãos de uma hora para a outra.
domingo, 7 de janeiro de 2018
O PEQUENO VAMPIRO
Nota 7,0 Longa conquista crianças e adultos com trama divertida, ligeira e nostálgica
Grandes ideias podem surgir
inesperadamente e geralmente impulsionadas por algum tipo de necessidade. Foi
isso que aconteceu com Angela Sommer-Bodenburg que de uma simples professora
passou a ser uma escritora de sucesso. Ao perceber a carência do setor
literário europeu para atender as expectativas do público infanto-juvenil local
(certamente bem antes de Harry Potter, as aventuras nas terras de Nárnia e
companhia bela caírem no gosto universal), ela mesma decidiu escrever histórias
que incentivassem seus alunos ao hábito da leitura. O filme O
Pequeno Vampiro é inspirado em
seu livro homônimo, um sucesso editorial que gerou pelo menos mais quinze
outras obras literárias narrando as aventuras do protagonista de dentinhos
afiados e traduzida para mais de vinte idiomas. Um sucesso desse porte não
seria ignorado pelos ianques e logo profissionais de Hollywood se aliaram a
produtores alemães e holandeses para adaptar a obra para as telas. Com roteiro
de Larry Wilson e Karey Kirkpatrick, este também responsável pelo argumento de A Fuga das Galinhas lançado pouco tempo
antes, o longa nos apresenta ao pequeno Tony (Jonathan Lipnicki), um garoto que
todas as noites tem estranhos sonhos com um clã de vampiros, nada mais natural
já que ele vive em um gigantesco e antigo casarão na Escócia onde circulam
lendas de que no passado a região era berço das criaturas sanguinárias.
Recém-chegado da Califórnia, ele está tendo dificuldades para se adaptar à nova
vida e constantemente é humilhado na escola, mas ganhará um improvável amigo.
Brincando em seu quarto, certa noite ele chama a atenção do jovem vampiro
Rudolph (Rollo Weeks) que o confunde com um de sua espécie. Desfeito o mal
entendido, eles acabam fazendo amizade e não demora muito para Tony conhecer a
família do amigo e o drama que vivem. Contrariando expectativas, as temidas
criaturas da noite revelam-se não ser cruéis como nas histórias de terror.
Frederick (Richard E. Grant) e Freda (Alice Krige), os pais de Rudolph, são
evoluídos e querem deixar de lado a imagem ruim que os vampiros têm. A dieta a
base de sangue humano é trocada por mordidas nos pescoços de bovinos, mas isso
ainda é muito pouco para eles viverem com liberdade entre os humanos.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
OS BOXTROLLS
NOTA 7,0 Visualmente belo e criativo, com ótima mistura de técnicas de animação contemporâneas e antigas, longa peca por roteiro maçante e adulto demais |
Quem disse que animação infantil
precisa ser super colorida? Bem, se é a gurizada que a produtora Laika
Entertainment pretende realmente conquistar é melhor ela rever os seus
conceitos. Estúdio responsável por Coraline
e o Mundo Secreto e Paranorman,
apesar do currículo enxuto, já tem suas características bem definidas. Opção
por histórias mais sombrias, cores escuras, personagens bizarros e animação em
stop motion já são marcas registradas da empresa que as reforça no longa Os Boxtrolls, mais uma tentativa dela se
firmar entre os gigantes do segmento em Hollywood. Com o estilo peculiar de
suas obras o estúdio tem conseguido chamar a atenção da crítica visto que seus
três primeiros lançamentos, incluindo o filme em questão, foram todos indicados
ao Oscar da categoria, mas ainda tem dificuldades para encontrar seu público
patinando nas bilheterias e agradando mais aos adultos que as crianças. Há
justificativas. As temáticas abordadas fogem um pouco dos assuntos comuns ao
universo infantil, ou melhor, eles até fazem parte, mas preferimos preservar os
menores de certas discussões infelizmente necessárias. A falta de colorido e
ritmo lento também não ajudam a atrair a atenção de quem se acostumou às altas
doses de adrenalina e explosão de cores das criações da Pixar ou Dreamworks. Os
roteiristas Irena Brignull e Adam Pava transpõe para a tela parte do universo
imaginado pelo escritor Alan Snow para as mais de 500 páginas que compõe sua
obra intitulada "A Gente é Montro!" que começa relatando o sumiço do
bebê Trubshaw, fato que muda para sempre os rumos da cidade de Pontequeijo. Nos
esgotos vivem os tais boxtrolls, simpáticos monstrinhos que vivem de revirar o
lixo dos humanos somente a noite e se vestem com caixotes de mercados, assim adotando
como seus nomes próprios as palavras escritas em suas respectivas embalagens.
Assim não é para se estranhar que a tal criança desaparecida receba a alcunha
de Ovo dada por Peixe, o boxtroll que o encontra em meio a sucata e o adota
como filho. O garoto cresceu orgulhoso de ser um membro da espécie e nunca
questionou ser diferente fisicamente dos demais.
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO (1999)
NOTA 7,5 Visualmente belo e com elenco afiado, adaptação de obra clássica derrapa ao ser fiel demais ao texto original, mantendo o tom rebuscado |
William Shakespeare escreveu suas obras para o teatro
visando um entretenimento de aura única. Cada vez que alguém assistisse uma
peça sua viveria uma emoção diferente dependendo de seu estado de espírito,
quem estivesse na plateia e até mesmo o envolvimento do elenco com o trabalho
no dia. Já o cinema tratou de massificar suas obras, ou seja, levá-las a uma
quantidade de público muito maior e que teoricamente dividiria as mesmas
percepções inúmeras vezes, afinal o conteúdo estaria registrado em uma versão
única. Bobagem! Embora estudiosos de artes e filosofias afirmem que a
massificação da cultura padroniza emoções e tira o brilho dos trabalhos, a
verdade é que um filme pode sim gerar diversas interpretações e sensações mesmo
sendo para todos os efeitos um registro intocável. Por exemplo, como teria sido
a adaptação de Sonho de Uma Noite de Verão lançada em 1999 caso o projeto
estivesse nas mãos do cineasta Kenneth Branagh, especialista no universo
shakespeariano? A julgar por suas elogiadas versões de Hamlet e Muito Barulho
Por Nada talvez o projeto tivesse conquistado seus objetivos de encantar
crítica e público, mas o diretor e roteirista Michael Hoffman infelizmente não
obteve sucesso talvez pelo medo de desrespeitar o legado do mestre literário e
se ater a simplesmente fazer um teatro filmado, mas com apuro técnico e visual
invejáveis. O roteiro traz três histórias diferentes que se cruzam. A primeira
é protagonizada por Hermia (Anna Friel), filha de nobres que foi prometida para
Demetrius (Christian Bale), mas ela está apaixonada por Lisandro (Dominic West),
rapaz reprovado pelo pai dela, Teseu (David Strathairn). Para viverem o amor
proibido, os jovens planejam fugir com a ajuda de Helena (Calista Flockhart), a
melhor amiga da jovem. A moça é justamente apaixonada pelo pretendente rejeitado,
porém, o rapaz não dá a menor bola para as suas insistentes declarações de
amor. Por uma confusão, o quarteto vai parar na floresta onde a segunda trama se
desenvolve mostrando um grupo de trabalhadores que está em meio aos ensaios de
uma peça teatral liderados pelo tecelão Nick Bottom (Kevin Kline).
segunda-feira, 1 de janeiro de 2018
SHAKESPEARE APAIXONADO
NOTA 9,0 Mesclando ficção e fatos reais, longa preenche todos os requisitos de um grande clássico e surpreende com uma bem humorada homenagem |
William Shakespeare é sem dúvidas
o autor mais analisado e discutido de toda a História, assim como também suas
obras são recordistas em adaptações ou como inspiração para filmes, peças de
teatro, novelas, livros e uma infinidade de outros produtos culturais. Todo seu
histórico profissional já foi exaustivamente dissecado, mas curiosamente sua
vida pessoal continua envolta a especulações. Historiadores há muito tempo
desistiram de procurar pistas para montar o quebra-cabeças da intimidade do
escritor, assim o que sabemos não passam de suposições que alimentam a aura de
mistério em torno de seu nome. Há quem chegue a afirmar que ele não teria
escrito nenhum livro, apenas assumia a autoria de manuscritos de um nobre que
preferia ficar incógnito. De todas as fases de sua vida, a que é mais intrigante
compreende o período de 1585, quando deixou sua residência em
Stratford-upon-avon, e 1592 quando ressurgiu em Londres escrevendo peças para
companhias teatrais. Durante esses anos que sumiu do mapa ninguém sabe ao certo
o que lhe aconteceu, afinal na época ele ainda não era famoso. Como figura
célebre que se tornou, era questão de tempo para que o dramaturgo ocupasse a
posição de personagem, contudo o primeiro filme a tentar tal ousadia
surpreendentemente não é uma cinebiografia, muito menos um projeto lacrimoso. Shakespeare Apaixonado é uma divertida e
criativa imersão na fantasia de preencher as citadas lacunas de sua trajetória
que precederam sua consagração. À primeira vista, é a parte técnica que chama a
atenção com uma caprichada reconstituição de época, figurinos deslumbrantes,
trilha sonora deliciosa, fotografia que faz cada take parecer uma bela pintura
entre tantos outros predicados, porém, a obra tem muito mais a oferecer com seu
refinado texto repleto de referências às obras do autor, mas nada que impeça um
leigo no assunto de se emocionar e se divertir. O roteiro de Marc Norman e Tom
Stoppard apresenta o homenageado como um jovem escritor desprovido de recursos
financeiros, mas dotado de muitas ambições e espírito inventivo. Com seu charme
e beleza (embora os estudos indiquem que o autor espantava por sua feiúra), o
papel caiu nas mãos de Joseph Fiennes, que adota um estilo a la Don Juan para
humanizar o personagem que passa noitadas enfornado em tavernas bebendo todas e
cortejando mulheres. Há justificativas. Com poucas virtudes e muitos desvios de
caráter, o rapaz também está passando por um período de bloqueio criativo.
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